terça-feira, outubro 31, 2006

Banca e neomachismo

Foram os temas das minhas crónicas na TSF(sexta-feira) e no Diário de Notícias (segunda-feira).

Candidatos únicos

Sexta-feira duas grandes instituições portuguesas foram a votos com candidatos únicos.Sinal dos tempos?

segunda-feira, outubro 30, 2006

Um terço cheio ou dois terços vazio?

Pergunta o Bartoon de hoje: "Que sinal terão querido dar os cerca de 55.000 militantes - do PS, entre 80.000 - que não foram votar?"

Diálogo Ibérico

Hoje é a sessão de lançamento de «Um Diálogo Ibérico no Contexto Europeu e Mundial» de Mário Soares e Frederico Mayor Zaragoza às 18h30 no Edifício do Círculo de Leitores. Lá estarei para apresentar a obra em conjunto com Freitas do Amaral.

domingo, outubro 29, 2006

Os piores estrangeiros

A lista dos 10 piores britânicos- os que aparecem com a estrela também surgiram na lista dos melhores, e ocupando o lugar indicado:
Tony Blair (* 67)
Jordan
Margaret Thatcher (* 16)
Jade Goody
Martin Bashir
Gareth Gates
Alex Ferguson
H from Steps
Geri Halliwell
Queen Elizabeth II (* 24)

Muralha da China

Primeiro, e como não existiam registos de óbitos de chineses no nosso país, correram as mais diversas suspeitas sobre o que esta comunidade de imigrantes em Portugal -progressivamente mais significativa - fazia aos seus mortos. Note-se, desde já, que em 1991 existiam 356 chineses no país. Entre 2001 e 2004, as autorizações de permanência concedidas as chineses em Portugal foram 3913. E em 2004, as autorizações de residência somaram 5605. As estimativas apontam para a presença de, pelo menso, 16 mil chineses em Portugal.
Depois correram atoardas sobre a inexistência de caixotes do lixo à porta dos estabelecimentos comerciais chineses, implicando que uma enorme e bizarra reciclagem seria conduzida nos seus restaurantes e afins. Mais tarde, deu-se a inspecção alimentar a restaurantes chineses, cuja cobertura jornalística foi de tal ordem que deu origem a uma investigação pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Agora corre o rumor que a comunidade chinesa sequestra pessoas nas suas lojas, para lhes retirar os órgãos, história que o DN procurou aclarar.
Essencialmente, trata-se de uma representação perigosa de uma comunidade étnica cuja presença em Portugal disparou rapidamente. Uma espécie de antropologia do barbarismo ou um orientalismo – na sua acepção mais negativa – frutos dessa presença mais numerosa, da falta de contacto com a comunidade de acolhimento, de importantes lacunas académicas sobre este grupo étnico e mesmo resultado de uma estratégia por parte da comunidade chinesa que parece passar mais pela inivizibilização do que pelos marcadores identitários (praticamente reduzidos aos espaços comerciais). Seja como for, a representação dos chineses residentes em Portugal enquanto sequestradores, homicidas e ladrões de órgãos, enquanto canibais ou imundos, que tem tido efeitos altamente nefastos sobre os seus negócios – para já – não podia ilustrar melhor a ideia medieval do selvagem diabólico, que tantas vezes serviu de base para a destruição e subjugação do outro. “Indígenas aberrantes” cuja alteridade é insuportável para muitos.
No momento actual, podemos dizer que a relação Oriente-Ocidente passa por um importante momento de transformação, que se deve à expansão do capitalismo financeiro, à globalização da informação, à emergência de novas potências a oriente. E a relação dos portugueses com os chineses vem de longe e transporta, efectivamente distorções identitárias. Se por um lado, o Oriente – basta pensar em Macau ou mesmo Timor – continua a ser uma memória dourada para o país, por outro lado, as imagens construídas foram e são, em muitos momentos, muito negativas e altamente visíveis, por exemplo em alguma literatura. Uma alternância entre a sinofilia e a sinofobia.
Neste momento, e perante a insistência destes rumores, parece-me importante que os responsáveis, nomeadamente o Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, preste atenção ao que se está a passar procurando, desde já, estabelecer algumas linhas pedagógicas e de prevenção. De um modo geral, o que estes rumores sobre os chineses que vivem e trabalham em Portugal demonstram é que há um arriscado desinvestimento em medidas – quer políticas, quer culturais, quer comunicacionais ou comunitárias, que promovam a integração das diferentes etnias. O que, convém não esquecer, pode ter consequências altamente prejudiciais quer para as comunidades de imigrantes, quer para o país. O roto contra o nú, aliás, já aí está. Na reportagem do DN, pode ler-se que uma das explicações para os boatos acusa os ciganos.

