sexta-feira, setembro 30, 2005

E se acabassem com a pobreza?

Já agora com a de espírito também...
O republicano William Bennett, apoiante de Reagan e Bush, defendeu que se todas as mulheres americanas negras abortassem, o crime diminuiria.

O eclipse

Comprei a Visão e lá vinham os óculos para ver o eclipse.
Diz Gonçalo M. Tavares:
“O senhor Henri olhava para o eclipse anunciado que ainda não começara.
Se os astros se atrasam, o que fará o resto-disse o senhor Henri.
O senhor Henri tinha trazido uns binóculos enormes.
…se os meus binóculos tivessem o cumprimento que vai da terra ao sol, aí sim, eu veria as coisas mais próximas- disse o senhor Henri.
…em chinês existe uma única palavra para o eclipse e é para comer. O eclipse é uma coisa escura que come um astro.
…é uma bela imagem.
O senhor Henri, entretanto, pousou os binóculos e tirou da sua mochila uma garrafa de absinto.
Depois de beber umas boas goladas o senhor Henri disse: que belo eclipse! E bebeu mais umas goladas.
Deitado no chão à espera que algo acontecesse no céu o senhor Henri acabou por fechar os olhos e adormecer.
Quando acabou pegou na sua mochila e na sua garrafa de absinto e retirou-se.
Tive um eclipse privado, disse o senhor Henri para si próprio, satisfeitíssimo com os astros que conseguira ver no seu céu particular.
Um eclipse que depende só de mim, eis o que trago nesta garrafa-disse o senhor Henri.”
(2003, Ed. Caminho, p.31)

Refém da Direita

O que fará Alegre? Se consentir no amparo cínico da direita e não a criticar, lá se vai o cognome de poeta revolucionário. Se vier a combater a direita, esta será a primeira a fazê-lo em picadinho.

Solidariedade selectiva

Há solidariedade com as vítimas dos tsunamis e dos furacões. Depois também somos todos nova-iorquinos, madrilenos e londrinos. E africano? Quem é?

Um incêndio sem época

«A mãe Edina e os seus cinco filhos-Carlitos,Euclides, Lizandra,Susana e Jenise-morreram ontem consumidos pelo fogo encurralados numa barraca no Fim do Mundo.Um bairro antigo no concelho de Cascais tão perto e tão longe do nosso princípio do mundo.»
Assim começa o editorial de António José Teixeira hoje no DN. Imagens para quê?

O candidato que a direita teme II

Volto a encontrar Mário Mesquita-que criou o paradigma da imprensa livre e responsável depois do 25 de Abril na direcção do Diário de Notícias- nos grandes combates políticos do nosso tempo.O convite que Mário Soares lhe dirigiu para fazer parte da sua comissão política de candidatura,e a respectiva aceitação,revela que os espíritos mais alertados sabem que se jogará muito do nosso próximo futuro nas eleições presidenciais.

O candidato que a direita teme

As reacções às diferentes sondagens ,paineis e barómetros, permitem uma ilação muito mais clara do que os resultados desses exercícios:a direita só teme a candidatura de Mário Soares.Porque será?

quinta-feira, setembro 29, 2005

Antonio Tabucchi responde a Pacheco Pereira

No DN de hoje:
“De entre as várias motivações (a meu ver todas elas pitorescas, nenhuma realmente política) pelas quais, segundo o dr. Pacheco Pereira, o eleitor português deveria preferir Cavaco Silva a Mário Soares ("Vamos escolher o 'fixe' ou o 'confiável'", Público, 22 de Setembro) gostaria de destacar a seguinte: “Mas atenção, (…) há aqui uma clara divisão social, uma diferença de meios, de vida, e também de tempo, de idade. Cavaco nasceu em Boliqueime entre o pobre e o remediado, e Soares em Lisboa e nasceu rico. (…) Mário Soares nasceu numa família urbana, mais do que remediada, liberal, cultivada, e estudou no colégio de seu pai, homem republicano e progressista. Teve sorte. Só que depois, lutando contra a ditadura, acabou numa prisão em S. Tomé e no exílio já não teve tanta sorte. Mais tarde, nos anos da pós-revolução de Abril, teve os seus problemas para conseguir, juntamente com outros, que Portugal não fosse uma imitação de Cuba, mas sim uma democracia parlamentar.Entre Mário Soares e Cavaco Silva há uma diferença de idade, sem dúvida. Mas um homem que vai a caminho dos 70, como Cavaco Silva, quando havia o salazarismo já era bastante crescido. Será que, estudante de economia em Inglaterra, não se apercebeu que em Portugal havia uma ditadura? E será que não se apercebeu disso por ter nascido "entre o pobre e o remediado" em Boliqueime? Conheço portugueses da idade dele que nasceram pobres, muito pobres, e que conseguiram estudar no estrangeiro, mas com a consciência do País de onde vinham. (…) Faltava-lhe pois o que se chama "consciência política". O que, para um político, é uma falta grave. E quem não a teve aos 20/30 anos, quando o seu país precisava dela, não sei se a poderá ter em idade mais que madura, quando o seu país já a tem, porque alguém se bateu para lha conquistar e continua a bater-se contra qualquer ameaça que a possa desfalcar.”
Fica o destaque. Mas vale a pena ler toda a crónica: “Quem testemunha pela testemunha?”.

Tentáculos

A propósito da renúncia de Artur Portela do seu cargo na Alta Autoridade para a Comunicação Social (que goza hoje de um espaço ridículo na imprensa) e que, de acordo com o diploma aprovado ontem, deverá ser substituída pela nova Entidade Reguladora da Comunicação Social a partir de Novembro, vale a pena lembrar que esta é um monstro centralizador perigoso. Não apenas tem poderes de fiscalização e regulação de todos os órgãos de imprensa, rádio e TV, como tem mesmo traços de censura. Propõem-se coisas como fiscalizar o rigor informativo, dar pareceres vinculativos sobre nomeação de directores dos órgãos públicos, e adoptar directivas para fixar padrões de boa conduta. O Conselho Regulador, eleito pelo parlamento, transforma-se num junta do PS e do PSD.
Uma clara partidarização e instrumentalização. Em suma, um atentado à liberdade de expressão.

A Excepção Damasceno

Isabel Damasceno, arguida no processo Apito Dourado, agora faz campanha autárquica utilizando material de propaganda de 2002 de Durão Barroso. Damasceno já tinha escapado à suposta ética de Marques Mendes. Agora é apoiada pela Comissão Europeia?

Farpas Verdes

O Governo socialista deveria «agradecer» ao ano 2003 por ter sido tão catástrófico, porque se assim não tivesse sido, este ano de 2005 teria sido um inferno indescritível. Digo isto porque, analisando o padrão de área ardida em termos regionais e históricos, o interior do país apenas não ardeu tanto porque a maioria da «área incendiável» (aliás, proponho que se mude para esta terminologia aquilo que, geralmente, é denominada «área florestal») já ardeu há dois anos e, portanto, «safou-se» este ano.De facto, basta fazer algumas comparações interessentes, para retirar algumas conclusões pertintentes:
a) Este ano de 2005 registou mais incêndios superiores a 100 hectares do que em 2003 (273 contra 175).
Desagregando: na classe de incêndios com uma área ardida entre 100 e 500 hectares, 2005 também ultrapassa 2003 (181 contra 90). Na classe 500-1000 hectares idem (44 contra 31).
Na classe 1000-5000 equivalem-se (ambos com 39). E apenas nos incêndios de grandesssíssimas dimensões - mais de 5000 hectares - o ano 2003 (com 15 incêndios) é pior do que 2005 (com 9 incêndios).
Ora, mas é aqui que se mostram as diferenças que justificam a «sorte» do Governo. Em 2003, as regiões mais afectadas por incêndios de grandessíssimas dimensões concentraram-se sobretudo no interior do país, a saber por distritos:
Castelo Branco - 5
Portalegre - 5
Faro - 3
Santarém - 2
No total, estes 15 incêndios dizimaram 254.839 hectares (60,2%).Este ano, porém, os 9 incêndios superiores a 5000 hectares «desviaram-se» sobretudo para o litoral, saber por distritos:
Leiria - 2
Coimbra - 2
Viana do Castelo - 1
Aveiro - 1
Santarém - 1
Vila Real - 1
Guarda - 1
No total, estes incêndios dizimaram 88.865 hectares (31,0%).Convém também salientar que os distritos do litoral a norte de Lisboa foram, este ano, particularmente fustigados comparativamente aos anos anteriores. E foi mesmo a excepção à regra de um aparente paradoxo que mostrava que onde há mais incêndios há menos área ardida. Com efeito, este ano ardeu mais onde houve mais incêndios. Basta reparara que, entre 1980 e 2004, a média anual de área ardida dos seis distritos do litoral a norte de Lisboa (Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e Leiria) atingia, no total, 51.376 hectares. Isto representava 27,7% do total nacional da área ardida. Porém, este ano de 2005, nestes seis distritos ardeu 156.308 hectares, o que representa 54,6% do total nacional.A questão que estes dados mostram é muito simples: o interior do país foi «poupado» apenas porque a «área incendiável» nestas regiões diminuiu bastante em 2003.
Pedro Almeida Vieira no Estrago da Nação.

