domingo, julho 30, 2006

"Si vis pacem para bellum"

"A Europa tem uma enorme fragilidade como actor político e estratégico."
-- afirma Luis Amado, Ministro dos Negócios Estrangeiros.

O diagnóstico não é novo, aliás é repetente. Não é a primeira, nem a segunda ... nem a enésima vez que ouvimos falar da necessidade da União Europeia ter uma força única de intervenção, de estabilização, de contenção ou qualquer outro "ção".

Se calhar estou a ser demasiado redutor ou simplista nas minhas conclusões, mas por vezes tenho a impressão de que realmente a Europa está confortavelmente bem acostada à sua posição "Kantiana" porque tem uns Estados Unidos musculadamente "Hobbesianos" para tratar da "paz".

O problema é quando "eles" tratam das coisas à maneira deles.

sábado, julho 29, 2006

Israel e a Palestina

As forças que mais radicalmente lutam contra a existência de Israel também não querem um Estado da Palestina laico. Essa revelação pode estar para breve.Há várias ideias sobre «o novo Médio Oriente»!Para já a acção do Hesbollah calou os dirigentes da Alta Autoridade para a Palestina...
Faltou-me dizer isso ontem à noite na SIC-Notícias.

sexta-feira, julho 28, 2006

Abandonos

No mesmo DN leio que Maria João Pires abandona Belgais, no distrito de Castelo Branco, e Portugal todo inteiro para se fixar no Brasil por se sentir incompreendida no seu esforço para descentralizar a arte musical.Uma amiga jurou-me que o trabalho da nossa melhor pianista merecia mais apoio.Registo que nos últimos dias a ideia de abandonar Portugal também passou pela cabeça de Manuel Alegre, depois de ter percebido que nem aos 70 anos um antigo adversário do dr Salazar tem direito a reforma...

Educar para o Parlamento

Vejo na sondagem do DN de hoje que a carismática Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, ainda há pouco tempo elogiada por tudo quanto era autoridade em Portugal desde Cavaco Silva a Marcelo Rebelo de Sousa, deu um valente trambolhão depois de ter ido à Assembleia da República explicar o caso da repetição dos exames.Deixemos de lado o facto de ser uma injustiça os ministros da Educação passarem a vida a serem avaliados por causa dos exames dos alunos, e fixemo-nos no triste fado de poucos se darem bem com o parlamento:Marçal Grilo descreveu em páginas emocionadas e inesquecíveis os tormentos por que passou sempre que trocava a 5 de Outubro por S. Bento de baixo.A ministra da coligação PSD-PP,Maria João Seabra,confundia deputados e jornalistas.É caso para propor uma disciplina de educação para o parlamento...

domingo, julho 23, 2006

O eterno dilema



O fim-de-semana. Depois de uma semana de labuta intensa, o que fazer com o fim-de-semana (para além da preguiça costumeira)?

Se não tem planos mas gostaria de ter ideias e aproveitar melhor o seu fim-de-semana, dê uma espreitadela no Le Cool ou assine a sua e-newsletter semanal (um óptimo complemento à Agenda Cultural da CML).

Como chamar a atenção ...




... despoletando um "word-of-mouse" quase-Pavloviano?
Fácil! Graffitando o Air Force One, o avião do Presidente dos EUA.

"Spoof" ou verdade?

sexta-feira, julho 21, 2006

Hibernação intermitente

Os bloguistas hibernam no Verão.Não serei excepção.Com um olho aberto e o outro fechado, como é meu hábito,cá virei intermitentemente.