O ovo de Kohl

Com o seu ar ligeiro Marcelo Rebelo de Sousa acaba de recordar na RTP1 que o ex-chanceler Kohl subiu nas sondagens depois te ter sido atingido por um ovo arremessado por alguém durante uma manifestação anti-governamental na Alemanha.Atenção ao ovo de Colombo, perdão, ao ovo de Kohl-Marcelo.

Novidades anglo-saxónicas?

Com Blair em despedidas e um próximo Congresso dos EUA com uma eventual maioria democrata vamos assistir a novidades internacionais?Ou apenas ao fim das firmezas sócio-estratégicas que levaram a parte nenhuma?

sexta-feira, outubro 27, 2006

"An old acquainted"


Que engraçado. Hoje tive o prazer de voltar a ouvir o John Keane (meu ex-professor) a discursar em real time e directo no computador sobre o "ideal universal da democracia". Com pena minha não me pude deslocar à Gulbenkian para lhe "dar um bacalhau" pessoalmente. Fica prá próxima.

Ver Conferência "QUE VALORES PARA ESTE TEMPO?" da Gulbenkian.

Manifestações e sondagens

O DN publica hoje o resultado do seu Barómetro.Todos caem menos as forças à esquerda do PS , e os que ocupam cargos blindados à impopularidade.É caso para dizer que as sondagens se juntam às manifestações...

quinta-feira, outubro 26, 2006

Os tigres nao perdoam


Obrigar os leitores a passar o dia com um repolho verde alface debaixo do braço foi mau. Mas o Público mandar o Calvin às urtigas, por causa da publicidade, é que não pode ser. Hobbes vingar-se-á.

Aos caça-plágios

"Dirás tu: "Essa frase é de Epicuro; para quê recorrer à propriedade alheia?" Tudo quanto é verdade, pertence-me. E vou continuar a citar-te Epicuro para que todos os que juram pelas palavras e se interessam, não pela ideia mas pelo seu autor, fiquem sabendo que as ideias correctas são pertença de todos"
Séneca, Cartas a Lucílio.

Rivoli e Orçamento

Foram os temas das minhas crónicas na TSF(sexta-feira) e no Diário de Notícias (segunda-feira).

Neo-salazarismos

Há entre nós uns maduros que aceitam verificar que na Alemanha há neo-nazis e que juram que em Portugal não é possível um neo-salazarismo.E no entanto ele não deixa de se exprimir de várias maneiras mas sempre com a mesma mentalidade.Só morto o salazarismo pode ressuscitar?

Uma intervenção fantasmagórica

José Hermano Saraiva conta uma história de salão sobre uma confusão no Brasil entre o nome de Mário Soares e o de Salazar.Está assim realçado o lado lúdico do programa.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Perdidos e Achados

Perdidos parecem andar os Portugueses. Mas estou estou crente que depois deste exorcismo colectivo que é o programa "Os Grandes Portugueses" da RTP1, vamo-nos encontrar de novo e fazer as pazes com o futuro.

Bem, vou mudar as fraldas ao Pequeno e dormitar sobre o assunto. O meu exorcismo vai ser a dois, com a minha almofada.