O Pacto Mentiroso

O Eurostat põe em causa as contas públicas nacionais do ano de 2004, assim como as de outros países.No caso português estarão em dúvida algumas operações contabilísticas de Manuela Ferreira Leite, nomeadamente as transferências de despesa para as autarquias e para os «hospitais sa».
Não me surpreende a revisão de contas.O Pacto de Estabilidade tornou-se um artifício desacreditado pelo falso rigor com que foi imposto aos Estados nacionais ,quando os seus critérios, a fazerem sentido,só têm repercussões na saúde da moeda comum se agregados como resultado da média geral dos orçamentos de todos os países membros.Conscientes disso todos mentem em Bruxelas com os números que apresentam. e a Comissão avalisa tecnicamente. tendo em conta critérios políticos de circunstância.O excesso de zelo que Helena Garrido denuncia no DN de 3 feira,começou na elaboração do próprio pacto.Mas a ideologia monetarista prefere enganar-se com os números do que corrigir os termos do convénio.
Por isso um número cada vez maior de países assume que não cumpre os critérios do défice e da dívida pública,sem que isso belisque a solidez do Euro.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Paga o justo pelo pecador

Ontem na SIC Notícias, Jorge Coelho sugeriu que não deveriam ser permitidas candidaturas autárquicas independentes já que a lei que o permite está a ser adulterada, aproveitada por candidatos que já não são apoiados pelos partidos, como é o caso, claro, de Fátimas e Isaltinos. Uma proposta completamente inclassificável, pretendendo a alienação de um direito (e até dever) cívico que deveria, pelo contrário, ser estimulado no âmbito da participação democrática.
É lamentável que Coelho, em vez de atacar a lei, não se interrogue, justamente, sobre a responsabilidade dos partidos na engorda destes “candidatos independentes”. Criaram os monstros e agora querem retirar a possibilidade a todos cidadãos de se candidatarem “sem partidos”?
Hoje no DN José de Matos Correia afirma que esta perversão é sinal de degradação cívica, mas que “uma coisa é assumir que queremos uma democracia com partidos e outra, bem diversa, tudo reduzir a uma democracia de partidos.”

Ganda Lata

De acordo com o Público de hoje (linkador pagador) Avelino Ferreira Torres declarou ontem que "se me entregassem o futebol em Maio, o Amarante no ano seguinte subia". Pois. E logo esclareceu que “Infelizmente, o futebol não se joga só nas quatro linhas, mas também fora. E aí, como toda a gente sabe, estou à vontade". Á vontadinha. Mesmo como arguido no processo Apito Dourado.

O homem que fazia tremer

Manuela Ferreira Leite,cujas contas fazem tremer os contabilistas de bruxelas, afirmou na RR que«de cada vez queo prof. Cavaco Silva aparece numa conferência, num colóquio ,...de cada vez que o prof Cavaco escreve um artigo,o país treme»
Pergunto eu: se Cavaco já faz tremer o país com tão pouco, como será quando quebrar o novo tabú e se declarar candidato presidencial ?O país implode?
Melhore as suas contas Manuela, e não trema quando o prof dá aulas graciosas.

terça-feira, setembro 27, 2005

Para além do pau e da cenoura

A questão do processo negocial entre a Turquia e a UE está outra vez na ordem do dia. Parece que, salvo raras excepções, poucos entendem que estas negociações são fundamentais para consolidar as forças seculares e democráticas no país e constituem-se como a única alternativa para a habitual política do pau (guerra) ou cenoura (dinheiro).

E o fundamental?

Ontem iniciou-se o julgamento de uma rede que operava no interior do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e que permitiu a legalização a centenas de imigrantes. Perante pagamento, eram atribuídas autorizações de permanência, sendo elaborados atestados médicos falsos, contratos de trabalho fictícios, em empresas inexistentes. O julgamento desta rede vai começar, mas para quando o fim da figura da Autorização de Permanência, que faz depender essa mesma autorização de um contrato de trabalho? Deixar nas mãos das empresas este poder de permitir ou a não a legalização, esta regulação do mercado de trabalho xenófoba, que acentua a precariedade não serve a ninguém. Nem aos imigrantes nem aos portugueses.

Tortures américaines

Do editorial do Le Monde de ontem:
"Plus pragmatiquement, l'usage de la torture est une chance en moins, pour Washington, de gagner ses guerres, car pour chaque prisonnier martyrisé, pour chaque image d'Abou Ghraib ou de Guantanamo, dix combattants se lèvent contre les Etats-Unis."

Mais uma dúvida

Se não existisse a expectativa de Sócrates sair mais fragilizado depois destas eleições autárquicas, Cavaco apresentaria a sua candidatura antes?

O exército civil da democracia

Leio estes dados do Secretariado Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral(STAPE) e fico impressionado pela participação cívica que envolve:

Cerca de meio milhão de candidatos às eleições autárquicas para eleger 34.562 membros das assembleias de freguesia, 6.884 das assembleias municipais, 308 presidentes de câmara,e 1.375 vereadores.

Este autêntico exército civil eleito desmente as teses da anemia da participação democrática no nosso país, ao menos ao nível do poder local.E esses mais de 40.000 eleitos são a quadrícula do regime no terreno.

Um regime político democrático com tanta gente envolvida pode sempre regenerar-se.


segunda-feira, setembro 26, 2005

As suas últimas palavras



"No More Games. No More Bombs. No More Walking. No More Fun. No More Swimming. 67. That is 17 years past 50. 17 more than I needed or wanted. Boring. I am always bitchy. No Fun for anybody. 67. You are getting Greedy. Act your old age. Relax this won't hurt."
- Hunter S. Thompson, Jul 1937 - Fev 2005

domingo, setembro 25, 2005

José Luis Nunes

Hoje o Mário Mesquita escreve um notável artigo no Público sobre o José Luis Nunes,nosso amigo e companheiro da luta estudantil contra a ditadura, quando 500 universitários fizeram frente às forças de repressão do regime de Salazar até serem , quase todos, presos e expulsos das universidades .Lembro-me que o José Luis Nunes discutia a estratégia política futura literalmente no meio das cargas da polícia!
De certa maneira o seu percurso político ,assim como a sua morte prematura,simboliza o que a sua geração fez pela democracia em Portugal,com romantismo mesclado de real-politik.Mas o melhor é mesmo ler a crónica do Mário Mesquita.

Hate Mail


Pedro Mexia chama a atenção para o fenómeno contemporâneo do hate mail na crónica desta semana da Grande Reportagem.revista distribuída ao sábado com o Diário e o Jornal de Notícias.Designando a blogosfera como «esse mail a céu aberto», o escritor afirma:
«O hate mail cumpre uma função social importante.Tal como os blogues, os foruns radiofónicos os grafitti e as garatujas em WC, as pessoas têm de descarregar a bílis».
Walter Benjamin tem uma teoria sobre o que acontece quando as pessoas só têm a faculdade de se exprimir.

