Um País de Eventos
No programa Prós e Contras lancei o conceito de« País de eventos» como um dos motores para a economia portuguesa nesta emergência em que as exportações desfalecem e as importações crescem.Quer aqui no blogue, quer em conversas pessoais,ou ainda por mensagens, muitos me têm interrogado sobre o que quis dizer com esse conceito.Sobretudo a curiosidade de alguém genuinamente interessada na questão e que me pergunta:
«Que eventos?Serviços internacionais ?Empresariais?Institucionais?Recreativos?»
leva-me a transcrever parte de um artigo que escrevi no Diário de Notícias em 6 de Julho do ano passado, exactamente intitulado«Portugal País de Eventos» ;
«Portugal já foi um país de marinheiros, de doutores, de políticos, de industriais, e agora é uma sociedade de financeiros e de jornalistas.A entrada na U E ajudou muito à passagem da efémera hegemonia da classe industral para um híbrido social que designaremos por empresários de negócios e eventos.
As classificações estatísticas à volta do sector dos serviços não são suficientes para revelarem o "cluster" de onde ele provem. mas adquiriu o seu direito de cidade com uma sucessão de eventos efémeros como a Expo 98 e o Euro 2004. O certo é a sua importância ser cada vez maior na vida nacional. A preferência dos financeiros no estímulo a essas actividades e a vocação mediadora e difusora da comunicação social aliam-se para anunciar as máximas margens de êxito. Daí que esses eventos, normalmente muito onerososa para as finanças públicas, tenham melhor imprensa do que as despesas do Estado com a saúde e a segurança social.
(:::) O êxito do Euro 2004 introduziu elementos de gestão, inovação, redes de conhecimentos e de interesses que procurarão repetir a organização de eventos em Portugal com características afins. Já tivémos a tentativa falhada da realização, na baía de Cascais, da "American Cup", mas outras iniciativas se seguirão certamente.
De facto, o processo de integração de Portugal na U.E. acabou por privilegiar o mundo financeiro e as actividades bancárias, que, por sua vez, encontraram nesta sucessão de acontecimentos internacionais um meio para estabelecer e reforçar alianças com o mundo dos negócios associados e com o "cluster" do turismo, tão naturalmente interessado nessas novas linhas de promoção.
Tudo isto no exacto momento em que as empresas industriais portuguesas, prejudicadas pelas taxas de câmbio e de conversão do escudo para a moeda europeia, e pela globalização da mão d'obra barata, não conseguem ser competitivas no mercado externo e sofrem a sua concorrência no mercado interno....»
Sim, apreciada crítica, eventos internacionais, empresariais,institucionais,e recreativos.Ou já ninguém se lembra da Suiça? A Irlanda e a Finlândia são bem mais frias...
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