A RTP de Queluz para Braga

Estou a assistir ao programa sobre os grandes portugueses transmitido pela RTP.Maria Elisa em Queluz e Bárbara Oliveira Pinto em Braga mostram-nos um país imaginado nos estúdios televisivos.Os bichos estão bem representados!

terça-feira, outubro 24, 2006

O mapa da dívida pública

Antes que os ideólogos dos números comentem o aumento da percentagem da dívida pública portuguesa de 58,6% para 64% em 2005 venho de novo chamar a atenção para o facto de ninguém apreciar no mapa dessa dívida o peso específico do serviço com a barragem de Cahora Bassa.Porque será?

segunda-feira, outubro 23, 2006

À atenção dos seguidistas

Tudo indica que o Presidente dos EUA, George Bush, vai arrepiar caminho no Iraque.Pelo menos são esses os sinais neste período da campanha para as eleições de Novembro próximo para o Congresso.

Pão com chouriço

Fui esta semana aos Açores e viajei na TAP entre Lisboa e a Terceira, ida e volta.Deram-me pão com chouriço e um bolo intragável de doce.Já que estamos em fase de emagrecimento geral proponho que na dieta de bordo se incluam os iogurtes como alternativa à doçaria tradicional.Não cobro nada pela sugestão.

domingo, outubro 22, 2006

Ler o Orçamento

Ler o Orçamento não é fácil, nem sequer para quem o elabora.Depois de Sócrates ter mandado Manuel Alegre ler melhor o orçamento por causa de uma crítica que lhe endereçou sobre insensibilidade social a respeito de isenções para deficientes, descobre-se que alguém não leu com a devida atenção os números projectados para o ordenado do Ministro da Presidência ali tão perto!Azar.Saber ouvir críticas é uma virtude a ter em conta no futuro...

sábado, outubro 21, 2006

Capitalismo e Justiça Distributiva



"Actual capitalism departs from well-functioning capitalism--monopolies too big to break up, undetected cartels, regulatory failures and political corruption. Capitalism in its innovations plants the seeds of its own encrustation with entrenched power. These departures weigh heavily on the rewards earned, particularly the wages of the least advantaged, and give a bad name to capitalism. But I must insist: It would be a non sequitur to give up on private entrepreneurs and financiers as the wellspring of dynamism merely because the fruits of their dynamism would likely be less than they could be in a less imperfect system. I conclude that capitalism is justified--normally by the expectable benefits to the lowest-paid workers but, failing that, by the injustice of depriving entrepreneurial types (as well as other creative people) of opportunities for their self-expression. "

Edmund Phelps, recentemente laureado com o Nobel da Economia rumina aqui sobre dinâmicas do sistema capitalista, livre empreendedorismo e políticas de redistribuição "maxmin" a la Rawls.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Dj Pinacolada



Dj Pinacolada, AKA João Coutinho, hoje.

Pergunta do Dia

Se chovesse dinheiro será que as pessoas usariam o chapéu de chuva para se abrigarem dele?

quinta-feira, outubro 19, 2006

SMS

Hoje às 20 horas em frente aos teatros municipais de todo o país (lisboa-s.luíz) em solidariedade com os ocupantes do rivoli.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Um Benfica sem camisola

O Benfica anda a mudar de cor?

União Ibérica e União Europeia

A SIC-Notícias comenta uma sondagem em que muitos espanhois achariam natural uma união ibérica com Portugal.Ora só haveria uma união ibérica se a União Europeia desfalecesse depois de ter promovido essa integração.Mas nessa eventualidade toda a Europa estaria em convulsão...

Greves e manifestações:orçamento e congresso

O calendário das manifestações e das greves coincide com processos negociais entre governo e sindicatos, com a discussão do Orçamento de Estado,mas também antecede o congresso do Partido Socialista.Ora contrariamente às atitudes padronizadas dos governantes onde até os Secretários de Estado se parecem com Sócrates , no congresso só este representará o seu próprio papel.

terça-feira, outubro 17, 2006

Filmados no taxi

Leio sobre a eventualidade de se ser filmado nos taxis.Já o somos nas portagens de frente e de trás, nas auto-estradas com as matrículas em grande plano, nos aeroportos em plano americano, nos hoteis e bancos no meio da multidão.O que se teme então nas tomadas de vista nos taxis?O grande plano?Fechem os olhos,fechem.E depois peçam os retalhos da vossa vida no video-clube.