O teatro com Jorge Silva Melo

É sempre estimulante ler e ver Jorge Silva Melo.Hoje tive dose dupla:primeiro, o artigo no Mil Folhas sobre o empobrecimento silencioso da língua portuguesa; depois, o espectáculo teatral OS ANIMAIS DOMÉSTICOS no Dona Maria.
Jorge Silva Melo é responsável pela produção e consumo das mais vanguardistas experiências teatrais contemporãneas com a sua companhia Artistas Unidos.Desta vez foi uma peça da jovem dramaturga italiana Letizia Russo. Com a linguagem em primeiro plano, e um palco cheio de vida.

O choque eléctrico

Ontem enquanto fazia serão e ronha no sofá folheando o último número da Egoista (edição inteiramente dedicada à publicidade) ia dando uma espreitadela ao "Expresso da Meia-Noite" na Sic Notícias, cujo tema era sobre "o-bicho-papão-da-OPA-Gas-Natural-Endesa" e afins.

A moderar o debate estavam os já conhecidos "cicerones" Nicolau Santos e Ricardo Costa acompanhados por um "task-force" de notáveis nestas matérias de electricidade, competitividade, estratégia e demais substantivos, a saber: o Eng. Mira Amaral (que no meio de tanta teoria à la McKinsey até falou do seu ídolo Jack Welch, ex-CEO da GE), o Eng. José Penedos (cumprimentos à família, Zeca), o Dr. António Borges (sempre nestas andanças, obviamente) e por fim o Dr. António Almeida (de quem me recordo dos tempos de Londres, quando ele organizava os jantares do CPE).

Um dos chamarizes deste debate, foi quando o Dr. António Almeida tentou estabelecer uma indepedência linguística, para "evitar confusões" entre a questão da "dimensão" e da suposta "capacidade competitiva" das empresas portuguesas e espanholas.

Eu penso que existe aqui uma falácia "post-hoc" e pergunto-me: a dimensão de uma empresa é importante, porque é ela que determina a sua eficácia de negócio e a torna ainda mais competitiva face a outros challengers que aspiram a ganhar mais "cabedal"? Ou pelo contrário, é a sua capacidade competitiva e tudo o que isso engloba (gestão eficiente dos seus recursos, capacidade de mudança e resposta a outros players e consumidores) que determina a sua dimensão?

Intelectuais à la carte

A Prospect e a Foreign Policy fizeram uma lista dos 100 maiores "intelectuais públicos", para eleger 5. O critério é qualquer coisa como "alguém reconhecido na sua área e com grande influência fora dela". Pode votar-se aqui ou mesmo sugerir nomes. Como qualquer lista, tem limitações. Esta é ocidental e sobretudo norte-americana. Harvard domina, faltam muitos nomes e as mulheres não existem (sobre isso, a análise de Laura Barton no Guardian é interessante).
Também é difícil compreender o porquê (para além da posição que ocupam) de serem incluídas pessoas como Bento XVI ou Ali al-Sistani.
Seja como for, votei em S. Pinker, R. Rorty, E.O. Wilson, P. Singer e J. Diamond.

E por cá?


Hoje houve manifestações contra a guerra no Iraque. Na Europa e nos EUA.

sábado, setembro 24, 2005

A estranha democracia

do Expresso:

"Em Portugal, como noutros países da Europa, vamos ter de escolher entre a proporcionalidade e a eficácia.
A proporcionalidade é mais democrática mas enfraquece a democracia; a eficácia é menos democrática mas fortalece a democracia."
(Editorial)

Princípio de Outono

Está no São Carlos a Integral das Sinfonias de Beethoven, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa. Começou ontem com a Sinfonia nº1 e com a nº3. Hoje serão a 2 e a 5.
Na sexta feira o São Carlos tinha pouco mais de meia casa e o espetáculo deixou muito a desejar. O maestro era brando, demasiado brando. Se na Sinfonia nº 1 lá foi passando, a 3 foi bastante desastrosa e sem tensão. O oboé desaparecia e a trompa chateava. A orquestra estava quase em auto-gestão...a música parecia outra.
É pena. Com a esplanada a dar vida ao largo, prometendo uma nova relação entre o Teatro e a cidade, e com a nova concha acústica, o Outono poderia ter começado melhor.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Cinco minutos na Sic

Cavaco Silva esteve agora 5 minutos seguidos na Sic a repetir que não era candidato a presidente da República.Viram-se também durante esse tempo todo os sorrisos permanentes e admirativos de Fernando Seara e de Deus Pinheiro.Riam-se de quê? Do absurdo da entrevista ou da monotonia das respostas?

Leitores Preferidos

Todos temos os nossos escritores favoritos.Mas há quem também tenha os seus leitores favoritos.É o meu caso.Hoje quero salientar,para além do Francisco J Viegas,o Francisco Trigo de Abreu que no seu excelente blogue, A Grande Loja dos Trezentos, me recompensa com a sua leitura exigente e amiga.Assim vale a pena blogar, apesar da concentração de comentaristas de extrema-direita que desfigura o universo dos leitores.

Racionalismo "à la carte"

"Duas extravagâncias: excluir a razão, aceitar apenas a razão.”
- Blaise Pascal, Pensees (1670)

Ocorreu-me esta citação de Pascal ao ler as palavras de Martim Avillez Figueiredo nas páginas do Diário Económico:

"Manuel Maria Carrilho não merece conquistar um lugar na Câmara Municipal de Lisboa.

Não é nada contra o filósofo e homem de muitas leituras. É contra o político, esse que, quase 16 anos volvidos sobre a queda do império racionalista, insiste na tese do pensamento único e do autoritarismo intelectual.

Não vale sequer a pena lembrar o debate na SIC Notícias onde o político Carrilho mostrou ao país toda a sua arrogância. O que importa é recordar todos os perigos do racionalismo como forma de pensamento e modo de estar na sociedade.

Para um racionalista, por exemplo, o passado pouco importa. O princípio que subscreve é o de aplicar uma tábua rasa sobre tudo o que conhece. E se o passado é irrelevante, a acumulação de experiências de nada vale para um racionalista quando confrontada com a sua mente brilhante – porque é disso que se trata: qualquer racionalista partilha a convicção de que as ideias que defende são as únicas que merecem ser aplicadas."


PS:: Andará o Martim, a ler Karl Popper recentemente?
PSS:: Quanto a Manuel Carrilho e ainda no rescaldo da esgrima verbal entre o mesmo e Carmona Rodrigues, eu pergunto-lhe Sr. Prof: Nunca leu a cartilha do Sr. Jürgen Habermas e os seus ensinamentos sobre "teoria discursiva"? Olhe que era capaz de o ajudar a tornar-se um melhor democrata e cidadão (o Eng. Carmona também poderia ler, mas esse tem desculpa, não é filósofo de profissão).

Fuga de Fátima Houdini

A juíza considerou que a fuga de Fátima Felgueiras foi aparente.


Segundo o DN:
Não é "Sempre presente" o nome do movimento de apoio à sua candidatura?

Katrina, Rita e a senhora que se segue

Jeremy Rifkin, The Guardian:
A new scientific report out this past week in Science Magazine, a prestigious American journal, gives fresh impetus to the connection between oceans warming as a result of climate change and the increased severity of hurricanes. Scientists report that the number of major - category four and five - hurricanes has nearly doubled in the past 35 years. Tropical storms, say the scientists, draw their energy from warm ocean water. As the global rise in temperature heats the world's oceans, the intensity of hurricanes increases.
Katrina and Rita, then, are not just bad luck, nature's occasional surprises thrust on unsuspecting humanity.

Títulos irónicos II

Turismo acusado de favorecer livraria.

quinta-feira, setembro 22, 2005

De André Gide para Francisco J Viegas

Meu caro Francisco:
Acabo de ler o seu post no blogue A Origem das Espécies e lembrei-me de uma frase de André Gide que explica parte do meu apoio a Mário Soares:
«A verdadeira audácia não é a da juventude mas a da idade derradeira».
Verá que é verdade e vale a pena.

Próxima aula

Farto da Tele Escola, Durão vai encontrar-se com Bush no próximo dia 18 de Outubro, segundo o Expresso On-line.
Na agenda o Médio Oriente, claro.

Porno Terror

Bush prossegue com a sua guerra contra a pornografia, agora destinando um esquadrão especial do FBI para a detecção de material sexual explícito envolvendo adultos e fazendo disso uma prioridade. Espero que os próximos furacões tenham um nome estilo Sexy Cherry ou que membros da Al-Qaeda decidam tomar viagra.

