Canonizar sem milagres
Sigo com o maior interesse a evolução intelectual e política de Rui Tavares. Acho-o sério, culto, inteligente, da esquerda liberta, mas temo pela excessiva vontade de agradar que se depreende de algumas das suas posições. Foi dos primeiros entre nós a perceber o que havia de fértil e de diferente na candidatura de Obama. Separou-se com ela da fila acrítica do anti-americanismo, manteve-se autónomo na apreciação da maioria dos temas que dividem a esquerda. A comunicação social percebeu o fenómeno e refrescou-se com a sua qualificada colaboração.
Hoje porém Rui Tavares dá um passo em falso no artigo do Público. «Até eu acho exagerado o Prémio Nobel atribuido a Barack Obama», escreve sob o título Canonizar antes dos milagres.
Meu Caro Rui Tavares: chegará o tempo em que não serão precisos milagres para santificar alguém. Mais: dificilmente o Nobel da Paz seria atribuido mais tarde a Barack Obama. Talvez o da Literatura, como o que foi atribuido a Churchill...
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