segunda-feira, outubro 16, 2006

A Coordenaçao Nacional para a infecçao VIH/SIDA no escuro

Há uns dias, vi a apresentação da nova campanha da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/SIDA num qualquer telejornal. A mensagem que pretende passar é a de que não fazer o teste é viver às escuras. Vai daí, no spot televisivo, sucedem-se diálogos estapafúrdios –num café à procura de uma mesa, por exemplo – e finalmente, qual Branca de Neve, a única imagem que aparece é uma mensagem ESCRITA, num cantinho do ecrã, a aconselhar o teste.
O Público de hoje solicitou comentários aos técnicos sobre a campanha. Orquídea Lopes, especialista desta área, classifica-a como “árida, fria, distante” e sublinha como o slogan aparece no imperativo: “faz o teste!”, o que considera pouco funcional. Como também não se vêem rostos, persiste-se na ideia de anonimato. Fausto Amaro, perito em percepções dos riscos sobre a SIDA, mostra como a campanha não é generalista, já que as pessoas são tratadas por tu e são difundidas vozes jovens apenas. E a mensagem final, sobre necessidade de fazer o teste nunca se ouve, só se vê.
Para além disso, a relação entre encontrar uma mesa num restaurante ou um lugar para estacionar e os comportamentos de risco é, diz FA, “de difícil compreensão”. A mim, parece-me mais uma palhaçada. Uma palhaçada perigosa. OBVIAMENTE, o risco não é da mesma ordem. Não sei no que estavam a pensar quando fizeram estes anúncios, mas parecem mais um spot humorístico do que uma campanha de prevenção. Para a próxima podem mesmo relacionar os preços da electricidade com o teste ou colocar o slogan final em letras ainda mais pequenas, a passar em rodapé ou remetendo apenas para o teletexto. Ou façam anagramas, textos crípticos, charadas e advinhas.
A campanha custou à Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida 100 mil euros, mais 100 mil euros comparticipados pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica. Mas o maior problema não é esse, claro. É a insistência em campanhas frágeis, pouco estruturadas e ineficientes. Enquanto isso, os números de pessoas com VIH-SIDA continua a aumentar e a fazer de Portugal um dos países europeus com mais alta incidência. 32.000 segundo a ONU.

Ler André Freire

Artigo de leitura obrigatória este de André Freire no Público, sobre a direcção que leva o actual reformismo do governo e contra muita ideia feita.Dedicado aos que gostam de alternativas. E sem alternativas não há políticas.

O cheque-livro do Prof Marcelo

No nóvel semanário Sol Marcelo Rebelo de Sousa numa rubrica a imitar um blogue confessa-nos esta semana uma extravagância qual seja a de premiar os seus melhores alunos.«Do meu bolso claro.Em créditos FNAC para livros».Então e a Bertrand?Abandonada?
De qualquer maneira ainda bem que são livros.Mas mesmo assim o Professor não correrá o risco de ver algum aluno fora de série recusar o fardo de ser premiado dessa maneira particular?

domingo, outubro 15, 2006

Hannah Arendt



Relembrar Hannah Arendt, hoje, no seu centenário.

Qual Conselho da Europa!

O Presidente da AR convidou vários protagonistas da adesão de Portugal ao Conselho da Europa para celebrar o 30º aniversário desse acontecimento que ajudou a melhorar a qualidade do regime democrático.Por cortesia ofereceu um almoço aos intervenientes, a maioria cidadãos sem cargos no parlamento hoje em dia.Das intervenções destes nem rasto nos jornais.Apenas o preço oscilante do ticket-refeição que ninguém pediu, embora se tenha apreciado e agradecido o convivio proporcionado entre todos.Como será que fazem com as recepções de lançamento e aniversário de jornais?Têm descontos a partir da centena de convidados?

Haverá outro partido socialista assim?