Desblasfemando Quioto

Neste post e neste do Rui Curado da Silva no Klepsýdra.

Fétido

O Público afirma Fátima Felgueiras ameaçou contar alguns factos comprometedores durante o julgamento, que conta como testemunhas com Armando Vara e Narciso Miranda, e que estas “movimentações funcionaram como um alerta, fazendo estremecer a candidatura oficial do PS, mas também alguns responsáveis pelo partido a nível nacional”. Também noticia que Fátima Felgueiras manteve contactos com a cúpula do PS, com a intenção de concertar as condições do regresso a Portugal, a par de algumas garantias recíprocas.
Tudo o resto, desde a forma como regressou e foi detida, fazem parte de uma ultrajante encenação.

Títulos irónicos

Golfe procura estancar desertificação.

A Aparição de Fátima F.

Fátima Felgueiras apareceu em Portugal cheia de força,afinal o supremo critério da luta entre poderes.Embora a questáo do uso e abuso da prisão preventiva só tenha tido direito de cidade entre nós quando atingiu gente da capital.foi Fátima Felgueiras ,com o seu advogado brasileiro,quem bradou primeiro contra o costume judicial.Justiça lhe seja feita(ah, a língua portuguesa!) sempre disse que regressaria a Portugal ,e se sujeitaria ao julgamento em tribunal, se lhe fosse levantada a prisão preventiva.E aqui está ela nos termos que julgou adequados à sua pessoa.É notável como determinação e personalidade.Não se encontra muita gente assim para estabelecer o próprio equílibrio entre a sua pessoa e o Estado.O vulgar é ser-se ou individualista-anarquista, ou estatista-autoritário.
Será candidata autárquica , como outros em semelhante situação judicial.Mesmo que ganhe será julgada.

In the eyes of the beholder.

Fui ontem ver o Red Eye do Wes Craven e não adormeci por causa das pipocas. O Expresso, pela voz de Francisco Ferreira e de Cintra Ferreira classificava o filme com 4 estrelas. O primeiro dizia mesmo, na Actual, que: “Red Eye, grande filme de simulacros, é um série-B virtuoso e cinético. Despe-se aos nosso olhos. E o strip-tease é genial”.
Justiça seja feita às declarações do produtor do filme que o designou de "a nice, tight little thriller."

quarta-feira, setembro 21, 2005

Os próximos incentivos aos militares

Agora que terminou esta batalha campal entre o governo e os militares com perdas para os dois lados fica-se à espera do futuro pacote de medidas de incentivo ao serviço nas Forças Armadas. De facto, não faz sentido toda esta história, quando o País está a dar os primeiros passos na era post S.M.O.Teremos nova legislação daqui a um ano?

Votos de uma noite tranquila

Vejo na tv as imagens do jardim de Vila Franca do Campo onde permanecem as pessoas assustadas com os tremores de terra que se fizeram sentir todo o dia na ilha de S.Miguel.Relembro os meus tempos de criança em que também ia da escola para aquele jardim acompanhado dos professores que nos explicavam o fenómeno. Mas o conceito de «crise sísmica» não dá conta da angústia que as populações sentem nestas alturas.Votos de uma noite calma para os micaelenses.

terça-feira, setembro 20, 2005

A nova confederação germânica

Sem grandes análises repare-se como o norte da Alemanha votou maioritariamente à esquerda e o sul seguiu a democracia-cristã. Esta divisão parece mais acentuada do que a saída da II Guerra Mundial entre o leste e o oeste.Juro que não li isto na imprensa internacional.

Carpinteiros por aí: leitores do DN

sobre "O Dom da Palavra":
(...)O conflito que refere, entre a defesa da liberdade de expressão e conviver democraticamente com opiniões que são adversas aos princípios de tolerância e democracia, é particularmente crítico nos dias que correm, como refere. Eu inclino-me para defender acerrimamente o direito de todos nós podermos exprimir as nossas opiniões, por mais contrárias que sejam às minhas, ou mais importante, por mais contrárias que sejam a uma sociedade justa, tolerante e democrática. Desde que não incitem directamente à violência. No caso particular da manifestação do PNR do passado sábado, existe uma questão adicional. Não se trata apenas de um conjunto disperso de pessoas exprimindo a sua opinião sobre um assunto concreto (ou melhor vários, pois eles misturaram homosexualidade com pedofilia). Existe a questão adicional de existir um partido que é inquestionavelmente de cariz fascista, algo que é claramente proibido no artigo 46 da nossa constituição. A aceitação do PNR como entidade legal é algo que é para mim é inadmissível. A proibição do PNR não retira o direito de cada indíviduo exprimir a sua opinião e inclusivamente se manifestarem conjuntamente. Contudo, existir uma organização, que inclusivamente faz campanhas eleitorais, que claramente "perfilha a ideologia fascista" é inconstitucional. (…)Porque defendo a liberdade de expressão mas me oponho às suas opiniões (e sou da opinião que o PNR não deveria legalmente existir), dirigi-me no sábado para fazer um contra-protesto no Parque Eduardo VII. Levava um cartaz citando o referido artigo da constituição. Após 5 minutos fui solicitado, por dois agentes à paisana da PSP, que me afastasse do local, por razões de segurança (a minha). Ambos admitiam claramente que havia um claro risco de violência contra mim. Suprema ironia, que na mesma semana onde os militares foram impedidos de se manifestar (as FA que despoletaram a revolução que conduziu ao fim do fascismo e à garantia da liberdade de expressão e manifestação), que eu tenha sido impedido de defender a constituição face a quem defende o antigo regime.
André Levy

Onde estão os privilégios dos privilegiados?

Lendo este post do Rui Pena Pires.

Zombie

Embora no Público de hoje (linkador pagador), Durão Barroso reafirme que a Constituição Europeia está morta, isto não é ressuscitá-la às postas?

Naufrágio

Da direita norte-americana (American Spectator):

"You run down the list of things we thought we could accomplish and you have to wonder what we thought we were thinking," says a Bush Administration member who joined on in 2001. "You get the impression that we're more than listless. We're sunk."
Too pessimistic? Maybe not. Rumors are flying through various departments of longtime senior Bush loyalists looking to jump, but with few opportunities in the private sector to make the jump look like anything more than desperation [...]"
58% desaprovam o desempenho geral de Bush
59% chamam à invasão do Iraque um erro
67% desaprovam a forma como Bush tem lidado com a guerra no Iraque

E o tabu tremeu

Por Manuel de Lucena, no DN:

"Embora nos seus modos palpite uma certa nervoseira, Cavaco Silva é, politicamente calando, frio como um peixe e parece muito empenhado em não morrer pela boca. Mesmo há dias, em Londres, onde lá falou, acabou por não dizer. Ou melhor disse-nos que ainda não dizia, que tivéssemos paciência; e acrescentou, em tom auspicioso, que já não faltava muito para sabermos. Podem chamar-lhe sonso que não se importa. Então, esperemos. Mas, enquanto esperamos, bem podemos perguntar porque é que, desta vez, o tabu tremeu. Perguntarmo-nos e não perguntar-lhe, haja respeito."

Os alemães libertaram-se do peso das sondagens

A unificação alemã chegaria um dia ao sistema partidário da RFA.

Estas eleições vieram revelar uma vida política própria independente das antigas configurações internacionais e até dos desejos europeus mais liberais que se manifestaram com tanto alarido quando as sondagens pareciam condenar as conquistas sociais que sempre caracterizaram a Alemanha desde Bismarck.Como se os eleitores alemães votassem influenciados pelos artigos da imprensa estrangeira...

É verdade que as sondagens que anunciavam a vitória folgada da senhora Merkel alguma influência tiveram nas decisões do governo de Schroeder.Mas os resultados eleitorais impedem o desmantelamento do modelo social alemão e europeu.É uma lição para muitos insensatos.


segunda-feira, setembro 19, 2005

Três em um

Rui Sá, candidato da CDU à Câmara do Porto, está disponível para uma aliança pós-eleitoral com o PSD e com o CDS/PP. No Porto, votar CDU é votar na direita.

