sábado, outubro 31, 2009

Cheira mal

Depois de ler os jornais esta manhã fiquei com a impressão que toda a gente anda mais solta com este caso de corrupção da sucata e dos resíduos sólidos. Como se, finalmente, se tivesse apanhado um peixe do tamanho conveniente, e de uma espécie permitida.Nem muito pesado nem raquítico.A tempo de ser preparado para o almoço. Ou muito me engano ou este caso vai mesmo para a frente.Ou vai passar à frente.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Francisco Assis

Leio que o líder da bancada socialista, Francisco Assis, não convidou nenhum ex-membro do anterior governo para a direcção do grupo parlamentar. Não se trata, é claro, de uma punição, mas de uma medida que evitará muita defesa da honra e dará mais liberdade de acção aos deputados do PS na promoção das políticas para esta nova fase da política portuguesa. Francisco Assis, aliás, por si só, anuncia novidades no interior da «esquerda moderna».

quinta-feira, outubro 29, 2009

Sobre o colapso das sociedades

quarta-feira, outubro 28, 2009

Antes do programa de governo

Se este governo souber aproveitar bem a circinstância do PS só ter maioria relativa na AR, ainda poderá salvar o enervado consulado anterior. Consolidar as reduções na despesa , ir buscar mais receitas fora do mundo do trabalho, escolher e executar um plano de obras públicas menos teórico, dar mais atenção às escolas , calibrar melhor os sacrifícios pedidos aos funcionários públicos, e , sobretudo, dar garantias aos cidadãos que o Estado de Direito vigora no dia-a-dia , eis o que pode salvar o passado e lançar o PS para o futuro. O PS e o prestígio da esquerda moderna...

segunda-feira, outubro 26, 2009

Dois discursos

Foi a primeira vez que Cavaco Silva deu posse a José Sócrates. O discurso foi cauteloso mas significativo. Fez-me lembrar o de Jorge Sampaio ao dar posse a Santana Lopes quando chamou a atenção para « a situação preocupante» do País e para as medidas que ,com urgència, espera do novo governo. Nem falo da frase «nunca faltei à palavra dada» que não é para leigos.
Quanto a José Sócrates fez bem em recordar donde lhe vem o mandato e em agrupar as suas prioridades da Agenda de Modernização,para além do combate à crise,- Energia- Escola-Justiça Social -, antes que a realidade lhe entre pela janela. Adiantou-se ainda ao PR na afirmação republicana que vai marcar o próximo ano, quer os conselheiros de Belém queiram quer não queiram...
Mas foram dois discursos minimalistas. O mais ficou para depois.

domingo, outubro 25, 2009

O caso Saramago

Escrevi o que tinha a escrever sobre o fenómeno Saramago num artigo publicado pelo Diário de Notícias em 13 de Outubro de 1998, intitulado Saber Renascer, que ainda anda aí pela net graças à atenção que mereceu na altura da atribuição do Nobel.Nele escrevia que « José Saramago nada deve ao sistema escolar português , selectivo, elitista e abundantemente estéril(...)Nem os estudos secundários os completou, o Nobel da língua portuguesa. Não foi pois o sistema formal de ensino que lhe suscitou a gramática e a criatividade artistica. José Saramago, Prémio Nobel, é uma obra exclusivamente sua.(...)Numa terra de doutores, ele afirma-se do lado do país para quem a escola não chegou».
Combati, como poucos, a acção dele à frente do DN em 1975, raramente estou de acordo com o que ele diz, mas admiro-o como pessoa que soube renascer como aconselha Séneca, e simpatizo com a sua tendência para o escândalo num país aparentemente de brandos costumes. A Bíblia dá para tudo, até para o que Saramago disse ingenuamente. Nem é preciso seguir o filósofo Celso e o seu Discurso tardo-pagão contra o Livro.Quem não hesita entre o cordeiro de Deus e Deus?

Hora de Inverno

Pronto, acabou o tempo das cigarras ao fim da tarde.

sábado, outubro 24, 2009

Tudo certo

Fui dos que defenderam, no fim da época passada, a saída de Quique Flores do Benfica. Com os resultados que estão à vista.Um experimentalismo adolescente na formação da equipa, acompanhado do desconhecimento da natureza identitária do SLB, não me deixavam dúvidas sobre a sua desadequação como treinador do clube. É certo que ele aparentava ser um senhor mas nem mesmo aí me convenceu totalmente. Previ que o homem acabaria no Atlético de Madrid, um clube cuja bizarria na estratégia me dava alguma esperança da profecia se verificar. O que acaba de acontecer.Foi por isso , caro Martim Silva, que ele finalmente lhe respondeu ao pedido de entrevista feito na hora da despedida...

sexta-feira, outubro 23, 2009

Um verdadeiro «Executivo»?

