Carlucci versus Kissinger

Hoje vou à Fundação de Serralves apresentar o livro de Bernardino Gomes e de Tiago Moreira de Sá Carlucci vs Kissinger.É um excelente trabalho extremamente bem documentado e comentado.Dá para perceber os meandros decisionários de Washington, muito mais empiristas e pluralistas dos que os estrategas e analistas exteriores normalmente consideram.Em vésperas de grandes divagações sobre o que vai mudar na América em termos de política externa este livro convida à cautela sobre o assunto.

Durão Barroso contra o abandono

Durão Barroso advertiu contra o abandono dos «projectos públicos de qualidade» nos países da UE. Desta vez tem razão o presidente da Comissão. Então quem não tem?

A hora do frio

Este ano não foi tanto a mudança da hora no domingo que me anunciou o inverno. Foi o «acentuado arrefecimento noturno» durante o dia e um ventinho de glaciar derretido que me arrepiou a pele ainda revestida de algodão. Amanhã passo à lã.Fina ou grossa logo se verá. Despeço-me pois do vestuário de Verão e de Outono quente.Arrumo-o no guarda-fato a pensar como nos reencontraremos daqui a seis meses.

Cavaco Silva no seu labirinto

Há qualquer coisa de errado neste braço de ferro entre a AR e o PR sobre um artigo do Estatuto Político-Administrativo da RA dos Açores que obrigaria o Presidente a ouvir os orgãos de governo próprio da Região em caso de dissolução do parlamento , ou seja o Presidente da Assembleia Legislativa, e o Presidente do Governo Regional, para além do Conselho de Estado e dos partidos com representação parlamentar. A matéria não me parece decisiva nem para um lado nem para o outro, até porque se trata de meras consultas...E Cavaco Silva já dissolveu a Assembleia da Madeira em Março de 2007 sendo todo ouvidos para a estratégia unilateral de Alberto João Jardim de desafio ao Governo da República.Por isso ele sabe o que conta nessas circunstâncias.Para quê então manter um contencioso desta natureza?

Biden e as perguntas irritantes

Questões de método

O DN, a TSF e o Primeiro-Ministro chegaram a acordo sobre um calendário para a chamada Grande Entrevista que ocupa a agenda semanal daqueles orgãos de comunicação. Tudo bem. Quer o critério político quer o critério jornalístico não precisavam de explicação. Porém o director do jornal deu uma aos seus leitores que acentuava o lado singular e institucional da entrevista. Ainda aqui tudo bem em termos de transparência. Hoje vem a informação de que Manuela Ferreira Leite aceitou ser a próxima convidada do programa. Fico na dúvida se foi bem aconselhada: dá cobertura com a sua aceitação ao tempo escolhido por outros para o acto anterior e fica praticamente obrigada a comentar as declarações de José Sócrates. O que sobrará de grande dessa próxima entrevista? Que agenda para oPSD...

Ligar as coisas

Cavaco Silva ontem em Vila do Rei condenou o «despovoamento do interior». Mas é homem para condenar também a auto-estrada entre Vila Real e Bragança para os que lá vivem.

Uma nova teoria

Depois da famosa "teoria McDonald's" proposta por Thomas L. Friedman, na qual dois países com relações comerciais e restaurantes McDonald's terão menor probabilidade de entrar em guerra um com o outro (uma espécie de Pax Burger), eis que nos chega a teoria de relações internacionais do Starbucks:

"The higher the concentration of expensive, nautically themed, faux-Italian-branded Frappuccino joints in a country's financial capital, the more likely the country is to have suffered catastrophic financial losses."

Ao Domingo no Correio da Manhã

A crónica de hoje observa o calendário do processo legislativo que levou à publicação , no dia 23, da Portaria 1219-A sobre as garantias do Estado à banca num valor até 20 mil milhões de Euros e o anúncio no dia seguinte , em naipe, dos principais bancos portugueses que recorreriam à técnica do aval de Estado. Como se este fosse mais um novo produto financeiro?

Ler a excelente entrevista de Silva Lopes

Excelente a entrevista de Silva Lopes ao suplemento de Economia do Expresso.Tudo numa frase: há bancos com mais poder do que o Banco de Portugal. Mas a entrevista vale pelo seu todo.Ideias claras, escolhas racionais.