Concorrência

O Expresso deste Sábado explicava que Cavaco poderá adiar o anúncio da candidatura de 12 para 19 de Outubro. Um dos motivos é evitar a relação com a data das cerimónias que decorrem no santuário de Fátima de 12 para 13.
As aparições são assim.

Triângulo Amoroso

Depois da SIC Notícias, Carmona e Carrilho na TVi. Estava-se mesmo a ver.

Angie

"(...)It is extraordinary that the result should have been so very close after a campaign which began with a 23-point lead for Ms Merkel's centre-right CDU and ended with its worst performance ever. (...) Supporters of the SPD and Green coalition contrasted him favourably with Tony Blair for attacking George Bush and opposing war in Iraq during the 2002 election, while the Atlanticist Ms Merkel flew loyally to Washington. (....)

domingo, setembro 18, 2005

As autarquias e o ensino do inglês

As câmaras municipais empenharam-se a fundo na promoção do ensino do inglês no primeiro ciclo do ensino primário.Só 14 concelhos do continente não aderiram ao programa lançado pelo Ministério de Educação.Deste modo mais de 180.000 alunos terão acesso àquela disciplina graças à ajuda dos autarquas que entenderam facultar os meios financeiros e materiais para o efeito.Agora que todo o iluminado que se preza ataca o poder autárquico é bom ver a utilidade deste tão manifesta e eficiente.


sexta-feira, setembro 16, 2005

Teatro Revista

O debate de ontem na SIC Notícias entre Carrilho e Carmona resumiu-se a um desfiar de insultos e acusações. Um dos debates mais boçais na história da televisão portuguesa e uma vergonha para todos, sobretudo para os lisboetas. Contribuíram, de sobremaneira, para a descredibilização dos políticos, mostrando-se apenas interessados em denegrir a imagem do outro e defender a sua própria face narcísica. Lisboa ficou para as calendas.

O teatro da Cornucópia e Fassbinder

Fui esta noite à estreia da peça de Fassbinder«Marilyn Monroe contra os vampiros» que a Cornucópia representa com o título de «Sangue no pescoço do gato».Gostei mais da encenação do Luis Miguel Cintra e da interpretação dos actores do que da peça propriamente dita, embora seja um admirador do cineasta Fassbinder.Temo por isso um juízo precipitado.Felizmente há sempre naquele Teatro uma brochura com textos de apoio e um aparelho crítico que permite recapitular o espectáculo.É o que vou fazer.

O empurrão das sondagens

Não vou discutir a bondade das sondagens sobre as presidenciais nem interpretá-las.Sigo com o maior interesse o que Pedro Magalhães escreve no seu blogue Margens de erro e é obvio que há muito trabalho a fazer antes da vitória de Mário Soares.Mas o principal resultado destas sondagens é empurrar Cavaco Silva para a candidatura que se calhar não deseja. As sondagens cortam-lhe o caminho da retirada e obrigam-no a entrar na arena.Quando o vento mudar logo se verá quem tem duas mãos para a lide.

quinta-feira, setembro 15, 2005

O contrário do corporativismo

Agora tudo é corporativismo.Mas nivelar por baixo como se chama?

quarta-feira, setembro 14, 2005

Candidatos que também deviam entrar nas sondagens:

Manuel Alegre
Freitas do Amaral
Marcelo Rebelo de Sousa
Luís Botelho Ribeiro
Carmelinda Pereira
&, claro, o Candidato Vieira.

Nações Divididas

Leader, The Guardian de hoje:


"And with the member states the biggest obstacles, significant change is elusive. As ever, divided states make for a United Nations with a heart of gold but limbs of clay"

A próxima é contra QI > 100

Depois de manifestações racistas, manifestações homofóbicas. E que deliberadamente confundem homossexualidade com pedofilia. Outra vez.
E outra vez um Estado que cala perante ataques destes à democracia. E trata-se de um governo…socialista???

Isto já é demais

Bush reconhece falhas graves na resposta do governo ao furacão Katrina.
Bush é anti-americano?

Curiosidade constitucional

Fico à espera das decisões das autoridades competentes sobre as futuras manifestações de rua da extrema-direita xenófoba e racista .Para entender a aplicação da Constituição nestas matérias.

Os detalhes da chatice, João Pinto e o Rei Midas.

Há duas semanas atrás o João Miranda do Blasfémias publicou um post onde dizia que: “não está demonstrada nenhuma relação entre furacões e aquecimento global”, aproveitando para dizer que os que a estabelecem demonstram o “habitual anti-americanismo (….) e a falta de seriedade dos proponentes do protocolo de Quioto”. Uns dias depois eu fiz este post, onde citei um artigo de opinião de Nicholas Kristof no New York Times, os trabalhos de Kerry Emanuel (Professor do MIT) e outras organizações de cientistas. Estas fontes afirmam que existe uma relação entre furacões e aquecimento global e eu linkei o post do JM, discordando, naturalmente, do que tinha escrito.
Curiosamente, o primeiro a responder foi o Rodrigo Adão da Fonseca que eu nem sequer tinha linkado. Portanto, parece que veio ripostar pelos outros colaboradores do blog. Mais estranho ainda é responder ao meu post sem nunca se referir à relação entre o Katrina e Quioto. Disserta sobre o João Pinto, corações de ouro, Rei Midas, lança duas ou três das habituais (que para a esquerda as razões financeiras não são importantes). Falar do post é que nada. Até posso compreender que o RAF se sinta na obrigação de ter que defender os colegas do blog…podia era fazê-lo com substância.
E pronto, quem tinha sido realmente visado no meu post, o João Miranda, lá respondeu uns dias mais tarde. Decidiu que a melhor forma de criticar o meu post era encontrar contradições entre aquilo que eu disse e as fontes que eu própria citei. Quanto ao artigo de Nicholas Kristof, o JM acha que o autor não defende a relação entre Quioto e Katrina porque diz: ««True, we don't know whether Katrina was linked to global warming”. Só que o JM não cita o resto do artigo. Cita o que lhe apetece. Se tivesse lido o artigo, veria que Kristof diz o seguinte: But there are indications that global warming will produce more Category 5 hurricanes. Now that we've all seen what a Katrina can do - and Katrina was only Category 4 when it hit Louisiana - it would be crazy for President Bush to continue to refuse to develop a national policy on greenhouse gases”. O que, aliás, estava no meu primeiro post.
Mas o JM decide mesmo recorrer aos trabalhos de Kerry Emanuel para desmentir a ligação Kioto_Katrina. Mais uma vez, descontextualiza-os. O que Kerry Emanuel diz, inequivocamente, é que os resultados das suas pesquisas “sugerem que o futuro aquecimento pode levar a uma tendência para o aumento do potencial destrutivo dos furacões” ( "My results suggest that future warming may lead to an upward trend in [hurricanes'] destructive potential”).
Portanto, quanto às fontes que eu citei, estamos conversados.
Depois, gostava de esclarecer que, com aliás escrevi no Diário de Notícias, não penso que se Bush tivesse assinado o protocolo de Quito, o Katrina teria sido evitado. Não seria atempado: tratam-se de efeitos morosos. Mas se tivéssemos prevenido o grau que hoje atinge o aquecimento global, respondendo aos alertas que cientistas fazem há décadas, é possível que Nova Orleães tivesse sido poupada. Se o protocolo de Quioto não for assinado “globalmente”, inclusivamente por Bush, o que os especialistas indicam é que potencializará novas catástrofes. Justamente por isso, citei Kristof que, como também escrevi no blog, se interrogava legitimamente sobre “a próxima tempestade”. Nessa próxima catástrofe, que preferia que não existisse mas que é provável, voltaremos a assistir à direita portuguesa a dizer que o furacão não tem nada a ver com o aquecimento global? Ou que não seria evitável?
João Miranda não foi sério a responder ao meu post. Descontextualizou e truncou textos conforme lhe apeteceu. E ainda teve a lata de chamar ao seu post: “Os detalhes são uma chatice”. Nota-se!
Quanto aos anti-americanos...são quem, afinal?

segunda-feira, setembro 12, 2005

Um País de Eventos

No programa Prós e Contras lancei o conceito de« País de eventos» como um dos motores para a economia portuguesa nesta emergência em que as exportações desfalecem e as importações crescem.Quer aqui no blogue, quer em conversas pessoais,ou ainda por mensagens, muitos me têm interrogado sobre o que quis dizer com esse conceito.Sobretudo a curiosidade de alguém genuinamente interessada na questão e que me pergunta:

«Que eventos?Serviços internacionais ?Empresariais?Institucionais?Recreativos?»

leva-me a transcrever parte de um artigo que escrevi no Diário de Notícias em 6 de Julho do ano passado, exactamente intitulado«Portugal País de Eventos» ;

«Portugal já foi um país de marinheiros, de doutores, de políticos, de industriais, e agora é uma sociedade de financeiros e de jornalistas.A entrada na U E ajudou muito à passagem da efémera hegemonia da classe industral para um híbrido social que designaremos por empresários de negócios e eventos.

