Uma grande guerra?
Afeganistão,Iraque,Irão...
Paulo Portas apresenta no programa dos grandes portugueses a sua moção estratégica sobre D. João II.Ele próprio confessou na RTP que fora convidado para apresentar um outro personagem.Creio que se tratava do Infante D. Henrique,o que recusou.Mas alguém na estação pública de televisão estava determinado a associar o líder partidário, em sabática, às caravelas...Liberto do encargo o homem estará disponível para regressar às lides.Carregado de herois e santos...
As Universidades privadas não deixam de nos surpreender.Depois da Moderna segue-se agora o mistério da Independente.À falta de investigação científica, a imaginação ao poder.O que será branqueamento de capitais a nível universitário privado?As Universidades públicas têm alguma coisa a lucrar com esses financiamentos autónomos?O mundo das parcerias é vasto...
O João Abel de Freitas, do Puxa a Palavra, faz uma referência à minha crónica do DN de hoje. Agradeço o apreço e a correcção. Na crónica consta: “apresenta 18% de desemprego”, quando devia constar “apresenta mais 18% de desemprego”. De facto, a Madeira não tem 18% de desemprego, mas mais 18% do que no ano passado, mais 9000 desempregados. Foi um lamentável lapso. De qualquer forma, não altera o essencial da mensagem. O PIB da Madeira é uma miragem, a que Jardim se agarrou, mas que agora justifica a Lei das Finanças Regionais, o motivo que alega para a sua demissão. Feitiço contra feiticeiro. A realidade da região é outra.
José António Lima, no Sol deste Sábado, assinou uma coluna em que pretendia mostrar uma suposta contradição do Bloco de Esquerda: relativamente à Câmara Municipal de Lisboa defende eleições antecipadas mas, relativamente à Câmara de Salvaterra (a Presidente é do BE e é arguida), não. Para sustentar a sua posição, JAL citava Sá Fernandes, Louçã e esta minha crónica no DN. Acontece que nem eu nem o BE alguma vez sustentámos a ideia que a constituição de arguido impede uma autarca de se manter em funções. O que me leva a apelar à demissão de Carmona é a inexistência de condições de governabilidade. Assinalei-o na TSF (podem ler o texto aqui) e, realmente, assinalei-o de novo na tal crónica do DN, que JAL retalha a seu bel-prazer. Aliás, já o tinha dito numa crónica mais antiga.
Os basbaques do salazarismo preparam-se para comemorar o cinquentenário da RTP e da visita da Rainha Isabel II a Portugal, que se misturam no imaginário saudoso dos evocadores.A revista ACTUAL do Expresso publica um texto arrasador sobre os modos da preparação diplomática da visita.Não há génio que resista...
Está a faltar no PSD uma teoria coerente sobre demissões.Depois de Alberto João Jardim ficamos todos à espera da demissão de Carmona Rodrigues.Ou Marques Mendes será o próximo a demitir-se?
A crise política italiana tem sido seguida neste blogue com cuidado.E não é para menos.Há muito que se não via um governo europeu cair por causa de um tema de política externa.Mesmo como mero pretexto.E será apenas um pretexto?Ou a Itália anuncia novas divisões na matéria em plena presidência alemã da UE?
Por isso, a resposta às repetidas dúvidas sobre a disponibilidade da esquerda para a governabilidade é esta: depende. Depende do governo, das circunstâncias, do peso de cada um. De tudo. Mas a disponibilidade não pode ser tão pouca que o poder seja apenas uma projecto sempre adiado. Nem tanta que o programa político seja apenas um objecto decorativo. Sendo certo que um partido que não se vê a si próprio no poder não é um partido. É um hobby. E se só imagina no poder daqui a cem anos é pior que um hobby. É uma perda de tempo.
(não vi ontem na SIC, mas li hoje no DN- resumo da Quadratura)
Etiquetas: Sócrates
Na passada semana soube-se que Manuel Lopes Marques saiu (porque quis!) da Refer em Junho do ano passado, com uma indemnização de 210 mil euros. Três meses depois, é contratado pela Rave (do mesmo grupo). A ganhar 5 mil euros mensais. Na altura o presidente da Refer era Luís Pardal. Agora, o presidente da Rave é Luís Pardal. Isto é que é velocidade, sim senhor. Esta semana, o felizardo é Joaquim Barbosa. Foi despedido da Refer em 2004. Foi para casa com uma indemnização de 120 mil euros. Dois anos mais tarde volta a ser contratado, desta feita por 6 mil euros mensais.
Valença, Chaves,Vila de Conde,Madeira...contra poderes diferentes da oposição política e dos sindicatos.
Temos dois anos de maioria absoluta do PS.Mas os dois anos que faltam são os decisivos.
Ontem, dia de Carnaval, houve tolerância de ponto.Isso foi bem visível na blogosfera...
Ontem fiz anos e o Público anunciou-o.Tanto bastou para receber inúmeras felicitações que agradeço.Na blogosfera deixo um abraço especial à Marta Rebelo, que aliás é uma recém aquário a declinar para os peixes,e ao João Gonçalves, um reformador de primeira água que anda a perder o seu talento a tentar salvar o Salazar das perseguições do regime!