Pelo que vejo este governo irá legislar menos e dedicar-se à execução das leis que aprovou quando tinha maioria absoluta, e que não sejam alteradas pelas oposições na AR.Desse ponto de vista, estaremos perante um governo que será um verdadeiro Executivo.

Mais e menos

Há mais mulheres no governo.Só há um eleito entre os novos ministros, Alberto Martins. Se a regra for a mesma para os secretários de Estado, Francisco Assis terá a vida facilitada para formar a direcção da bancada. Ou não?

quinta-feira, outubro 22, 2009

Os novos ministros

Não tenho muitos sentimentos em relação ao novo governo. Parece-me bem pensado, mas com incógnitas a mais para um cidadão como eu: desconheço alguns dos ministros que entram, como o da Agricultura e o das Obras Públicas, pouco sei da Ministra do Trabalho mas ela tem curriculum no sector.Tenho esperança em Isabel Alçada , além do mais pelo entusiasmo e organização que transmitiu ao Plano Nacional de Leitura ,tenho um preconceito positivo em relação a Gabriela Canavilhas como gestora cultural, desejo que Alberto Martins faça um bom mandato como Ministro da Justiça, depois destes 4 anos de sacrifício como líder parlamentar.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Cumprir a sondagem?

Há dias os jornais fizeram-se eco de uma sondagem segundo a qual apenas 10% dos portugueses teriam lido a Bíblia por inteiro, coisa evidentemente exagerada num país de religião transmitida oralmente como ainda é o nosso, em que judeus e protestantes são minorias, e as outras crenças são consideradas «seitas». Mesmo a maioria dos que leram a Bíblia- Velho ou Novo Testamento-, leram vulgatas, partes, súmulas traduzidas aproximadamente. Tenho-me por um razoável conhecedor da Bíblia, inclusive escolhi duas cadeiras de Teologia na Universidade de Genebra, fundada por Calvino. Nunca diria porém que a li na íntegra.Sou apenas um agnóstico informado.
Mas depois da polémica generalizada à volta da frase ,propositadamente blasfémica ,de Saramago começo a acreditar que a civilização do Livro afinal está a chegar aos portugueses com alguns séculos de atraso.E que chegaremos aos 10% de leitores certificados pela OCDE...

Cair 14 lugares e poder cair ainda mais

Portugal terá caído 14 lugares num ranking da liberdade de imprensa no mundo organizado por uma organização -Repórteres Sem Fronteiras- do ano passado para este ano. Abandonamos um honesto 15º lugar para ficarmos colocados na casa dos trigésimos,entre a Costa Rica e o Mali, países que francamente me surpreendem como vizinhos na matéria, e que assim ,com a nossa companhia, se devem achar o máximo. Ainda por cima dá a impressão que para o ano será pior...

Joaquim Sarmento

Foi um deputado com uma personalidade diferente.Culto, com uma sensibilidade muito própria, a vida política encarava-a pelo prisma dos valores e do serviço público. Escreveu, aliás, um belo livro de memórias dedicado à actividade da Assembleia da República, em que aqueles aspectos sobressaem.
Hoje lança na Associação 25 de Abril um romance A Revolução de António e Oriana, onde estará certamente rodeado por muitos amigos e admiradores. Parabéns, Joaquim Sarmento.

domingo, outubro 18, 2009

Por outro lado ,no PSD...

Por outro lado, o PSD entrou em contagem decrescente para mudar de liderança. Não compreendo tanta pressa pois MFL declarou-se disposta a continuar até ao fim do mandato que será em Maio. Uma benção para os pretendentes à sucessão. O PSD não tem boa posição nem na discussão do programa do governo, e muito menos na votação geral do Orçamento. Tudo o que escolher fazer será dilemático e para esquecer. Só lá mais para diante voltará a merecer alguma atenção dos portugueses. Então para quê tanta pressa?

sábado, outubro 17, 2009

O fim do BE como «empresa familiar»?