quinta-feira, julho 20, 2006

Da lista de Mercês à lista do Protocolo

Os reis de Portugal concederam Mercês até muito tarde.Inclusivé FilipeII de Espanha entrou em Portugal erguendo bem alto o pendão das graças que iria distribuir pela nobreza, ainda antes do Duque de Alba ter ido até Alcântara, e de se reunirem as Cortes em Tomar.Muitos dos nossos maiores foram agraciados com tenças régias publicadas em listas já na monarquia constitucional.Era discutível mas era transparente.Agora os maiores ganhos não constam de nenhuma lista, estão dispersos por mil e uma interligação entre a sociedade civil e os defensores do Estado mínimo.Este, agora, à falta de dinheiro, quer redistribuir honrarias sem aumento da despesa numa longa lista protocolar com 58 graus de precedência para alinhar em procissão algumas centenas de estadistas, uns poucos ex-estadistas e um putativo estadista em lista de espera para primeiro-ministro.Se a isto juntarmos o estudo dos ossos de Afonso Henriques logo se percebe para onde caminhamos.Para Bizâncio.

A Entidade Reguladora já leu o livro?

Antes que alguém pergunte por qualquer outro assunto relevante, tipo resultado de um inquérito urgente que se arraste há uns tempos, ocorre-me indagar se a esperançosa Entidade Reguladora da Comunicação Social já tomou alguma decisão sobre as questões suscitadas pelo livro de Manuel Maria Carrilho.Ou dito de outro modo:ninguém pergunta porquê?

quarta-feira, julho 19, 2006

Corte na aldeia

Não, não é o regresso da bela obra de Rodrigues Lobo, que bem merece ser relembrada.Mas uma sugestão que me ficou da noite quente bem passada na Azoia-Espichel no «Espaço das Aguncheiras» na companhia da São José Lapa e do seu grupo de teatro onde se misturam profissionais e filhos da terra amadores quanto baste.Um sonho de uma noite de verãode Shakespeare foi devidamente adaptado aos 30 graus ambiente dum espaço campestre recreado por uma encenação divertida e telúrica.
Refira-se que as indicações ad-hoc colocadas no caminho para a Aguncheira eram de tal modo precisas e claras que as autoridades nacionais responsáveis pelas sinalizações nas estradas teriam muito a aprender com estes comediantes aplicados...

Lembrar Azeredo Perdigão

A Fundação Gulbenkian,essa grande novidade que comemorou ontem 50 anos,deveu-se, para além da vontade do Arménio, ao grande talento de jurista e de negociador do advogado José de Azeredo Perdigão.A ele se deve a estratégia para manter a fundação«Como portuguesa, perpétua, e com sede em Lisboa», conseguindo negociar com Salazar os Estatutos que previam uma maioria de Administradores de nacionalidade portuguesa, a isenção do imposto de sucessão,e com o filho de Calouste,Nubar,a aceitação dos termos testamentários.Em seguida conseguiu a vinda para Portugal das colecções de arte de Calouste Gulbenkian espalhadas pela Inglaterra, França e EUA.Depois presidiu ao arranque da Fundação numa perspectiva de modernidade, ilustração e solidariedade.Sem nunca esquecer, como escreveu numa carta a Salazar em Julho de 1968 os «princípios básicos de ordem política e social em que foi educado e em que sinceramente sempre acreditou».Esses princípios eram os da democracia republicana.
Lembrei-me muito dele durante as comemorações de ontem, e do convívio com que me privilegiou durante anos.

segunda-feira, julho 17, 2006

G de Guerra

Os editoriais do The Guardian e do El País, sobre a reunião do G8 e a crise no Médio Oriente. É o mínimo que se pode dizer.

It could, then, have been a stroke of good fortune for the Group of Eight nations to be meeting at the same time as a downward spiral of retaliation and counter-strike took hold in Israel and Lebanon. In a sane world the summit would have allowed the heads of the most powerful countries to sit down and jointly persuade all sides into respecting a ceasefire and imposing a period of calm. Instead, the G8 meeting in St Petersburg remained divided. Its emergency communique, issued last night after long wrangling, merely called for "utmost restraint" and an end to attacks, and for the UN security council to consider a monitoring force on the border between Israel and Lebanon.