A lei das finanças regionais é má. A decisão de Jardim é péssima. Não resolverá nada, a não ser o reforço da sua popularidade. Jardim só tem a ganhar com esta decisão: faz notar (e de que forma) o novo contexto menos opíparo da sua governação- o futuro está devidamente justificado; garante mais dois anos à frente da ilha sem ter que dizer, pela enésima ocasião: “só mais esta vez”; assegura o apoio do PSD e ainda pisca o olho à oposição que esteve contra esta lei; desafia Sócrates e eterniza a sua lucrativa posição de vítima.
Alberto João Jardim acabou por reagir com força à promulgação da Lei de Finanças das Regiões Autónomas que muitos insistem em crismar apenas de lei de finanças regionais.Vai ficar no centro da vida política portuguesa ocupando o lugar de Marquer Mendes na oposição ao governo.De tudo que disse retenho que se prepara para dar mais espaço ao investimento privado na Madeira e para internacionalizar a economia da Região.Com a sua atitude abre-se um novo período nas relações entre a Madeira e a República.Não tenho a certeza que venha a haver vencedores.
Multiplicam-se as pressões sobre o legislador da IVG.Perdida a batalha do Não,há quem se não conforme com a derrota e queira aconselhar obrigatoriamente os deputados.Ora estes sabem quem ganhou o referendo e porquê.Quer o aconselhamento, ou consulta, quer o período de reflexão não podem levar de novo a mulher para o aborto clandestino.
Desde logo, é uma atitude de conforto: um sorriso exige menor movimento muscular do que um rosto sisudo. Depois, gosto de não levar a sério o que não merece. E deixo-me seduzir pelo humor, encantar pela inteligência que arranca uma boa gargalhada.
Ania Thiemann, especialista para Portugal das publicações do The Economist Intelligence Unit,terá afirmado que «enquanto os gestores forem tão maus não há nada que se possa fazer» em Portugal, tanto mais que«não é possível despedir todos os gestores e trazê-los da Alemanha».Palavras duras e injustas como as que tudo generalizam.Até aqui essa generalizações
Vasco Pulido Valente assina no Público a melhor análise política deste Sábado.Segundo ele o PSD vive entre duas componentes, uma rural e católica e a outra urbana e relativista moral.Ora acontece que a componente rural e católica foi derrotada Domingo no referendo, e a urbana e sulista está a fazer tudo que lhe é possível para perder a Câmara de Lisboa...
Ficaria mal com a minha consciência se não dissesse agora que considero o Diário de Notícias dirigido por António José Teixeira um jornal sério e de muita qualidade.
Alberto João Jardim resolveu não empregar os seus testículos na reacção à promulgação pelo PR da Lei de Finanças das Regiões Autónomas que havia anatemizado.Meteu a viola no saco.Para disfarçar fala dos testículos dos outros a propósito do referendo sobre a despenalização da IVG que ele descobriu sozinho não ser vinculativo mas que terá decisivas consequências legislativas na AR.
O apelo de Cavaco Silva para que a nova lei da IVG seja moderada (mais ainda?!) de modo a “unir os portugueses” e a não criar mais cisões podem servir para dificultar a vida ao legislador e protelar o mais possível a promulgação da lei. E, ao contrário do que aparentemente pretende, com estas afirmações, o Presidente da República divide e não une.
Etiquetas: Cavaco Silva, IVG
No longo processo de readmissão de Aristides de Sousa Mendes na função pública, da qual fora afastado por Salazar, coube-me a oportunidade de dar um primeiro passo como Ministro dos Negócios Estrangeiros ao elaborar um despacho nesse sentido em Abril de 1977.Por motivos que só os diferentes cronistas que se têm ocupado desse assunto podem explicar prefere-se saltar uma década e falar apenas das pressões internacionais que envolveram aquela reintegração.Ora Diana Andringa,num documentário realizado por Teresa Olga para a RTP sobre o salvador de tantos judeus perseguidos pelos nazis e afins, refere o meu despacho, apresentando-o aliás em imagem que lhe não foi cedida por mim.O documentário da Diana Andringa há-de encontrar-se nos célebres arquivos da televisão pública, e de vez em quando é transmitido , embora a horas impróprias.Mas por favor não igualem o numero de anos que o regime democrático levou a reparar o acto persecutório de Salazar a este...
O cartão único que o governo inaugurou nos Açores não faz muito o meu género.Mas sempre foi melhor estreá-lo depois da despenalização da IVG estar adquirida do que antes...
Sou um leitor muito táctil de jornais.Só os leio na net, ou em revista de imprensa, por absoluta necessidade.De resto é logo de manhã com as versões papel muito juntas a mim ,comigo a desfolhar as páginas uma a uma.Isto vem a propósito da nova versão do Público.Ainda não sei quais são as suas melhores zonas erógenas.O caderno remete os temas culturais para o P2, e estes podem perder leitores ocasionais.O que é pena.Pena ainda a falta de Mário Mesquita entre os colunistas.