O que se acaba de passar com as eleições internas para presidente do grupo parlamentar do BE merece atenção. Segundo li, João Semedo, talvez o melhor deputado do Bloco na legislatura anterior, apresentou-se a votos e foi derrotado. Como solução apareceu José Manuel Pureza, eleito líder do grupo, « meia-hora» depois de ter tomado posse como deputado pela primeira vez. Diga-se que aprecio imenso o J.M. Pureza, e estou certo que exercerá com inteligência e convicções o novo cargo, apesar de ter recebido a bola em más condições . E aqui é que bate o ponto: o BE começa a ter vida política interna. O dominio da oligarquia inicial vai sofrer alterações no seu modo de funcionar. Talvez seja o preço do semi sucesso eleitoral nas legislativas seguido do desaparecimento nas autárquicas.Veremos se o BE chega ao fim da legislatura inteiro.

sexta-feira, outubro 16, 2009

A propósito de Deus Pinheiro

Deus Pinheiro começou a sua carreira política como ministro da Educação, se não erro. Foi cooptado por um cultor da «boa moeda» fora de circulação como Cavaco Silva que também começou a sua vida política institucional pelo governo e não me lembro que tenha sido deputado. Depois Deus Pinheiro foi ministro dos Estrangeiros, Comissário Europeu, novamente indicado por Cavaco. e eleito deputado ao Parlamento Europeu, cargo que exerceu.Agora foi eleito deputado à AR, e resignou meia-hora depois de ter tomado posse. Num país em que a actividade parlamentar tem má imprensa, em que nenhum ex-presidente da República voltou à AR, em que Santana Lopes foi o único antigo primeiro-ministro que se dignou voltar a ser deputado, a atitude de Deus Pinheiro é sintomática de uma certa cultura nacional. Sair da AR é quase uma questão de estatuto político e social...

quinta-feira, outubro 15, 2009

Um ano de simulação política? (Versão final)

Tudo indica que as forças políticas se preparam para um ano de simulação de objectivos políticos à espera que se definam os cenários das presidenciais.Entretanto vamos ter a passagem do programa de governo na AR sem votação, a aprovação do Orçamento com a provável colaboração do CDS, o regresso das medidas de início de mandato. Não esquecer que a Comissão de Bruxelas já iniciou os procedimentos por «défice excessivo» a vários Estados da zona euro, entre os quais Portugal, entrando assim no ciclo europeu da simulação.

quarta-feira, outubro 14, 2009

A táctica não era precisa

Acabou o jogo Portugal-Malta. Como deu para perceber não era precisa qualquer táctica para vencer. Como viram o Liedson entrou mudo e saiu calado e mesmo assim marcámos quatro...

Dar a táctica

Espero que logo à noite a selecção jogue em 4-4-2, que o Nuno Gomes seja titular, que seja o capitão e que marque pelo menos um golito para chegar aos trinta. Há gente demais a não querer que isso aconteça para eu ficar calado!

Uma tontinha

Tenho a certeza que qualquer pessoa percebe logo à primeira vista que Maitê Proença cultiva o género tontinha. Pelo menos no Brasil.Não acha meu caro Francisco?

segunda-feira, outubro 12, 2009

Canonizar sem milagres

Sigo com o maior interesse a evolução intelectual e política de Rui Tavares. Acho-o sério, culto, inteligente, da esquerda liberta, mas temo pela excessiva vontade de agradar que se depreende de algumas das suas posições. Foi dos primeiros entre nós a perceber o que havia de fértil e de diferente na candidatura de Obama. Separou-se com ela da fila acrítica do anti-americanismo, manteve-se autónomo na apreciação da maioria dos temas que dividem a esquerda. A comunicação social percebeu o fenómeno e refrescou-se com a sua qualificada colaboração.
Hoje porém Rui Tavares dá um passo em falso no artigo do Público. «Até eu acho exagerado o Prémio Nobel atribuido a Barack Obama», escreve sob o título Canonizar antes dos milagres.
Meu Caro Rui Tavares: chegará o tempo em que não serão precisos milagres para santificar alguém. Mais: dificilmente o Nobel da Paz seria atribuido mais tarde a Barack Obama. Talvez o da Literatura, como o que foi atribuido a Churchill...

Excelente vitória de António Costa

Tudo parecia estar contra ele: à coligação de direita juntava-se o efeito imprevisível da figura de Santana Lopes e a recusa do PCP e do BE em juntarem esforços com o PS por causas variadas mas cujo efeito poderia ter sido fatal , para além do curto e difícil mandato intercalar de dois anos. Pois António Costa conseguiu tecer meticulosamente uma teia de apoios políticos, federou Helena Roseta e José Sá Fernandes, chamou a si nomes como os de Carlos do Carmo, José Saramago e Carvalho da Silva, e fez uma campanha cheia de virtú. Alcançou a maioria absoluta na Câmara de Lisboa e consolidou a sua posição a nível nacional, tanto mais que os resultados foram superiores aos alcançados em Lisboa pelo PS nas legislativas de há quinze dias, José Sócrates dixit.
O PS conseguiu aliás muito bons resultados nestas autárquicas, sobretudo tendo em conta que é o partido do governo e que este costuma ser penalizado neste tipo de eleições. Vide Guterres em 2001.

domingo, outubro 11, 2009

Estou para ver a taxa de abstenção aqui na freguesia...

