Maldade, metamorfose e música.
O filme está no King e vale a pena. “De tanto bater o meu coração parou” é intenso e ansioso. Centrado num personagem masculino (magnificamente interpretado por Romain Duris) conta a história da sua transformação e maturidade. Tom é um canalha do ramo imobiliário, habitando um mundo sórdido e malévolo. Misto de Acossado e Easy Rider, parece condenado a seguir o caminho do pai: ser um homem - rato, sem escrúpulos ou compaixão. A sua relação é ambivalente e dura. Tom obedece-lhe, cumprindo tarefas sujas, procura desesperadamente uma intimidade que nunca se esboça, toma conta do pai que envelhece sem adoçar, sem arrependimentos ou paz.
A câmara persegue-o como se fosse um prolongamento do seu próprio corpo, uma “câmara - prótese”, levando-nos por um Paris pardo nuns phones que tocam techno em enervantes e estreitos percursos.
É o encontro casual com o agente da mãe, pianista famosa, que coloca Tom perante a possibilidade de fazer uma audiência e, assim, tornar-se também pianista. A história impossível entrança-se, então, entre a crueza e o sonho, o destino e o desejo, a dependência e o crescimento, a impenetrabilidade e a emoção. Mas também entre o pai e a mãe. Um pai distante e que o compele à violência, mas que está vivo. Uma mãe-piano, harmoniosa e encantadora, mas que há muito faleceu. Entre um pai viril, aparentemente invencível, e uma mãe psicologicamente frágil que precocemente o abandonou.
É das duas vidas do personagem, da vida noctívaga, ruidosa e suja e da vida de Bach e da luminosa professora vietnamita que o prepara para a prova, que vive a contradição e a empatia no filme. O mesmo chiaroscuro que aparece representado no cartaz. De noite Tom cerra os punhos, de dia tem mãos ágeis e graciosas. Paulatinamente o repetitivo techno é substituído por uma tocata virtuosa e difícil, pouco a pouco há uma linguagem universal, identidade e esperança. Progressivamente bate o coração de Tom.
Termina com a formação de um compromisso…a única que respeita o público que, expectavelmente, se envolveu com a humanidade e genuinidade da história. Tom não vinga, pacifica-se. Não vence, mas ama.
Claro que a banda sonora é essencial, potenciando a veemência do filme, e que Jacques Audiard se revela, cada vez mais, como um realizador a acompanhar.
É o encontro casual com o agente da mãe, pianista famosa, que coloca Tom perante a possibilidade de fazer uma audiência e, assim, tornar-se também pianista. A história impossível entrança-se, então, entre a crueza e o sonho, o destino e o desejo, a dependência e o crescimento, a impenetrabilidade e a emoção. Mas também entre o pai e a mãe. Um pai distante e que o compele à violência, mas que está vivo. Uma mãe-piano, harmoniosa e encantadora, mas que há muito faleceu. Entre um pai viril, aparentemente invencível, e uma mãe psicologicamente frágil que precocemente o abandonou.
É das duas vidas do personagem, da vida noctívaga, ruidosa e suja e da vida de Bach e da luminosa professora vietnamita que o prepara para a prova, que vive a contradição e a empatia no filme. O mesmo chiaroscuro que aparece representado no cartaz. De noite Tom cerra os punhos, de dia tem mãos ágeis e graciosas. Paulatinamente o repetitivo techno é substituído por uma tocata virtuosa e difícil, pouco a pouco há uma linguagem universal, identidade e esperança. Progressivamente bate o coração de Tom.
Termina com a formação de um compromisso…a única que respeita o público que, expectavelmente, se envolveu com a humanidade e genuinidade da história. Tom não vinga, pacifica-se. Não vence, mas ama.
Claro que a banda sonora é essencial, potenciando a veemência do filme, e que Jacques Audiard se revela, cada vez mais, como um realizador a acompanhar.
<< Home