Mientras el nudo de la guerra se aprieta sobre Líbano y Gaza y se cobraba ayer más de treinta muertos, los líderes del G 8, el conjunto de naciones más ricas del mundo, hacía ayer pública una declaración que instaba a Israel, a los palestinos y a la milicia de Hezbolá a que suspendan las operaciones militares. Una invocación tan seráfica tiene por fuerza que resultar inocua, salvo que se interprete, como parecería lógico, que Estados Unidos hará valer su influencia sobre Israel para detener el sangriento ataque sobre el sur de Líbano. Pero, en sus propios términos, la declaración es la demostración de que Estados Unidos, Rusia y Francia mantienen significativos desacuerdos sobre el origen y alcance de este episodio bélico. Lo que George Bush presenta como el derecho de Israel a defenderse -una versión de la política de intervención preventiva aplicada por su Administración en Afganistán e Irak-, para Francia es una respuesta excesiva de Israel, que quizá apunte a otros objetivos políticos y militares (Irán y Siria).

A previsibilidade da coisa

Com alguma apreensão os dados parecem já estar lançados: Síria e Irão.

"O pior golo"



"Quem ama assim tanto um clube assume."

Para todos os Benfiquistas que pululam pela blogosfera e que visitam este cantinho, deixo-vos em primeiríssima mão a nova campanha do "Glorioso" com o nosso Rui Costa a relembrar o pior golo da sua vida ... precisamente aquele que marcou contra o Benfica.

sábado, julho 15, 2006

A situação internacional complica-se

A situação internacional complica-se para além do que se aprende nas universidades anglo-saxónicas.Ainda por cima no início do verão...Alguém andou a semear tempestades.Veremos se recolhe só ventos...

Noites quentes em Lisboa

Há poucas noites quentes em Lisboa sem aquele ventinho fluvial-marítimo que arrepia a pele.Mas há.Como esta noite do 14 de Julho.Depois de termos ido à recepção da Embaixada de França apeteceu-nos uns gelados numa esplanada.Andamos quilómetros num deserto com restaurantes, com ou sem ar condicionado, mas cheios de gente descamisada.As raras pequenas esplanadas atabernavam-se à vista desarmada.E acabamos na familiar esplanada do Príncipe Real, aqui perto de casa, onde às 10 da noite só havia cerveja gelada.E era a única que estava aberta nas redondezas!Mas amanhã vingo-me:saio de Lisboa!Para uma aldeia com esplanadas!

sexta-feira, julho 14, 2006

Ramalho Eanes

Faz agora 30 anos que Ramalho Eanes foi eleito pela primeira vez Presidente da República.Fui dos que não precisou do risco da segunda para o apoiar convictamente.Conhecera-o era ele presidente da RTP, em janeiro de 1975,a pretexto da formação de um grupo de trabalho para instalar a televisão nos Açores, coordenado pelo fabuloso Fernando Lopes que viria a dar cartas nos tempos de antena das campanhas eleitorais da altura.Tudo era então uma novidade.Os criadores estavam entregues a si próprios, os mais inteligentes procuravam entender politicamente a essência das coisas.O general Eanes convidou-me pessoalmente para a sua comissão política, e ainda me lembro de reuniões de discussão estratégica bem profissionais com nomes como Firmino Miguel, Loureiro dos Santos,Vítor Alves, Pimentel, Garcia dos Santos,Henrique Granadeiro,Carlos Macedo,Álvaro Guerra...
A segunda eleição, em 1980, criou o mito que os presidentes são eleitos por duas vezes e que os portugueses dividem os ovos por cestos políticos diferentes.Mas na altura foi uma árdua batalha que consolidou o regime democrático saído do 25 de Abril.A CNARPE foi outro grande momento de actividade estratégica e organizacional.
Na previsão da revisão constitucional de 1982 defendi a criação de um movimento que se apresentasse ao eleitorado com um programa de revisão para impedir soluções de circunstância que retirassem poderes políticos ao presidente da República eleito directamente.Essa tese foi derrotada na altura.Só em 1985 surgiu o PRD, já um tanto fora de tempo, e com o sistema político fechado.A ideia de um partido charneira não me desagradava no entanto como variável para desbloquear a «coterie» que se tinha estabelecido entre o PS eo PSD.E lá estive « com Eanes» até ao erro da moção de censura do PRD ao governo, aparentemente na perspectiva da formação de um executivo
constituido na base de um entendimento entre o PRD e o PS, o que não se verificou, tendo resultado de tão barroca manobra a primeira maioria absoluta de Cavaco Silva.
Dito isto, gostei de ler a entrevista que Ramalho Eanes dá hoje ao DN
Dito isto quero prestar a minha homenagem ao Homem de convicções e ao patriota que Ramalho Eanes é .

