As Tentações de Santo Antão é um dos mais importantes quadros que está em Portugal. Um destes dias fui visitar o Museu de Arte Antiga com o objectivo especifico de rever esta obra. Mas encontrei uma situação desoladora. Em primeiro lugar, só quem conhece a obra é que vai espreitar o verso dos volantes. Não existir sinalização é lamentável. Notei que a maioria das pessoas apenas olham para a frente do quadro e que, contudo, não existe nenhuma advertência- nem mesmo na indicação do título e autor - do que se encontra nas costas.
Além do mais, trata-se de um quadro que exige muita atenção aos pormenores. Alguns dos detalhes só se observam com nitidez quando já estamos muito próximos da superfície. Porém, por causa da pintura no verso das asas do tríptico, este cá colocado em cima de uma base de madeira, bem larga, o que impede que o visitante se aproxime da pintura, ao contrário do que acontece com a maioria das obras expostas. Com um cubo suspenso projectado a partir da parede, por exemplo, este problema seria facilmente resolvido. Por fim, a iluminação do quadro é péssima. Mesmo em pé. Os bancos estão a uma distância ainda mais impraticável.
Nada animadora foi também a visita à livraria. O responsável pouco ou nada sabia acerca da bibliografia sobre o Bosch. Pior ainda. Uma livraria atolada em tarecos, como T-shirts, canecas, esferográficas e porta-chaves estampados com quadros ou assinaturas de pintores – sendo as Tentações uma das gravações mais populares – mas nem um - repito, nem um – livro sobre o flamengo. Nada. Nem nos livros gerais do museu consta um texto. Triste forma de tratarmos uma das obras-primas dos museus portugueses.
Nesse dia não foi possível, mas em breve procurarei alguma coisa sobre as Tentações na biblioteca. Este mês tem estado aberta ao público, mediante um telefonema prévio. É de aproveitar.