sexta-feira, setembro 23, 2005

Racionalismo "à la carte"

"Duas extravagâncias: excluir a razão, aceitar apenas a razão.”
- Blaise Pascal, Pensees (1670)

Ocorreu-me esta citação de Pascal ao ler as palavras de Martim Avillez Figueiredo nas páginas do Diário Económico:

"Manuel Maria Carrilho não merece conquistar um lugar na Câmara Municipal de Lisboa.

Não é nada contra o filósofo e homem de muitas leituras. É contra o político, esse que, quase 16 anos volvidos sobre a queda do império racionalista, insiste na tese do pensamento único e do autoritarismo intelectual.

Não vale sequer a pena lembrar o debate na SIC Notícias onde o político Carrilho mostrou ao país toda a sua arrogância. O que importa é recordar todos os perigos do racionalismo como forma de pensamento e modo de estar na sociedade.

Para um racionalista, por exemplo, o passado pouco importa. O princípio que subscreve é o de aplicar uma tábua rasa sobre tudo o que conhece. E se o passado é irrelevante, a acumulação de experiências de nada vale para um racionalista quando confrontada com a sua mente brilhante – porque é disso que se trata: qualquer racionalista partilha a convicção de que as ideias que defende são as únicas que merecem ser aplicadas."


PS:: Andará o Martim, a ler Karl Popper recentemente?
PSS:: Quanto a Manuel Carrilho e ainda no rescaldo da esgrima verbal entre o mesmo e Carmona Rodrigues, eu pergunto-lhe Sr. Prof: Nunca leu a cartilha do Sr. Jürgen Habermas e os seus ensinamentos sobre "teoria discursiva"? Olhe que era capaz de o ajudar a tornar-se um melhor democrata e cidadão (o Eng. Carmona também poderia ler, mas esse tem desculpa, não é filósofo de profissão).