As classificações estatísticas à volta do sector dos serviços não são suficientes para revelarem o "cluster" de onde ele provem. mas adquiriu o seu direito de cidade com uma sucessão de eventos efémeros como a Expo 98 e o Euro 2004. O certo é a sua importância ser cada vez maior na vida nacional. A preferência dos financeiros no estímulo a essas actividades e a vocação mediadora e difusora da comunicação social aliam-se para anunciar as máximas margens de êxito. Daí que esses eventos, normalmente muito onerososa para as finanças públicas, tenham melhor imprensa do que as despesas do Estado com a saúde e a segurança social.

(:::) O êxito do Euro 2004 introduziu elementos de gestão, inovação, redes de conhecimentos e de interesses que procurarão repetir a organização de eventos em Portugal com características afins. Já tivémos a tentativa falhada da realização, na baía de Cascais, da "American Cup", mas outras iniciativas se seguirão certamente.

De facto, o processo de integração de Portugal na U.E. acabou por privilegiar o mundo financeiro e as actividades bancárias, que, por sua vez, encontraram nesta sucessão de acontecimentos internacionais um meio para estabelecer e reforçar alianças com o mundo dos negócios associados e com o "cluster" do turismo, tão naturalmente interessado nessas novas linhas de promoção.

Tudo isto no exacto momento em que as empresas industriais portuguesas, prejudicadas pelas taxas de câmbio e de conversão do escudo para a moeda europeia, e pela globalização da mão d'obra barata, não conseguem ser competitivas no mercado externo e sofrem a sua concorrência no mercado interno....»

Sim, apreciada crítica, eventos internacionais, empresariais,institucionais,e recreativos.Ou já ninguém se lembra da Suiça? A Irlanda e a Finlândia são bem mais frias...


Quem escolhe as obras de Cavaco Silva?

Quem andará a escolher os textos históricos de Cavaco Silva para serem publicados como novos pelo semanário Expresso?

Esta pergunta ocorreu-me ao ler este fim de semana uns comentários do ex-primeiro -ministro

a um texto de fundo apresentado no chamado Clube de Madrid em Setembro sim , mas de há dois anos!Já nem falo do critério jornalístico do semanãrio que ocultou tal contributo para o pensamento político contemporâneo durante este tempo todo , antes me interrogo sobre a súbita revelação.Quem lhes terá chamado a atenção?

É certo que o título de primeira página«Cavaco Silva distancia-se do modelo francês de Presidente executivo» parecia anunciar uma desautorização inédita do candidato fantasma aos seus recentes apoiantes , muito esperançados nas rupturas do Professor ,caso seja um dia Presidente da República.Mas não.Como se confessa na discreta nota da pg 12, o texto fora escrito em Setembro de 2003 , em comentário a um documento da autoria de Cintra e Lacombe«The role of executive and legislative relations in the democratic consolidation».

Quem escolherá estas prosas de Cavaco Silva ,ainda suspenso do seu próprio tabu sobre as presidenciais, para o actualíssimo Expresso?E haverá em breve uma secção de textos antológicos ?

Um candidato- fantasma, calado e a publicar, merece a maior atenção do mundo civilizado!


domingo, setembro 11, 2005

O mercado de jogadores não dá pontos

Os gestores do Benfica só se decidiram a comprar alguns reforços nos últimos dias antes do fecho das inscrições na Liga de futebol,ou por derradeiro recurso ou por técnica negocial decorrente da falta de procura internacional à oferta restante de jogadores.É possível que assim o SLB tenha comprado mais barato um Karagounis ou um Miccoli.Mas para já o Glorioso perdeu oito pontos.Oito valiosos pontos?

Rezar a Santa Bárbara

Kerry Emanuel é um reputado professor de meteorologia no MIT, autor do “Divine Wind: The History and Science of Hurricanes”. Em Julho publicou na Revista Nature um artigo onde defende que os furacões têm-se tornado significativamente mais poderosos e destrutivos nas últimas três décadas, em parte devido ao aquecimento global. "My results suggest that future warming may lead to an upward trend in [hurricanes'] destructive potential, and--taking into account an increasing coastal population--a substantial increase in hurricane”.
Podem consultar outras notícias sobre este autor e o Katrina nas seguintes fontes:
"The temperature of the tropic oceans is warmer than it's been in 150 years." (USA Today)
"If you consider hurricanes over their entire life, and not just when they make landfall, you really do see an upward trend in the power of hurricanes--not in their frequency--but in the magnitude of the wind speed and also in their duration." National Public Radio
"What has everybody in my profession so concerned--and we've been concerned for decades--is the confluence of a huge upsurge in the coastal population with a natural upswing in the number of storms in the Atlantic." Living on Earth
"Hurricanes have killed more people worldwide in the last 50 years than any other natural cataclysm." -- Kerry Emanuel, in the preface to his new book on hurricanes. Houston Chronicle

Muitos outros cientistas defendem esta relação. Hoje, Nicholas Kristof do NY Times, citando o trabalho de Kerry Emanuel interroga-se sobre a próxima tempestade.
E diz:
“True, we don't know whether Katrina was linked to global warming. But there are indications that global warming will produce more Category 5 hurricanes. Now that we've all seen what a Katrina can do - and Katrina was only Category 4 when it hit Louisiana - it would be crazy for President Bush to continue to refuse to develop a national policy on greenhouse gases.(….)
With corpses on the streets of New Orleans, we may have seen a glimpse of the future of climate change. Let's hope it shakes Mr. Bush out of his complacency. “

Mas como era previsível, a direita portuguesa, acha que o Katrina e Quioto não têm qualquer relação. Por todo lado, entre blogs e opinião na imprensa, desconsidera-se este elo científico. Rezem, então, a Santa Bárbara.

11 de Setembro

& o Katrina.

Noves fora nada

Há muitos cartazes para as eleições autárquicas muito maus. Mas o PIOR que vi até agora (pena é não encontrar fotografia) é o de Victor Batista do PS, por Coimbra. Tem, evidentemente, a cara do senhor e diz assim:



Vou apoiar com 20.000.000 €
5000 novos empregos.


Nem mais. Sócrates recauchutado, vulgo sem choque tecnológico. Lindo.

sábado, setembro 10, 2005

Maldade, metamorfose e música.


O filme está no King e vale a pena. “De tanto bater o meu coração parou” é intenso e ansioso. Centrado num personagem masculino (magnificamente interpretado por Romain Duris) conta a história da sua transformação e maturidade. Tom é um canalha do ramo imobiliário, habitando um mundo sórdido e malévolo. Misto de Acossado e Easy Rider, parece condenado a seguir o caminho do pai: ser um homem - rato, sem escrúpulos ou compaixão. A sua relação é ambivalente e dura. Tom obedece-lhe, cumprindo tarefas sujas, procura desesperadamente uma intimidade que nunca se esboça, toma conta do pai que envelhece sem adoçar, sem arrependimentos ou paz.
A câmara persegue-o como se fosse um prolongamento do seu próprio corpo, uma “câmara - prótese”, levando-nos por um Paris pardo nuns phones que tocam techno em enervantes e estreitos percursos.
É o encontro casual com o agente da mãe, pianista famosa, que coloca Tom perante a possibilidade de fazer uma audiência e, assim, tornar-se também pianista. A história impossível entrança-se, então, entre a crueza e o sonho, o destino e o desejo, a dependência e o crescimento, a impenetrabilidade e a emoção. Mas também entre o pai e a mãe. Um pai distante e que o compele à violência, mas que está vivo. Uma mãe-piano, harmoniosa e encantadora, mas que há muito faleceu. Entre um pai viril, aparentemente invencível, e uma mãe psicologicamente frágil que precocemente o abandonou.
É das duas vidas do personagem, da vida noctívaga, ruidosa e suja e da vida de Bach e da luminosa professora vietnamita que o prepara para a prova, que vive a contradição e a empatia no filme. O mesmo chiaroscuro que aparece representado no cartaz. De noite Tom cerra os punhos, de dia tem mãos ágeis e graciosas. Paulatinamente o repetitivo techno é substituído por uma tocata virtuosa e difícil, pouco a pouco há uma linguagem universal, identidade e esperança. Progressivamente bate o coração de Tom.
Termina com a formação de um compromisso…a única que respeita o público que, expectavelmente, se envolveu com a humanidade e genuinidade da história. Tom não vinga, pacifica-se. Não vence, mas ama.
Claro que a banda sonora é essencial, potenciando a veemência do filme, e que Jacques Audiard se revela, cada vez mais, como um realizador a acompanhar.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Homenagem a Eurico Figueiredo