Há pelo menos três horas que há longas bichas nas mesas de voto da freguesia de S. Mamede, em Lisboa, sobretudo na que vai dar à mesa da 1ª secção. Não via nada do género desde a eleição para a Constituinte em 1975. Fico agora à espera da enormidade da taxa de abstenção para confirmar que uma coisa é o conhecimento empírico, outra é a lei dos grandes números.
Declaração de interesse: sou candidato suplente na lista do PS para a Assembleia de Freguesia.

Ainda sobre o regresso da ideologia

O Francisco José Viegas também acha que o prémio Nobel da Paz atribuído a Barack Obama está a causar um regresso de opiniões ditadas por preconceitos ideológicos. Diferimos apenas sobre quem começou a guerra. Desde que os defensores de Obama não se rendam não dou importância à origem dessa espécie...
E, Francisco, muitos parabéns pelo Mar em Casablanca.Para quando a reedição do
Crime em Ponta Delgada?

sábado, outubro 10, 2009

Uma conclusão heterodoxa

Ganhamos claramente à Hungria sem contar com Cristiano Ronaldo durante dois terços do encontro...O resultado de um jogo de futebol permite muitos exercícios de heterodoxia...
P.S.- Está fora de questão o valor individual de Cristiano Ronaldo e até a prova de dedicação que deu ao jogar hoje 30 minutos com uma lesão latente.Mas que o futebol é um jogo colectivo lá isso é.O que muitos esquecem.

Ainda sobre o Nobel da Paz, ou o regresso da ideologia

A ideologia regressou pela direita como se pode aferir pelas reacções à atribuição do Nobel da Paz a Barack Obama. A esquerda europeia situacionista que se cuide. Mas o melhor mesmo foi o breve discurso do premiado. Uma interpretação autêntica do significado que dá à escolha.Contrariamente a outros premiados não se mostrou superior ao seu próprio país.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Regressado da terra de Obama

Estes meus dias de ócio foram passados nos EUA, mais precisamente em LA e arredores. Ao desembarcar em Lisboa a notícia da atribuição do Nobel da Paz a Obama contrasta com as dificuldades que o presidente defronta internamente.Até a escolha da cidade do Rio de Janeiro para realizar os JO lhe caiu em cima esta semana por causa do seu empenhamento pessoal na candidatura derrotada de Chicago. O prémio Nobel da Paz vem pois na melhor altura.Uma autêntica ajuda do exterior, como aquela que já foi dada aos negociadores do malogrado Acordo de Oslo sobre o Médio-Oriente, ou a Ximenes Belo antes da independencia de Timor. Quando o que conta são as intenções e não tanto os resultados. Um sinal de encorajamento da sociedade internacional para as difíceis metas mundiais de Barack Obama.

quinta-feira, outubro 01, 2009

O ócio é muito exclusivo

Aproveito para informar os estimados clientes que me vou ausentar por uns dias aqui dos Bichos. Por puro ócio. É que o ócio é muito exclusivo!

Falar na televisão

Estive esta noite na SIC-N num debate com Adelino Maltês moderado por Ana Lourenço. Mais do que duas opiniões diferentes houve dois registos diferentes. Adelino Maltês, por cidadania, enveredou por uma explicação axiológica do que está em causa no conflito entre o PR e o «Partido do governo», para usar a expressão do próprio Presidente. Eu, também por dever para com os tele espectadores ,escolhi a via da análise comparativa com outros diferendos entre presidentes da República e primeiros-ministros no passado: Eanes-Soares;Eanes-Sá Carneiro; Soares-Cavaco, e não tive ocasião de recordar o que opôs Sampaio a Santana. São muitos diferendos sem teoria. O que aconteceu desta vez foi que o tema sensível das «escutas» , ou da vigilância, foi levantado no topo do Estado sem precisão e de forma atabalhoada, num momento em que o PR está particularmente fragilizado: o PS acaba de ser o partido mais votado, o PSD perdeu com a «boa moeda» e pode queixar-se de Cavaco Silva ; a opinião está perplexa, os mais fortes agentes económicos e sociais ansiosos de «governabilidade». Repito: Cavaco Silva corre o risco de seguir o modelo Craveiro Lopes...

Mais informo o João Gonçalves que aceitei o convite para ir agora à televisão por dever de cidadania.Pode ser uma «ressurreição», mas não a tomo por uma epifania...