Ao Sábado no Correio da Manhã

Tudo Nu trata da proposta que a Comissão Europeia enviou para o Parlamento Europeu, na sequência da sua deriva securitária desde que alcançou algumas competências no domínio do espaço de Justiça e Assuntos Internos. Caso a proposta vingue poderá haver scanner nos aeroportos que permitem ver a anatonomia dos passageiros a eito.Crise só se for de imaginação...

Velhas profecias

O Capitalismo morreu, vai morrer? Claro que não.
Vamos assitir a um reajustamento de valores e de como as coisas devem doravante passar a ser feitas, tanto pelo mercado como pelos decisores políticos? Claro que sim.
Por daqui a algumas décadas os meus netos vão assitir ao mesmo "filme"? Claro que sim.
O Capitalismo vai morrer outra vez? Claro que não.
A aprendizagem humana é uma coisa formidável. Nunca se aprende com os erros do passado, mas com os erros do futuro. Até lá continuamos por cá.

Alan Greenspan não lê os liberais portugueses

O antigo presidente da Reserva Federal Alan Greenspan confessou já não ter as mesmas certezas que o dogmatizaram durante 40 anos nomeadamente sobre a auto-regulação dos mercados financeiros.Errou, disse ele, ao opor-se a regrar o sector.Agora, rematou , perante uma audição no Congresso dos EUA, é de esperar mais desemprego e menos consumo. Como se não fosse nada com ele...

O efeito Jorge Galamba...

Implantou-se no processo legislativo português a prática de alterar leis aprovadas autónomamente na AR através do recurso a disposições atomizadas inseridas nos orçamentos anuais. É uma técnica pertinente para os códigos de IRS ou IRC, mas um recurso bastardo noutros domínios que foram objecto de leis próprias como é agora o caso do financiamento dos partidos. Sem sequer ir ao fundo da questão ,tem muito mau aspecto a alteração, sob a forma tentada, dos montantes e dos procedimentos das contribuições em dinheiro para os partidos em ano eleitoral. De facto, desde a aprovação da lei de 2003 e da nomeação de Jorge Galamba para fiscalizador das contas dos partidos no Tribunal Constitucional que a coisa tem fiado mais fino...

Tratar por tu o corpo do outro

Primeiro os «líderes» europeus começaram a tratar-se por «tu», ou por «José». Depois foram as chamadas ao telefone e as conversas por telemóvel. A seguir vieram os «attouchements» que ninguém saberá como terminariam pois Angela Merckel já fez saber que não gosta que tratem o seu corpo por tu cá tu lá. O visado é Sarkosy, embora os nossos «Josés« europeus também mostrem um certo gosto em acarinhar a Chanceler. Mas esta quer menos intimidade. Angela Merckel podia ao menos ter dito isso cara a cara, ou por via mais diplomática do que através da embaixada alemã em Paris...

Está encontrado o remédio

Vi a entrevista de Manuela Ferreira Leite à jornalista Constança Cunha e Sá na TVI.Foi a sua melhor prestação desde que é líder do PSD, e estava particularmente bem vestida. Nota-se que já tem conselheiros políticos e de imagem. Mas a verdadeira inovação está na nova estratégia geral da comunicação: mesmo que MFL não fale , fale-se de MFL.

Voto de confiança na Portaria

A Lei sobre o plano de garantias do Estado à banca no valor de 20 mil milhões de euros, aprovada num só dia na AR e promulgada pelo PR 30 minutos depois de ter chegado a Belém, é na prática uma mera lei de autorização de despesa. As condições de acesso dos bancos ao aval do Estado, e as respectivas contrapartidas, assim como a intervenção dos poderes públicos no destino dos empréstimos a efectuar sob garantia do Tesouro vão ser definidas numa simples portaria do Ministério das Finanças, contrariamente ao que aconteceu no Reino Unido, EUA, Alemanha, Irlanda ou Grécia, aonde os parlamentos decidiram esses parâmetros ,informa o DN.É caso para dizer que o PR deu um voto de confiança a uma portaria que será a substância da lei e que não passará por Belém para entrar em execução. É o maior voto de confiança de um PR num governo desde que há regime constitucional.Ou o voto de confiança É NA BANCA?