Acabo de participar numa sessão de homenagem a Eurico Figueiredo na Livraria Ler Devagar-uma das melhores livrarias de Lisboa.

Com a presença, e participação ,do Presidente da República Jorge Sampaio, foi lançado um livro de Ensaios e Estudos sobre a vida e a obra daquele «Homem,Político e Académico»,como se lê no frontispício da obra editada pelo Centro de Estudos de População e Emprego do Porto e pela Afrontamento.

Eurico Figueiredo pertenceu a um restrito grupo de activistas que não precisou do 25 de Abril para descobrir a democracia e tem pago por isso.Agora é agricultor e produz bom vinho do Douro.Mas mantem.se vigilante perante os que pensam que o regime democrático está à mercê dos seus detractores.


Portugal ... Portugal

Portugal. Ontem, hoje e amanhã.
Eternamente um espelho de si mesmo.

"Aqui em Portugal importa-se tudo. Leis, ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciência, estilo, indústrias, modas, maneiras, pilhérias, tudo nos vem em caixotes pelo paquete. A civilização custa-nos caríssima, com os direitos de alfândega; e é em segunda mão, não foi feita para nós, fica-nos curta nas mangas."
- Eça de Queiroz in "Os Maias"

Big American Disaster

67% dos Americanos: Bush devia ter prestado maior ajuda

A foto da semana:

Observar Santana

Santana Lopes tem a vantagem de ser um personagem real e não apenas uma fachada de representação.Embora ,nesta época onde o culto da imagem substituiu o culto da personalidade ,ele queira embalar os outros com a história interminável do seu passado de menino de bairro...

Aí está ele, de novo, a ver onde poderá poisar após ter andado a esvoaçar.Se ele aceitasse o conselho de um adversário político dir-lhe-ia para assumir o seu mandato de deputado democráticamente conquistado.Mesmo que ainda queira ser candidato presidencial...


quinta-feira, setembro 08, 2005

Jorge Sampaio, o Promulgador?

O segundo mandato de Jorge Sampaio dará certamente lugar a muitas opiniões políticas e a muitos estudos académicos.Agora o Presidente da República defronta-se com um novo capítulo por onde também será avaliado.Trata.se do seu comportamento perante os diplomas do Governo sobre a função pública.À primeira vista está numa posição dilemática.Ou seja, sem saída pacífica.

Imagem

Media proibidos de tirar fotos dos cadáveres e dos mortos em Nova Orleães. A FEMA (Federal Emergency Management Agency) não quer fotos para tentar salvar a sua imagem. Lenta na ajuda, rápida na repressão.
Afunde-se.
E já agora...
uma montagem fotográfica. Surripiada aqui. Note-se que as fotos foram tiradas no mesmo dia.

Gay California


Lei de casamentos do mesmo sexo aprovada na Califórnia. É o primeiro estado norte-americano a fazê-lo. Parabéns!
Agora vamos ver se o Governador Schwarzenegger assina...

Human Development Report

Leader, The Guardian de hoje:

"Harsh words like "illicit, unethical and corrupt", used in yesterday's report by Paul Volcker on how billions of dollars went astray in the mismanaged programme to alleviate sanctions on Saddam Hussein's regime, will not help UN credibility unless they spur long-overdue reform efforts.(...)
But John Bolton, President Bush's newly appointed, and highly controversial UN envoy has tabled so many amendments to the planned declaration that he seems intent on wrecking it.
(...)Memories of the Asian tsunami have now been replaced by images of Hurricane Katrina. But every hour of every day 1,200 children die far away from media attention. A credible UN that is supported by its members is the right place to advance ways to end the devastating - and permanent - tsunami of world poverty."

Agora já sabem?

O Daniel tinha 6 anos e vivia em Caxias. Para além de ter vários problemas de saúde e dificuldades de locomoção, era surdo-mudo e amblíope. Morreu como resultado de um infecção provocada por ferimentos resultantes de repetidos abusos sexuais. Os resultados preliminares da autópsia indicavam que a criança era alvo de agressões constantes e abusos sexuais.
O padrasto é o principal suspeito e encontra-se preso preventivamente.


O JN informa que o Daniel recebeu tratamento há cerca de um mês no hospital de S. Francisco Xavier, apresentando o pénis rasgado, um olho negro e um braço partido. Os ferimentos terão sido justificados com uma queda.
As investigações vão agora investigar outras responsabilidades, nomeadamente a da mãe que afirma nunca se ter apercebido de nada, tal como a escola e os vizinhos.
Espero bem que estas responsabilidades sejam apuradas. E que também sejam determinadas as responsabilidades do hospital. Ou tratam de uma criança, em contexto socio-familiar de risco, com as lesões que apresentava, acreditando piamente que foi uma queda?
Foi atendido por médicos e enfermeiros?!?!?
O irmão do Daniel tem 4 anos. Agora que já não se pode fingir que não se sabe, esta segunda criança já está a ser protegida?

Transcrever Cavaco Silva

Reparo que da minha intervenção nos Prós e Contras os comentários,neste blogue e noutros como O Portugal dos Pequeninos, incidiram particularmente na citação feita do testemunho de Cavaco Silva sobre a negociação para a entrada do escudo no Sistema Monetário Europeu em Abril de 1992.Para esclarecer todos transcrevo o que invoquei na rtp:

«O principal ponto de discórdia estava na taxa de câmbio do escudo proposta pelo Governo e que eu tinha revelado no encontro,em Lisboa, com os jornalistas:180 escudos, em relação à moeda comunitária denominada ECU.Era uma cotação que os nossos parceiros não queriam aceitar, porque representava uma desvalorização superior a 2% em relação à taxa observada no mercado.Para ultrapassar o impasse, dei indicações para que fosse aceite a proposta de compromisso apresentada pelo governador do Banco da Alemanha, Hans Tietmeyer, de uma taxa de câmbio de 178,735 escudos por ECU.»(Autobiografia Política II , p206)

(....)

«Vieram dos empresários as críticas mais violentas.Confrontados com a recessão económica que atingiu a Europa, em 1992-1993, e pouco vocacionados para apostar no aumento da produtividade, na inovação e na melhoria da qualidade dos produtos, e habituados a que o escudo fosse,de vez em quando,desvalorizado para colmatar as dificuldades de competitividade das empresas, não admitiam que essa possibilidade desaparecesse.

Em 25 de Setembro de 1992, num hotel do Porto, num jantar organizado por Eurico de Melo com um grupo de grandes empresários do Norte, bem me esforcei por explicar a importância da política de estabilidade cambial para o futuro da economia,mas tive pouco sucesso.Chegaram a acusar-me de querer destruir a indústria portuguesa,o que me incomodou e entristeceu.Quando,cerca da meia noite, recolhi ao quarto levava comigo um certo desânimo.Apoderam-se de mim interrogações sobre se Portugal, com os empresários e os sindicalistas que tinha, conseguiria vencer o grande desafio da união monetária.»(ob cit p 207)

Espero que agora fique tudo esclarecido sobre a substância da minha intervenção neste ponto.

