Ramalho Eanes
Faz agora 30 anos que Ramalho Eanes foi eleito pela primeira vez Presidente da República.Fui dos que não precisou do risco da segunda para o apoiar convictamente.Conhecera-o era ele presidente da RTP, em janeiro de 1975,a pretexto da formação de um grupo de trabalho para instalar a televisão nos Açores, coordenado pelo fabuloso Fernando Lopes que viria a dar cartas nos tempos de antena das campanhas eleitorais da altura.Tudo era então uma novidade.Os criadores estavam entregues a si próprios, os mais inteligentes procuravam entender politicamente a essência das coisas.O general Eanes convidou-me pessoalmente para a sua comissão política, e ainda me lembro de reuniões de discussão estratégica bem profissionais com nomes como Firmino Miguel, Loureiro dos Santos,Vítor Alves, Pimentel, Garcia dos Santos,Henrique Granadeiro,Carlos Macedo,Álvaro Guerra...
A segunda eleição, em 1980, criou o mito que os presidentes são eleitos por duas vezes e que os portugueses dividem os ovos por cestos políticos diferentes.Mas na altura foi uma árdua batalha que consolidou o regime democrático saído do 25 de Abril.A CNARPE foi outro grande momento de actividade estratégica e organizacional.
Na previsão da revisão constitucional de 1982 defendi a criação de um movimento que se apresentasse ao eleitorado com um programa de revisão para impedir soluções de circunstância que retirassem poderes políticos ao presidente da República eleito directamente.Essa tese foi derrotada na altura.Só em 1985 surgiu o PRD, já um tanto fora de tempo, e com o sistema político fechado.A ideia de um partido charneira não me desagradava no entanto como variável para desbloquear a «coterie» que se tinha estabelecido entre o PS eo PSD.E lá estive « com Eanes» até ao erro da moção de censura do PRD ao governo, aparentemente na perspectiva da formação de um executivo
constituido na base de um entendimento entre o PRD e o PS, o que não se verificou, tendo resultado de tão barroca manobra a primeira maioria absoluta de Cavaco Silva.
Dito isto, gostei de ler a entrevista que Ramalho Eanes dá hoje ao DN
Dito isto quero prestar a minha homenagem ao Homem de convicções e ao patriota que Ramalho Eanes é .
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