As eleições nos AçoresII

José Sócrates e Paulo Portas foram os líderes nacionais que mais se empenharam nas eleições insulares, e tiveram boas razões para isso.Já Manuela Ferreira Leite ficou com uma ideia do que lhe pode acontecer pessoalmente nas legislativas de 2009.Basta olhar para Costa Neves.

As eleições nos Açores

A análise dos resultados das eleições açorianas vai dar pano para mangas. Mas saliento no imediato a quarta vitória consecutiva do PS, a continuação da maioria absoluta,a declaração do seu responsável máximo Carlos César de que não se canditará nas próximas. Do lado da qualidade da vida democrática dois dados contraditórios: a enorme abstenção que rebaixa a representatividade, e um maior número de partidos na Assembleia açoriana,desde o PPM ao BE, que torna esta mais pluralista graças sobretudo ao círculo regional de compensação.

Urbanismo antropológico

Obrigado Prof. Dr. João Carlos Espada. Graças a si fiquei a saber pelo Expresso do fim-de-semana passado que os jardins ingleses são um produto de Cataláxia Hayekiana, porque foram surgindo de forma espontânea e livre. Já os jardins franceses são Jacobinos porque foram desenhados de forma organizada e centralizada.

Doravante quando a minha mulher me aborrecer apontando que deixo as peúgas espalhadas pelo quarto de forma espontânea, responder-lhe-ei que tal é um exercício de liberdade individual fruto de uma grande tradição Anglo-saxónica.

O regresso de Gordon Gekko

Em suma: o "Wall Street dream", o tal que apenas gera dinheiro sobre dinheiro, anda um tanto ou quanto desencontrado do mítico "Sonho Americano". O tal que gera dinheiro sobre ideias, trabalho e empreendedorismo.

Ao Domingo no CM

Hoje trato da soberba intelectual de Carlos Queiroz, e dos seus resultados desastrosos.Agora só um regime de quotas para países com comunidades na África do Sul pode levar a selecção de futebol à fase final do campeonato do mundo...

Ao Sábado no Correio da Manhã

Os efeitos paradoxais da crise são vários. O último que já não entrou na crónica foi o facto do PR tão cuidadoso a ler todos os diplomas que lhe chegam da AR ter despachado a promulgação do diploma dos avales à banca em 30 minutos. Como dizia Álvaro Pais ao Mestre de Aviz: reinar é dar o que não é vosso.

Alguém sabe alguma coisa?

A imprensa internacional noticiou que haveria um grande mal-estar no Parlamento Europeu por causa da apatia da Comissão na gestão da presente crise.Alguém nos pode dizer alguma coisa sobre o assunto?Talvez os deputados europeus portugueses. Ou um dos jornalistas correspondentes em Bruxelas. Ainda não é crime de lesa-pátria...

Mais efeitos paradoxais da crise

Admito que a garantia de 20 mil milhões que o Estado está disposto a dar à banca se venha a revelar entre o útil e o facultativo. Mas a pressa com que o PR promulgou o diploma ontem aprovado na AR dá bem a medida das coisas em Portugal, e do aprofundamento da subordinação do poder político ao poder financeiro que a crise nos seus efeitos paradoxais está a causar.

Não há nada como uma boa crise

A crise económica ocidental tem alguns aspectos paradoxais:facilitou ao governo a tarefa de apresentar o seu melhor orçamento desde 2005, e colocou o Pacto de Estabilidade no seu verdadeiro lugar: às portas do museu monetário do BCE, como relíquia do parto feliz do Euro.

Afinal até na Suiça...

Precipitei-me nos foguetes à capacidade própria da banca suiça para responder à crise.Afinal pelo menos a UBS quer amparo público.Foi difícil ver tanta ajuda estatal aos vizinhos sem querer prová-la...

C´est toujours la même chanson...

A tempo: ouço no lançamento do último tema de discussão sobre a Educação, que a América se queixa de gastar demasiado dinheiro na Educação com medíocres resultados. E eu a pensar que essa crítica era um exclusivo português...Lamento pelos que têm feito carreira doméstica no tema!

Depois das 3h da manhã...

E agora vou-me deitar: depois das 3h da manhã é tortura de sono para mim!

Agora é com os Estados

Após uma hora acho que os dados estão lançados: no melhor e mais vigoroso dos 3 debates Obama não perde a dianteira. Caso a eleição presidencial fosse verdadeiramente directa creio que Obama teria a vitória assegurada com alguma folga. Com as disparidades de delegados entre Estados teremos de continuar a seguir as sondagens no Missouri...