A Vanessa morreu?

A criadora Ana Sá Lopes anuncia hoje, no DN a morte da criatura Vanessa.Mas uma coisa é anunciar a morte de alguém com tanta vida como a Vanessa, e outra bem mais difícil é matá-la.A Vanessa faz parte daquela humanidade virtual que ressuscita ao terceiro dia...

quinta-feira, julho 13, 2006

Quantos modelos até lá?

Ontem houve guerra de modelos na AR sobre a «Sustentabilidade da segurança social».Ora a pergunta é:como sustentar a segurança social?E não:é sustentável a segurança social?Quantos modelos até lá?

Um artigo na blogosfera II

Também o Fernando Martins me interpela, com aquela irreverência curiosa que tão bem lhe fica, sobre o artigo abaixo assinado.É num dos melhores blogues da actualidade.

Um artigo na blogosfera

Dei agora uma volta pela blogosfera e anotei várias referências personalizadas ao meu artigo desta 3f sobre Freitas do Amaral no DN.Desde o Claro ao Canhoto a leitura foi exigente e amiga.Surpreedentemente para os lados de Xabregas um dos heterónimos ressentiu-se de um esquecimento que não é só meu.Mas agradeço à mesma a leitura deste seu contemporâneo obscuro tanto mais que o concorrente é apenas o conhecido ás da diplomacia Eça de Queiroz...Uma leitura para séculos!

Serge Leone e Morricone

Revejo, com o mesmo prazer malino,o filme de Serge Leone Aconteceu no Oeste.Esta cultura epígonal do western é mais encantadora do que a criação do mito do cow-boy pelo cinema americano.Claudia Cardinale ainda transporta o perfume da valsa com o Príncipe Salina.Henry Fonda finalmente é mau,Jason Robards faz frente à composição de Morricone com um Cheyenne de vários rostos.Bronson torna-se um menino de bairro no deserto e também é contemplado pelo enorme talento musical do grande compositor italiano.A música deste filme ficará na história da arte como representante da síntese do cinema com a banda sonora.No fim voltarei à repetição no canal Parlamento-Compras do debate sobre o Estado da Nação.

quarta-feira, julho 12, 2006

O Estado da Nação

Hoje é dia de debater na AR o Estado da Nação.É normalmente um momento forte da vida política institucional que os governos costumam ganhar, aos pontos ou por K.O.técnico.Aliás os governos ganham geralmente os debates parlamentares.Só costumam perder o último... E não é esta a hora!

terça-feira, julho 11, 2006

A vida depois das 19horas

Esta noite dediquei-me ao lançamento de livros e à participação numa tertúlia literária que durou até de madrugada com a leitura de uma peça de teatro em que o fim foi sujeito a previsões e alternativas.
Antes,pelas 19h, fui até à Bertrand da rua Viriato assistir à apresentação de um livro de Vítor Elias e António Marques, dois autores das Produções Fictícias e do Inimigo Público que nos querem a ler durante as férias com a sua Bolsa das Almas.A Joana Mello está de parabéns mais a sua editora Prime Books.Agora que o Mundial acabou o importante é rir com a inteligência dos outros.E há anos que as equipas lideradas por Nuno Artur Silva nos fazem sorrir com imaginação e talento.

segunda-feira, julho 10, 2006

Podem continuar a ler a J.A.D.