Fernando Diogo e Nuno Saraiva garantem-nos no Expresso que «Quem conhece José Sócrates, assegura que ele não perdoa a quem desafia a sua autoridade» para situar o que pode acontecer a Manuel Alegre na próxima reunião magna do PS.Imagino o choque cultural que a leitura desse artigo pode causar na Europa órfão de líderes.Mais uma vez Portugal oferece uma avant-première de como os partidos democráticos tudo podem oferecer.Que jornalista britânico acharia natural descrever Blair assim?Ou um espanhol a antecipar da mesma maneira o próximo congresso do PSOE?E como se concebe que em França ninguém tenha interrogado François Hollande sobre o regabofe oficializado no PSF com 3 candidatos a fazerem campanha para serem escolhidos para a corrida presidencial, num desafio múltiplo à sua autoridade pessoal e conjugal?Leiam o Expresso senhores da decadente Europa.E ponham os olhos em nós.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Ouvir a Rua e ouvir na rua

Ontem, como já assinalei , fiquei retido no Rossio durante 2 horas a ver a manifestação passar.Depois ainda me dei conta do enorme engarrafamento desde o Camões ao Largo do Rato, percurso que fiz a pé.Mas o que me impressionou mais foi a enorme paciência de todos perante o contra-tempo.Nem uma vez ouvi a célebre expressão«Vão trabalhar».Alguma coisa anda a fermentar...

Guerras que valem a pena

Fomos ver Guerras do Alecrim e da Manjerona de António José da Silva-O Judeu ao teatro D.Maria.com encenação de Paulo de Matos.São mais de 3 horas de prazer:texto pleno de meta-linguagem com indicações sobre os personagens através do vocabulário, música do compositor oitocentista António Teixeira, um tudo nada napolitano,marionetes a devido tempo, actores-cantores com destaque para Luis Rodrigues que ,creio, já o tinha visto no papel de Papageno na versão para crianças da Flauta Mágica na Gulbenkian.Muito sugestiva a iluminação para se perceber porque havia tantas comédias de enganos antes da electricidade.Teatro completo em homenagem ao dramaturgo da palavra, estrangulado e queimado num auto-de-fé numa altura em que faltavam vozes a reclamar a liberdade de expressão e de religião em Portugal.Foi há pouco mais de 200 anos.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Claramente visto

Fiquei retido no Rossio durante duas horas a ver a manifestação passar.Alguma coisa está a fermentar...

Quem não gosta do Prémio Nobel de Economia?

Primeiro foi o Prémio Nobel da Medecina atribuido a Craig Mello professor de medecina molecular na Massachussetts Medical School que havia descoberto em 1998 no Carnegie Institution de Washington um ácido que bloqueava alguns tipos de genes.Pois o Craig apresentou-se como descendente de um avô Melo que emigrara de Vila Franca do Campo- uma digna e bela localidade na ilha de S.Miguel-, então muito pobre quando eu lá vivi durante alguns anos no princípio dos anos 50.Reconheci o apelido Melo e imaginei o percurso daquela família até à geração do êxito.Não mereço nenhum prémio por isso mas senti-me próximo do premiado através dos Açores.Parece que não fica bem.
Também ainda não vi qualquer reacção dos nossos economistas ao Nobel atribuido ao neo-keynesiano Edmund Phels que foi discípulo de James Tobin e autor de vários ensaios sobre justiça económica inspirado no convívio com o filósofo John Rawls.A Academia de Estocolmo anuncia uma antecipação do comportamento dos agentes económicos, para empregar um outro tópico dos trabalhos de Edmund Phels?
Quem se sente incomodado?
Explique-nos o que se passa caro Aguiar-Conraria.