Vamos a outro jogo?

E pronto ,consegui chegar à hora americana do terceiro debate entre Obama-McCain! Quem sabe se antes de me ir deitar não haverá mais desabafos..

Palavra de capitão

E o «capitão» Cristiano Ronaldo não deveria ter feitos umas declarações depois deste jogo com a Albânia? Ou foi aconselhado a não associar a sua imagem ao empate que sabe a derrota?

Estatísticas à moda da FPF

Nani é o melhor goleador da selecção depois do Euro 2008.Desde fins de Agosto já marcamos 11 golos, sendo 5 num só jogo particular. A média está em 2 golos por jogo.O problema reside na distribuição destes.E vêm aí uns «particulares» que podem melhorar esses registos a distribuir em tempo oportuno...

Portugal empatou, Queiroz perdeu

Portugal, com 11,empatou em casa contra a Albânia,com 10 desde o fim da primeira-parte. Queiroz, que regressou à selecção cheio de soberba intelectual, arrastando preconceitos e teimosia, perdeu.Nunca percebeu o jogo que estava a dirigir no banco.

Anatomia de uma crise com um sorriso

Ainda há bancos que vivem sem aval de Estado

No meio da crise financeira cis-atlântica, há um país que continua igual a si próprio: a Suiça.Os bancos helvéticos ainda não pediram qualquer aval ao Estado.

O aval de Fátima Campos Ferreira

Fátima Campos Ferreira conseguiu levar ao seu programa quatro banqueiros(ou seria mais adequado dizer dois banqueiros e dois gestores?)no melhor dia da crise.É certo que os quatro senhores do dinheiro tiveram de aguentar o indirecto propagandístico de Durão Barroso, cujo relógio estava adiantado uma hora em relação ao Tempo Médio de Bruxelas( foi dito que a diferença horária era de duas horas),e que a plateia esteve muda para não perturbar o clima de confiança.Aposto que os banqueiros alemães,por exemplo, mesmo os que representam o capitalismo renano não descem à televisão.Ainda por cima foi tudo a bem da população. E de Obama...

Prémio Nobel da Economia

Como escrevi mais abaixo o Nobel que mais me interessava este ano era o da Economia. Percebia-se que a Academia iria deixar de ser ortodoxa. No meio da crise o estímulo veio para o pensamento económico heterodoxo. Para um universitário que não desdenha entrar no mundo da opinião jornalística como um meio para a ilustração própria e alheia.Se houver um Keynes por estes dias ele chamar-se-á Paul Krugman.Toca a pensar sem mestre.
A destempo: chamaram-me a atenção para o facto de ser um juri nomeado pelo Banco Central da Suécia quem atribuiu o Nobel de Economia e não a Academia. Eu sabia, mas esqueci-me...

"Splatter"

"Splatter" by James Cauty.

Super protecção, não!

Parece que as medidas super protectoras do sistema bancário tomadas em Paris estão a dar resultado em termos dos seus reflexos nas bolsas. Chegou então o momento para se definir as regras do apoio estatal a cada um dos bancos que recorrer à garantia do Estado para se financiar no exterior. O Estado não é o avalista obrigatório dos empréstimos inter-bancários que as notícias dão a entender, pois não? Porque isso seria colocar os poderes públicos a reboque de estratégias privadas e agravar a subordinação do poder político ao poder económico. e não é isso que se pretende, pois não?E por se falar em avales de Estado consultem Silva Lopes e João Cravinho. Eles podem dar conselhos úteis...

Ao Domingo no CM

O Pacto de Estabilidade entrou em coma técnico.É assim que termino o artigo de hoje.

Nova vaga

Suprema das ironias. As "nacionalizações" do séc. XXI deixaram de ser fruto de um determinismo ideológico de esquerda para ser uma resposta do próprio mercado capitalista à desordem espontânea. "Laissez l’état faire" - dizem eles agora (o que a longo-prazo também augura pouco de bom).

Futebol sem balizas

Foi uma enorme maçada este Suécia-Portugal.Mas como se empatou fora de casa a zero vêm aí grandes explicações tácticas.