É pública e notória a ausência da Joana Amaral Dias das páginas rolantes deste blogue que ela inventou e para o qual me convidou, ainda eu não sabia colocar um post!Só a própria poderá justificar a falta que faz aos seus leitores.Mas podem continuar a lê-la no Diário de Notícias à segunda-feira.A crónica de hoje é excelente e denuncia a falta de coragem do legislador perante a questão da lei sobre a IVG.

A minha final

Fui «ao outro lado» preparar a mudança de Verão, e ao fim da tarde sentei-me diante do televisor para ver a final entre a Itália e a França.Nesse instante o meu filho Miguel, que fora ao Algarve passar o fim de semana com a família, apareceu com um magnífico sorriso e sentou-se ao meu lado.Há vinte anos que não perdemos uma final!Ele declarou-se logo pela Itália, eu pela França.E lá esgrimimos argumentos um contra o outro até à expulsão de Zidane que saíu debaixo das nossas irracionais palmas.«Como explicas a cabeçada no último jogo?», perguntou-me o Miguel.«Deve ter ouvido aquele insulto durante toda a carreira, apesar da excelência», respondi-lhe especulativamente.A final terminou ali para nós.

domingo, julho 09, 2006

Saber sair

Saber sair de uma situação, de uma actividade, de uma condição onde se foi feliz ou reconhecido, requer uma sabedoria e um talento da vontade de que nem todos dispõem.
Isto vem a propósito das decisões de Figo e de Pauleta de terminarem a sua participação nos jogos da selecção, aliás no seguimento do que já fizeram outros jogadores como Zidane, ou o Rui Costa que não voltou atrás, embora continuando a jogar em clubes.
Esses anúncios também revelam que certos jogadores de futebol dominam a programação das suas vidas com racionalidade e consciência.Mas, como disse Goethe,há separações que implicam uma certa forma de loucura...

sábado, julho 08, 2006

Vamos andar todos de bermudas?

Terminei ontem a minha colaboração no suplemento do Mundial do DN agradecendo à selecção e ao Scolari este mês bem passado, o que levou o J Carlos Abrantes a fazer-me uma referência simpática num dos seus muitos blogues.
Porém acho um aproveitamento evidente o apelo desnecessário de algumas personalidades seleccionadas por Marcelo Rebelo de Sousa para que a multidão acorra ao aeroporto para festejar o regresso da equipa nacional.É claro que a multidão lá estará amanhã com ou sem apelos de quem pensa que o país não pensa por si.Eu até espero que vão todos de bermudas para atestar a asserção de Scolari sobre como se pode ser feliz em Cascais!E depois criticam os sindicalistas por marcarem greves nas vésperas de pontes e feriados...Ou as bermudas não ficam bem a todos?

sexta-feira, julho 07, 2006

Sensação de fim de época

Porque será que acordei hoje com uma sensação de fim de época?Porque Portugal foi derrotado pela França?Porque terminou a temporada de ópera? Porque ontem foi a última edição dos Artistas da Bola que me reuniu durante nove meses com o Tiago Alves, o Eduardo Barroso e o Miguel Guedes na Antena 1?Porque terminei uns trabalhos de investigação histórica que me ocuparam profissionalmente?Por qualquer outra razão?E qual?
Ou é apenas a aproximação das férias?

Há narizes por aí

Fui ver «O Nariz» de Chostakovitch, encenado pelo João Lourenço, com que o S.Carlos encerra a temporada de ópera.A obra do compositor russo foi levada à cena em Leninegrado em 1930 quando a revolução soviética ainda permitia a inovação e a pluralidade culturais.Depois foi censurada no auge do estalinismo pela sátira evidente aos detentores de cargos públicos muito «senhores do seu nariz», mas sem nenhuma razão para tal.Um prazer para os olhos e um treino para os ouvidos.

quinta-feira, julho 06, 2006

E o brio profissional?



Pronto, arrisco a que o Carmo e a Trindade me caiam em cima. Mas isso também não me apoquenta. Portanto, siga para o esférico ...