quarta-feira, outubro 11, 2006

O drama do ponta -de -lança moderno

Por motivos vários evito falar de futebol neste blogue. Um dos motivos é a JAD gostar mais de cinema.Mas o jogo Polónia-Portugal suscita-me uma reflexão urgente sobre a matéria!
Começo por salientar que Portugal jogou o mesmo que contra o Azerbeijão.A diferença esteve na equipa contrária.Os que gostaram dos 3-0 não têm razões de queixa.Ronaldo, e Miguel foram iguais a si próprios.A mim também me doem as costas quando enfrento uma contrariedade.Mas os nossos críticos que embandeiraram em arco no Bessa vão se ver aflitos para explicar a derrota na Polónia.Nestas circunstâncias costuma-se culpar Scolari e Nuno Gomes.Scolari tem muitas bandeiras a seu favor.Por isso vou defender o avançado-centro.
Nuno Gomes começa por ser o melhor marcador em actividade de funções e é já o quinto melhor de sempre na selecção.Fino, inteligente, joga generosamente para a equipa, e sem ser um portento de habilidade tem técnica suficiente para aproveitar com utilidade acima da média as poucas bolas jogáveis que lhe chegam em condições quer na selecção quer no Benfica.Marcasse ele os pénalties e teria sido o melhor marcador da Liga na época passada mesmo tendo sido ceifado por um defesa do Belenenses um mês antes do fim do campeonato.
Entalado entre os centrais o ponta de lança serve hoje mais para prender os defesas do que para finalisar as jogadas.O seu sentido de oportuninade na área revela-se agora sobretudo em lances furtivos como as recargas.Ainda contra o Azerbeijão no potente livre marcado por Ronaldo 2 jogadores correram bem colocados para o remate.Um,o excelente Ricardo Carvalho, marcou o golo,mas Nuno Gomes também poderia ter recargado com êxito.Ninguém referiu essa jogada.Todos preferiram fixar-se no facto de o ponta de lança ter ficado a zero num jogo que Portugal ganhou facilmente.Como será agora que Nuno Gomes marcou mas a equipa perdeu com um dos possíveis vencedores do grupo que jogava em casa?Vou ler até pelo prazer da dialéctica da argumentação!

Um post à Nuno Ramos de Almeida


Entre os cinco, eu sou o Kramer. Desconheço as restantes correspondências. Amanhem-se.

Para onde ir sem o Limbo?

A Comissão Teológica Internacional vai propor ao Papa o fim do Limbo, essa excelente utopia(no seu sentido literal) que levou quase ao Céu milhões de crianças desde que Santo Agostinho o criou, qual Deus das ideias, para oferecer uma solução justa aos bébes que ,já com o pecado original no código genético, eram vítimas da natalidade infantil antes de receberem o sacramento do baptismo.Para a minha Mãe esta doutrina foi de grande consolo quando arriscou embarcar-me no Funchal com destino a Ponta Delgada em pleno Atlântico invernoso e em plena guerra mundial, sem baptismo e apenas com 3 semanas de vida.O episódio foi-me contado as vezes suficientes para me provocar uma preferência pessoal na vida eterna.Por mim o Limbo estaria bem, como aliás o Purgatório não fosse este destinado a seres mornos.Agora sem um nem outro sinto-me numa via única não sei bem para onde.

terça-feira, outubro 10, 2006

As Coreias disparam

A Coreia do Norte disparou o seu ensaio nuclear no mesmo dia em que a Coreia do Sul conseguiu eleger o novo Secretário-Geral da ONU.A gestão desta crise atómica irá, ou não, aprofundar a divisão daquela península asiática?Ou o Pacífico próximo é o alvo?

segunda-feira, outubro 09, 2006

O 5º Poder?

Demasiadas personalidades na tomada de posse do novo Procurador-Geral Pinto Monteiro.Demasiadas expectativas, demasiadas conjecturas.Nada de semelhante com Cunha Rodrigues que fêz o cargo e a função, nem com Souto Moura que demonstrou a importância deste.Que significa tanta atenção?Que um dia o Procurador-Geral será eleito?

domingo, outubro 08, 2006

Serviço público em canal privado

Após uns mergulhos de adeus à praia num Algarve pleno de qualidade de vida outonal regressei a Lisboa a tempo de ver uma excelente reportagem na SIC sobre A Primeira Escola.Um programa sério, sem redenção nem apocalipse à vista (como os amadores tratam entre nós os problemas da educação), com gente informada a falar do que sabe e do que gosta.Que diferença com os programas tremendistas sobre a mesma matéria.Autêntico serviço público em canal privado.Obrigado.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Sobre o Dália Negra

a única questão que realmente vale a pena colocar é: naquela altura já existia technicolor?