Para além das felicitações que tenho recebido pala participação no programa há quem me critique por ter interrompido com àpartes outros intervenientes.Admito ter excedido a quota mas trata-se de corresponder a um apelo dos animadores dos debates televisivos.E ,às vezes,calar é consentir...


quarta-feira, setembro 07, 2005

"As pombinhas do Katrina"

"Para espanto geral, os 'falcões' do Iraque são agora verdadeiras 'pombinhas' do Katrina, aceitando as ajudas internacionais, sem tropas suficientes para acudir à desgraça, mostrando como é difícil enfrentar tanta destruição."
- Domingos Amaral in Diário Económico

Tal mãe, tal filho

Barbara Bush afirma que as coisas até estão a correr bem no Astrodome, onde estão milhares de vítimas do Katrina, porque, seja como for, essas pessoas já eram desfavorecidas:
"And so many of the people in the arena here, you know, were underprivileged anyway, so this is working very well for them."

Shit happens?



As razões do Wall St. Journal para a tragédia do Katrina.

Acrescentaria umas tantas outras como a não evacuação dos pobres e a inacreditável demora na ajuda.

Memórias

de 1999. Jaime Gama dizia, então, que não queria ver "mais fardas a passear na baixa".





Ver este post do Bloguítica.

terça-feira, setembro 06, 2005

As páginas de Cavaco Silva

Ontem ,no programa Prós e Contras citei o Prof Cavaco Silva a propósito da negociação da entrada do Escudo no Sistema Monetário Europeu em Abril de 1992.
De facto, Cavaco Silva foi o único governante, até agora, a confessar um desaire negocial em Bruxelas.
Podemos ler o relato que faz da reunião dos governadores dos bancos centrais de 4 de Abril de 1992, assim como da reacção negativa dos empresários portugueses à taxa de câmbio central do escudo aí decidida,no segundo volume da sua auto-biografia editada pelo Círculo De Leitores em 2004.pp 206-208.
É deveras importante dar a conhecer a génese de certas decisões que tanta influência acabam por ter na vida de todos nõs. e que a mais das vezes escapam ao escrutínio do Soberano.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Advertisement

"America is a hurricane, and the only people who do not hear the sound are those fortunate if incredibly stupid and smug White Protestants who live in the center, in the serene eye of the big wind."

Norman Mailer, “Advertisement for ‘Games and Ends’” (1959)

Pedra de Roseta

O que Alegre queria com a sua pseudo candidatura continuará um mistério, a não ser que a reduzamos a uma intenção estritamente pessoal. De certeza que não ficou esclarecido com o jantar em Viseu. Aliás, Alegre fez o possível para que ficasse uma nebulosa. Agora, e independentemente da convicção que Helena Roseta tem no apoio a Alegre, o que é que pretendia ao afirmar hoje, na Comissão Nacional do PS, que Alegre não disse que não se candidatava? O que quer Helena Roseta ao dizer (e cito de cor do que ouvi na TSF) que Alegre apenas disse que não queria dividir o PS?
Sobre Alegre, ainda uma outra coisa. Sempre achei, e já aqui referi várias vezes, que Sócrates não deu por concluída a derrota da ala esquerda do PS quando foi eleito secretário-geral. Com o apoio a Soares essa ala esquerda apresenta-se agora ainda mais dividida.

O Centro já leu o Finantial Times de Sábado?

O Finantial Times de Sábado refere-se à candidatura de Mário Soares em termos que os centristas anti-soares não sonhariam possivel por parte da liberal imprensa britânica.!Deve ser por isso que não deram pelo artigo da ´bíblia financeira londrina.Mas ainda vão a tempo de ler.E de meditar!

PRÓS E CONTRAS

Vou estar, hoje, no programa da Fátima Campos Ferreira , PRÓS e CONTRAS, que esta notável profissional transformou num dos principais programas de discussão dos problemas nacionais ,com muitos intervenientes e participação da plateia.

É sempre uma responsabilidade ir à televisão falar de política em geral, e da situação do país em particular.Manter um discurso claro e articulado requer um ambiente calmo e tempo de intervenção,o que nem sempre é possível num debate televisivo. E uma presença de espírito que só os irresponsáveis podem pretender estar sempre ao nosso alcance.

Felizmente guardo dos meus tempos de Parlamento Europeu o treino da intervenção curta, destinada a ser traduzida em muitas línguas.Tenho a sensação de ser uma presença forte no écran mas isso não garante tudo.Sobretuto a intenção de ser útil para os meus concidadãos.

A cidadania passa hoje muito pela televisão.


AQUI D'EL-REI

Tenho reparado que a discussão teórica sobre o tamanho do Estado tem curiosas variações práticas.Em Portugal tanto se pede cortes nos funcionários públicos como se apela a novos guardas-florestais e jovens bombeiros profissionais quando há fogos na serra. Nos EUA só as catástrofes naturais tornam evidente a necessidade do Leviatão.

Nos dois países exige-se o build-up da coisa em 48 horas !


sábado, setembro 03, 2005

Aos senhores economicistas,

O debate presidencial sobre Economia será entre Louçã e Cavaco.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Não terei insónias...

Fiz o que pude - reconheço que podia muito pouco... - para convencer o dr. Mário Soares a não ser, uma vez mais, candidato a Belém. Tratou-se de meia dúzia de conversas de amigos, em que as negativas de Soares nunca me pareceram definitivas - para minha preocupação e para alegria de outros amigos que tinham opinião diferente.
Referência política e cívica da minha juventude, pensava - e penso - que Soares merecia ser poupado a este último esforço e que já tinha dado à Democracia e à República um contributo ímpar e irrepetível.
Não foi essa a sua vontade íntima. Por «culpas» próprias e alheias, Soares vai, uma vez mais, fazer o que gosta e o que sabe, como ninguém. E reconheço, sem qualquer dúvida, que o movem os propósitos de sempre. Por isso terá o meu voto.
No entanto, se perder para Cavaco, desde já afirmo que não terei insónias...

quinta-feira, setembro 01, 2005

Francisco José Viegas

Primeiro, uma boa notícia: Francisco José Viegas regressou ao mundo dos blogues na origemdasespecies.

Depois pede-me um esclarecimento sobre o que pretendi dizer ao Paulo Gorjão , e ao João Gonçalves, aqui nos bichos, sobre o centro moderado e Soares.Em suma, há quem pretenda que Mário Soares perdeu, desta vez, o centro, quando me parece que é o centro que pode perder Mário Soares e ficar orfão ...

Caro Francisco:é um prazer tê-lo de volta.


O regresso do Político (o cidadão)

"Quis custodiet, ipsos custodes?"
("Quem vigia, os vigilantes?")

Os candidatos sentem o apelo da República. A República agradece ao duopólio partidocrático (PS e PSD) e suas "franchisadas" (os restantes) a sua incapacidade em gerar novas causas e ideias (não gosto de colocar o plano nas pessoas).

Resultado: Os mais novos asfixiados (pela dinâmica feudalista do aparelho partidário) ou desinteressados e desiludidos, deixam de seguir a causa pública. Realmente para quê? A sociedade civil é uma anedota de si própria e da sua inexistência perfeita. Resta-nos passivamente aceitar as "leis" do mercado e dos nossos decisores políticos. A esfera da vida pública resume-se a estes dois actores.

O importante mesmo é que não nos falte o ordenadozito ao fim do mês para pagar a casa, o carro, a educação dos filhos e colocar comida na mesa. Até porque, e ao fim ao cabo como diria com ironia Bukowsky: "The difference between a Democracy and a Dictatorship is that in a Democracy you vote first and take orders later; in a Dictatorship you don’t have to waste your time voting."

O regresso do verdadeiro político ... o cidadão, esse fica então adiado.

Uma paradinha de 18 milhões !

Leio,com grande espanto,que a direcção do SLB terá recusado transferir Simão Sabrosa para o Liverpool pela quantia de 18 milhões de euros.!

A ser verdade trata-se de um disparate financeiro e desportivo.Hoje por hoje ,Simão está reduzido à arte da paradinha, e nem toma balanço para marcar os penalties ,como se verificou no último sábado,em que falhou um ,por esse motivo.

Espero agora que as equipas adversárias não venham a ganhar bom dinheiro com a transferência dos defesas que defrontem o capitão do Benfica !