Ao Sábado no Correio da Manhã

Os Últimos a Saber trata da imperícia portuguesa perante as inevitáveis revelações vindas de fora sobre os chamados «Voos da CIA». Tudo indica que seremos os últimos a saber, e pelos vizinhos!

Este Sábado no RCP

Vou estar este sábado no programa Politicamente do Pedro Adão e Silva e do Pedro Marques Lopes, no Rádio Clube Português entre as 12 e as 13H. Ninguém se poderá queixar da hora!

As Bolsas estão a precisar de descanso

Os Estados nacionalizam, emprestam, compram ; os bancos centrais injectam liquidez, e , contra si próprios, baixam as taxas de juro da moeda que foram obrigados a criar. Mesmo assim as bolsas não correspondem. Não será mais barato, e mais eficaz, suspender algumas delas para uma semana de reflexão, e deixar a actividade económica seguir o seu curso, com o«papel» parado? Aviso que estou inocente da crise: não criei, nem frequentei nenhuma post-graduação em gestão financeira...

Betancourt já não interessa?

Todos nos recordamos da comoção provocada pela libertação de Ingrid Betancourt feita refém pelas FARC durante 6 anos. Mas não é que o personagem parece ter deixado de interessar como arma de arremesso? Será porque no recente discurso no Parlamento Europeu, para além de ter reafirmado a sua luta contra o terrorismo, defendeu o diálogo, a negociação e o poder da palavra? E ela deve saber do que fala...

Efeitos políticos da crise?

Fala-se muito do regresso do Estado à regulação financeira e menos dos efeitos políticos da crise.É possível que nos EUA esta beneficie Barack Obama vindo da oposição a Bush, e na Europa fortaleça os partidos já no governo?Ou os efeitos políticos dependerão do evoluir da crise? Tudo na mesma é que será difícil.

Ana Gomes, Activista do ano no PE

Leio uma pequena notícia que nos informa ter sido Ana Gomes considerada «A Activista do ano» no Parlamento Europeu por uma revista da especialidade The Parliament Magazine.Aposto que é justo e meritório.Veremos o que lhe acontece para o ano...

Os debates presidenciais nos EUA

Vi em directo grande parte dos dois debates entre Obama e McCain, e mau grado a importância deles e o profissionalismo de todos, jornalistas incluídos, achei-os insípidos e pouco reveladores do que será a próxima administração americana . Mas o benefício da dúvida vai todo para Barack Obama, sobretudo a meio desta crise financeira. Deve ser a isso que se chama ganhar os debates.

Na SIC-Notícias-Uma iniciativa pioneira

O Capitalismo Morreu?Foi a pergunta colocada ontem por António José Teixeira aos seus convidados. Pois nestes momentos de crise chamei a atenção para outra crise : a dos intelectuais que se deixaram ultrapassar pelos acontecimentos, rendidos ao seu próprio reconhecimento pelo mercado. Talvez a maior crise do pensamento ocidental nos tempos modernos. Veremos as consequências.
Adenda: Parabéns à SIC-Notícias por ter inaugurado o debata sobre as consequências políticas da crise financeira internacional.

"Think. Again."

A arte de interrogar e fazer perguntas sempre foi uma das principais ferramentas do pensamento e da acção humana. Este é o mote da Atlantic Monthly (uma grande revista).

Sobre o reconhecimento do Kosovo

Foi hoje ,como podia ter sido há oito meses, ou mais tarde a propósito de um qualquer acontecimento internacional que o justificasse. Assim o reconhecimento da independência do Kosovo por Portugal aparece apenas como uma das últimas vitórias diplomáticas de Condoleezza Rice. É pouco para todos.Até para ela.

As partilhas da herança Bush

Era fatal: como aqui assinalei várias vezes só saberemos algo sobre os voos da CIA em Portugal por intermédio de revelações oficiais de outros países. É triste mas é assim.Ontem foi divulgado um relatório do Ministério da Defesa de Espanha no qual se refere a escala nas Lages de um avião de e para Guántanamo que também tocou em território espanhol.São de esperar mais revelações sobre este assunto vindas dos próprios EUA. Ninguém vai querer ficar com a herança de Bush. A PGR tem uma batata a aquecer nas mãos...

Santa Aliança-Agregador de blogues

Daniel Oliveira, que também caiu na tentação do comentário desportivo!, mobilizou os Bichos para o seu Agregador de Blogues- Santa Aliança.De gente livre, claro.
Caso queiram poupar tempo, já sabem o endereço.