quinta-feira, outubro 05, 2006

Cavaco Silva contra História oficial

Acompanho o discurso presidencial na Praça do Município.Concordo que os poderes públicos não devem apoiar versões oficiais da História.Nem sobre a República,nem sobre o Rei D.Carlos, nem sobre o colonialismo, nem sobre o tráfico de escravos, nem sobre o saneamento financeiro do Dr Salazar, nem sobre a história da corrupção...
Também concordo com o renovamento dos ideais republicanos, nomeadamente da sua dimensão ética.Mas sem perder de vista o vigor republicano na divisão de poderes, na separação da Igreja e do Estado, na extensão harmoniosa dos serviços públicos por todo o território nacional...E a igualdade cidadã entre todos.

Fiquei no entanto com a impressão que Cavaco Silva, ou alguém por ele, está apreensivo com as comemorações do centenário da República.Porquê?

5 de Outubro, dia de reflexão

Há um grande consenso sobre o carácter vanguardista da proclamação da República na varanda da Município de Lisboa.Todos concordam que a sua difusão foi feita no país através do telégrafo.Mas poucos entendem o que significou poder mudar de regime em Portugal numa Europa monárquica e imperial, com as excepções díspares da Suiça e da França.Deixo o assunto para reflexão do Rui Ramos.Chamando a atenção para o facto do 25 de Abril de 1974 também ter surgido isolado na Europa da Conferência de Helsínquia.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Eu cá gosto de K assim

Na primeira página do Público de hoje:”No seu depoimento, o agente Pedro lembrou que lhe tinham lembrado que as munições eram caras”.

Quatro por Quatro

É quarta-feira e por isso ando também pelo 5 Dias. Sim, ao contrário do que alguns dizem, não troquei estes 4 por outros 4.

Criar mitos e desmitificar

Maria Filomena Mónica apareceu na RTP1 com vontade de desmitificar alguns mitos criados por ela própria.Mitificou a classe operária e desmitificou-a;mitificou o patronato e desmitificou-o;mitificou a Universidade e desmitificou-a.Ficamos à espera da síntese.

terça-feira, outubro 03, 2006

Defina Urgência

pressa;
necessidade premente, imediata;
sector de um hospital onde se atendem doentes que necessitam de cuidados médicos imediatos.

Hellooooo! 45 minutos para um milhão de portugueses chegar às urgências!
Os que não se perderem pelo caminho, claro. Depois das estapafúrdias taxas para os internamentos e cirurgias, aqui está uma medida para moderar as ditas urgências, sim senhor.

Títulos que estão muito atrasados

Souto Moura despede-se em silêncio

Porque é que não se deixa de fumar em Chicago. Um consolo para todos os que falharam.