De acordo com Vicente Jorge Silva ao Diário de Notícias: "A selecção já fez o que tinha a fazer por nós" agora "resta saber o que podemos fazer para merecermos a selecção".

Eu pergunto-me quem é que aqui é pago a peso de ouro para cumprir objectivos profissionais? Para errar o menos possível e para potenciar a alegria emocional colectiva de uma Nação?

Pelo tom do discurso fico com a ideia de que a Selecção com a sua belíssima e excepcional campanha neste Mundial, fê-lo em favor a um País que não a merece. Fico-me por aqui. Que sábado continuem a jogar bem.

Boa sorte, bom esforço e bom trabalho. Os portugueses agradecem o sentido de dever e os patrocinadores e empregador (FPF) o cumprimento dos contratos.

Prémio fair-play

Leio as declarações de Ricardo Carvalho admitindo que «O penalty foi um erro meu», e confirmando que tocou em Thierry Henry, contrastando assim com a tradição de vitimados que teve em Abel Xavier o seu expoente no europeu de 2000.Sinal de modernidade na mentalidade futebolística portuguesa, ou mera demonstração de uma boa educação individual de um dos melhores jogadores deste mundial?Prémio fair-play para Ricardo Carvalho.

Repetir não basta

Portugal foi eliminado nas meias-finais por um penalti sem réplica.Ficamos a perder pela primeira vez durante um jogo do mundial.Mesmo assim nenhuma modificação foi introduzida na equipa,nem na táctica, nem no dispositivo, nem no ritmo, nem nas substituições(exceptuada a forçada pela lesão de Miguel).Se admitirmos que os técnicos franceses fizeram o seu trabalho de casa aposto que até previram os dez minutos de Cristiano Ronaldo a ponta de lança...É verdade que alguém tinha que jogar com a Alemanha no sábado!Fui dos que apoiaram Scolari mas agora fico á espera que ele finalmente nos surpreenda...

quarta-feira, julho 05, 2006

Mísseis por um lado, bombas pelo outro...

A Coreia do Norte tem mísseis de alcance variável mas não terá ogivas nucleares.O Irão estará próximo da bomba atómica mas não desenvolve nos mísseis.E se um dia alguém os reune numa mesa de montagem?

Três anos de Bloguítica

Houve uma altura(antes de aparecer os bichos-carpinteiros!)que eu começava a minha digressão diária pela blogosfera clicando na Bloguítica tal era a sistematização de links úteis apresentados.Quando o Paulo Gorjão apareceu um dia na AR fiquei com a impressão que ele ainda não sabia quão importante era neste mundo novo.Parabéns pelos 3 anos, e que o êxito não perturbe a natureza do Bloguítica.

terça-feira, julho 04, 2006

O prolongamento valeu a pena

Até ao prolongamento o Alemanha-Itália foi mais um daqueles jogos entre racionalistas europeus que sugerem a necessidade de se mudar algumas regras para o futebol sacudir o pó táctico que o esteriliza mesmo quando precisa de ser fértil.Porém o prolongamento revelou-se mais do que o pórtico para os penalties sobretudo por parte dos italianos que remataram duas vezes à trave e marcaram dois golos em jogadas de ataque nos últimos minutos.Não sei se Portugal ficou a ganhar com o finalista já apurado.Para ganhar à Itália a manha não bastará, embora possa ajudar contra a França amanhã

Uma República imaterial

Hoje comprei umas resmas de papel para imprimir as cartas que me cheguem VIA CTT, e para ir encadernando os códigos espalhados pelos Diários da República electrónicos.Quero imprimir em especial a futura Lei do Orçamento que traga o dispositivo sobre os descontos no IRS que este material de escritório do cidadão desta república imaterial merece...

segunda-feira, julho 03, 2006

"Dirty Pretty Things"





Andy Hughes | "Dirty Pretty Things"

O Prémio Príncipe das Astúrias

Nas conversas com o FTA na Alemanha depois do jogo com a Inglaterra apostei que o próximo prémio Príncipe das Astúrias vai ser atribuído à selecção portuguesa de futebol caso esta se consagre como a vencedora do campeonato mundial...