Prémio Nobel

Os jornais começaram a falar dos prémios Nobel, mas fixaram-se no da Paz e da Literatura, especialidades nossas. Ora este ano o que mais me interessa é o da Economia.

5 de Outubro

Cavaco Silva fez hoje o seu melhor discurso da varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Um discurso republicano.
Pelo meu lado tenho passado estes dias em debate com monárquicos constitucionais. Primeiro foi
na Faculdade de Direito de Lisboa com Augusto Ferreira do Amaral, tendo como moderadora Inêz Dentinho. Depois foi uma entrevista com Gonçalo Ribeiro Telles publicada hoje na revista Domingo do Correio da Manhã.Houve ainda a ida a Beja para celebrar o 5º aniversário do blogue Praça da República, da autoria de João Espinho, cujo nome fala por si.Aprendi muito no colóquio A Desertificação do Interior com todos os participantes. A minha intervenção intitulada O Estado no Deserto recuperou reflexões que tenho vindo a escrever sobre o retraímento dos serviços públicos na quadrícula do território nacional, contrastando assim com o período de expansão do aparelho de Estado que marcou o nascimento da República em Portugal.
Além disso mantive a colaboração regular no Correio da Manhã, como em todos os fins de semana.

Montesquieu e C.ª

Desde que me decidi reinventar como Sociólogo e me inscrevi na sua cadeira, que este se tornou (literalmente) no meu blogue favorito de "leitura obrigatória".

Aforismos

"A mão que se esquece de alimentar o cão, alimenta a do ladrão."

A velha modéstia portuguesa

"As Mariza tells it, she never wanted to be a superstar. 'The idea of recording, tours, big concert halls, it just seemed ... pretentious'. When the idea of making a record came up, her ambitious were modest. 'My idea was that it would be a gift to my father'."

-- Mariza in Life & Arts, Financial Times

In memoriam

"Why should I go out for a burger when I can have a steak at home?"

–- Paul Newman (referindo-se aos anos de casamento e fidelidade a Joanne Woodward, sua mulher ... err, viúva)

Aprender com Portugal

Os países que estão a apelar aos poderes públicos para os salvarem dos «excessos do capitalismo selvagem» bem podem pedir ao nosso ministro das Finanças umas lições sobre gestão de participações do Estado em economia de mercado. Ele também foi administrador do IPE e sabe da poda.E Ferreira Leite que por lá também passou. Experiências que podem ser muito úteis ao mundo agora.Quem o diria há meses atrás...

Como eu vejo a coisa

Manuela Ferreira Leite foi a Belém preparar o terreno para o reconhecimento do Kosovo por Portugal. Para ajudar o governo que terá sido pressionado nesse sentido por Condolezza Rice aquando da escala em Lisboa desta. Podem fazer de conta que não leram.

Ler os jornais...

Há hoje uma «breve» na página de economia do Correio da Manhã sobre a dificuldade actual em encontrar voluntários para tocarem o sino de abertura e fecho da Bolsa em Wall Street que merece ser lida.Para se perceber melhor o toque de Cavaco Silva em N.Y. a semana passada. Ou para se meditar na ingratidão de tantos cultores do alarde capitalista...

Leituras da juventude

Nestes dias, ao ver o corropio de declarações de responsáveis sobre o estado da arte financeira , tenho recordado aquela frase do filósofo católico Merleau-Ponty:
«Há na História um malefício qualquer. ela solicita os homens, tenta-os, eles julgam caminhar no seu sentido e, de súbito, ela esquiva-se, os factos mudam, e provam na prática que uma outra via era possível».
Dedico a frase a todos os cultores da via única e da falta de alternativas.Uns sabichões.

Por uma teoria dos lobbies

A Lusoponte apetrecha-se de ex-ministros das Obras Públicas para renegociar com o Estado os termos do contracto sobre as travessias rodoviárias do rio Tejo em Lisboa. É mais uma homenagem à capacidade negocial desses antigos gestores públicos...Por outro lado os serviços que preparam os pareceres para o actual poder também os devem conhecer bem. Veremos o que sai dessa cibernética. Outra sugestão é estabelecer um prémio do melhor lobby em Portugal, atribuido por uma comissão mixta público-privado. Não sei se a Lusoponte ganharia.