Vila-Matas
Da cidade Nervosa

"Fui a Chicago para deixar de fumar. Ao entrar no meu quarto no Allerton, interroguei-me por quanto tempo podia suportar a proibição de fumar. (…) No dia em que cheguei- o primeiro dia de Julho de 2000- o calor e a humidade eram insuportáveis. O clima de Chicago é muito duro no Inverno – o lago Michigan gela e atingem-se temperaturas dos 25 graus abaixo de zero – enquanto na Primavera e no Verão o calor e a humidade costumam ser asfixiantes. No Inverno a chamada cidade do vento converte-se num manto de neve. (…) Mas eu cheguei em plena canícula asfixiante e pensei, deixando-me levar pelo senso comum, que o clima dos quatro dias que me esperava em Chicago não teria variações. Equivoquei-me tanto como em supor que a cidade de Eliot Ness era idónea para deixar de fumar.
No mesmo dia em que chegámos, fomos jantar ao Miller´s Bar- um tugúrio mítico por ter contado com Humphrey Bogart e Frank Sinatra entre a sua mais entusiástica clientela -, onde alguém se torna espantosamente ridículo se não fuma. (…)
Na manhã seguinte, o tempo tinha mudado, suavizara-se o clima. Não sabendo que iria suavizar-se ainda mais, eu fumava por essas ruas pensando que não demoraria em voltar a asfixia e a humidade, fumava por essas ruas admirando – visualmente Chicago é esplêndida – a imaginação de arquitectos históricos como Roof, Holabird, Sullivan e Wright, que trouxeram à cidade arrasada pelo grande incêndio de 1871 grandes ideias para arranha-céus. (…)
Como Joseph Conrad que, na viagem ao Congo, foi descobrindo paulatinamente a loucura colonial, fui descobrindo, primeiro de forma pausada e depois acelerada, a evolução enlouquecida do clima de Chicago. Na noite do último dia, a tempestade era alucinante enquanto nos dirigíamos a um perigoso bairro dos arredores onde, segundo Antoni Munné, se ouviam – e devo dizer que era verdade – os melhores blues da cidade. Ali, a uns poucos quilómetros da casa de Raymond Chandler, num obscuro clube de blues invadido por um fumo azul, fui vencido pela tentação do tabaco imprescindível para escutar Johnny B. Moore na sua emocionante homenagem a Muddy Waters. (…)
Cheguei à minha cidade numa terrível madrugada de chuva e vento (…), uma madrugada terrífica que não me inquietou minimamente porque andava só preocupado com a urgência típica do aficionado aos blues: fumar à luz da lua até amanhecer. "

segunda-feira, outubro 02, 2006

A Cartilha de Ratzinger


O DN de hoje noticia que “um documento secreto do Vaticano, elaborado pelo então cardeal Joseph Ratzinger, o actual Papa, terá sido utilizado durante 20 anos para instruir os bispos católicos sobre a melhor forma de ocultar e evitar acusações judiciais em caso de crimes sexuais contra crianças.”A existência desta cartilha secreta foi divulgada pela BBC ontem, num programa intitulado Panorama. Naturalmente que a divulgação deste documento, que “impõe um pacto de silêncio entre a vítima menor, o padre que é acusado do crime e quaisquer testemunhas ou pessoas a par do ocorrido”, sob pena de excomunhão, está a causar a maior celeuma.
Vão ver o programa da BBC. Está aqui.

domingo, outubro 01, 2006

O Muro do México

O Congresso norte-americano aprovou a construção de um duplo muro entre a fronteira dos EUA e o México numa extensão prevista de cerca de mil quilómetros, havendo cabimento orçamental para o arranque no próximo ano orçamental.Se Bush não vetar esta medida faraónica será fatal a evocação do Muro de Berlim, embora as proporções sejam mais as da Muralha da China.!Paraíso cercado ou América Fortaleza?

Quem desce?

O Público de Sábado coloca Mota Amaral a descer por causa de um diferendo interpretativo com as Finanças sobre a sua residência.Embora Mota Amaral tenha em geral boa imprensa não percebo o critério jornalístico nem a posição da administração fiscal neste episódio.Desde 1999 que os residentes na Região Autónoma dos Açores têm um regime fiscal que lhes cobra menos 20% no IRS.Nem sequer o recente Acordão do Tribunal de Justiça das Comunidades se opôs a estas medidas destinadas a beneficiar as regiões periféricas insulares.Por outro lado Mota Amaral foi presidente do governo regional durante 20 anos seguidos e desde então é deputado à AR eleito pelo círculo eleitoral dos Açores onde mantém residência, certamente contacto com os eleitores e actividades políticas e partidárias regulares, deslocando-se a Lisboa e recebendo as respectivas ajudas de custo por essa razão.Onde está a dúvida sobre a sua residência?Os deputados portugueses ao Parlamento Europeu pagam porventura os seus impostos em Bruxelas?
Esclareço que não só já não sou deputado como paguei sempre os meus impostos em Lisboa por ter cá residência há 32 anos.Mas faz-me impressão a confusão nos espíritos sobre coisas claras.