A paz assegurada

Esta noite houve um jantar cá em casa com gente bem politizada.Falou-se amplamente de futebol, e fiz a previsão da vitória de Portugal contra a França por 1-0, com o golo na segunda parte, já que a primeira parte será neutralizada pelas duas equipas.Sugeri ainda que se previsse a possibilidade de anular os primeiros 45 minutos nesses jogos onde tudo é tactica, e só se jogasse a segunda para valer.Ou então sugerir à FIFA que a partir dos quartos de final resumisse tudo à marcação dos penalties, caso as partes o solicitassem.Assim ninguém jogaria bonito, o que nivelaria o espectáculo sem lhe retirar emoção...A discussão foi tal que por três vezes quis introduzir o tema da remodelação governamental sem conseguir despertar o interesse dos quadros presentes.Até que alguém resumiu a situação dizendo que a remodelação significava que a paz portuguesa estava assegurada.E voltamos ao futebol...

domingo, julho 02, 2006

O dia mais longo

Ontem acordei às 5 da manhã e deitei-me pelas 3h da madrugada de hoje, após ter ido a Gelsenkirchen ver o Portugal-Inglaterra.Alegrou-me estar com a enorme tribo de gente que gosta genuinamente de futebol pelo jogo e pelas emoções que desencadeia.Relembrei-me de mim próprio quando abandonei o campo de jogos do meu Liceu em Ponta Delgada para ficar mais tempo na biblioteca a ler, e como esse abandono me marcou existencialmente.
Também foi a primeira vez que estive num estádio fechado e isso fez-me impressão.Sou do tempo em que se escrevia entre nós «o futebol é um desporto de inverno».Ora aqui está uma verdadeira mudança climática:os 33 graus a céu aberto do verão continental alemão estavam amenizados dentro do estádio completamente cheio!
Os portugueses eram uma minoria confiante.Perto de mim alguns emigrantes apoiavam a selecção com fervor mas já num português contaminado pela sintaxe alemã.Não sei porquê, comovi-me com esse português ainda mais profundo mas fugidio da perfeição, entre dois paradigmas linguisticos e culturais mas sem pertencer a nenhum inteiramente.A identidade reencontrada no apoio à selecção nacional dava a todos eles um momento de harmonia.Nos penalties abraçamo-nos todos.Os jovens portugueses «well educated» que estavam comigo vindos de Lisboa participaram espontâneamente nessa reunião de gerações e de percursos.
O jogo foi emotivo sem ser grande coisa do ponto de vista da beleza.Como disse friamente Scolari«quem joga lindo já está eliminado».
Agora Portugal está nas meias finais.Que jogue lindo para ganhar.

sábado, julho 01, 2006

Humor britânico



Como eu aprecio o sentido de humor britânico. Mas como diz o vernáculo popular lusitano: "O útimo a rir ..."

Esta noite teatro,amanhã futebol

Fui ao teatro Dona Maria ver o Don Juan de Molière pelo grupo do Bolhão da cidade do Porto.A peça acentua mais a crítica de costumes do que a análise psicológica do Don Tenório de Tirso de Molina ou do Don Giovanni de Mozart, embora o encenador japonês Kuniaki pretendesse mostrar um revoltado contra a hipocrisia da sociedade.Prefiro ainda as belas páginas literárias do ultrapassado psiquiatra Gregório de Maragnon: «Coisa alguma faz supor uma energia radical tão intensa como esta vitória absoluta em todos os terrenos sobre a decadência física, e como essa arte de dar merecimento e decoro ao espectáculo da própria ruina»
A encenação e os actores apresentam um casticismo cosmopolita digno de nota e dificíl de conseguir, mas próprio de Molière.
Esta madrugada sigo para a Alemanha para assistir ao Portugal-Inglaterra.No estádio,talvez exaltado, exigirei aos jogadores uma outra estratégia fria e racional para conquistar a vitória.