Esta foi uma noite de terça-feira com muito Salazar na televisão.E embora Jaime Nogueira Pinto não tenha desmerecido da sua condição de intelectual houve momentos em que me pareceu que Salazar tinha sido perseguido politicamente quando era Presidente do Conselho...
Visto do estrangeiro o resultado do referendo de Domingo apresenta-se como uma libertação da sociedade portuguesa .Interessante e a ter em conta para se perceber o que pensam de nós como povo.
Estive hoje durante 3 horas a falar de Portugal e da União Europeia com a Fernanda Rollo, o José Maria Brandão de Brito e o João Ferreira do Amaral para um livro que estes estão a fazer.Foi um diálogo muito estimulante longe do blá-blá-blá que nos ilude ou nos engana.
Estava esta manhã ao computador quando a sala estremeceu.Disse logo que tinha sido de grau 4, com a minha experiência de açoriano na matéria.A Maria Emília não tinha dado por nada.Quando a ciência nos informou que tinha sido um sismo de grau 6 da escala aberta de....revi as sensações.A melhor descrição de um abalo de terra que conheço é a de Cristovão de Aguiar na sua
Mais um pouco e teríamos uma polémica no mundo sobre as causas do terramoto de Lisboa no dia seguinte ao referendo sobre a despenalização do aborto.De que nacionalidade seria Voltaire desta vez?E Malagrida?
Verifico que muita gente do Não, assim como do Sim, se está a agarrar às abas de José Sócrates.Poucos olham para Cavaco Silva que nem à participação no voto apelou.
Estou muito impressionado pelos números que vêm dos Açores em termos de abstenção e vitória do não no referendo.Ainda mais do que em 1998. Uma vitória de quem?
A reportagem da Aljazeera sobre o resultado do referendo ofereceu-nos imagens de libertação civilizacional em Lisboa: mulheres que choravam e se abraçavam como se um regime opressivo tivesse terminado.Como se um véu se tivesse rompido.Só por imagens.As palavras limitaram-se ao relato dos resultados.
O que significa a vitória do Sim vai ser a discussão política de curto prazo.Mas ela não é particularmente uma vitória de esquerda.É antes, e para além disso, a consagração da laicidade em Portugal.À direita e à esquerda.A política segue dentro de momentos.Muita atenção pois.
Os resultados como se anunciam dão luz verde para a maioria na AR legislar dentro dos parâmetros definidos pelo SIM no referendo.Ou seja vamos ter uma nova lei sobre a despenalização da IVG.Abre-se assim uma era de maior tranquilidade civil para mulheres e casais que tenham de recorrer a esse extremo.
Do livro Confissões da Marquesa de Jácome Correia:
Os que pensam que as questões políticas «é lá com eles», mas gostariam de ver o país dotado com uma lei mais verdadeira sobre a despenalização do aborto ,devem dirigir-se às urnas no próximo domingo.É o que dizem as sondagens...
Sou professor universitário de nomeação definitiva.Mas concordo que a carreira docente no ensino superior não dá garantias mínimas a quem não tenha ainda aquele vínculo, nomeadamente ao subsídio de desemprego em caso de expiração de prazos para provas de doutoramento, ou de falta de verbas nas faculdades para renovar com assistentes e professores auxiliares .A flexibilização dos contractos na função pública vai obrigar o Estado a estender esse subsídio a outros casos mas entretanto não deve aproveitar o ensejo para se desinteressar pela sorte dos docentes naquelas condições
João Gonçalves, que vota não, recorda hoje no DN que foi um dos que comigo e com António Barreto no MANIFESTO REFORMADOR em 1979 defendeu o instituto do referendo no ordenamento constitucional português.Louvo-me nessa recordação de um «reformador» dos tempos difíceis.
O SIM não é uma questão política só de esquerda.Há muita gente à direita, ou sem quadrante ideológico fixo,que pretende despenalizar o aborto durante as primeiras semanas de gravidez.Em França foi até um governo de direita que há mais de 30 anos resolveu o caso. Mas em Portugal a direita política é incapaz de resolver qualquer assunto que requeira um pouco de nervo.Não democratizaram, não descolonizaram,nem sequer conseguiram equilibrar as finanças em regime democrático.Fora o business as usual agarram-se às abas da esquerda quando é preciso mais do que intendência.Era bom que muitos dos seus eleitores fossem votar SIM no domingo.E dar uma lição aos seus representantes políticos.
Scolari é dado a caprichos na sua forma de encarar a liderança da selecção.Desta vez resolveu ser profeta e atribuiu a braçadeira de capitão a Cristiano Ronaldo com pelo menos 4 anos de antecipação.Terá feito bem ao craque ou atrasou-lhe a necessária maturação?A licenciatura de Scolari em psicologia fica sob avaliação...
A decisão da Procuradoria-Geral da República de iniciar um inquérito sobre a eventualidade de se ter praticado, no seguimento de voos da CIA, maus tratos, torturas, ou tratamento desumano em território nacional, surpreendeu-me. Como se sentirão os deputados da AR? Ultrapassados, pávidos,serenos, aliviados?
Má notícia para a imprensa portuguesa:Mário Mesquita vai deixar de escrever ao Domingo no Público. Mário Mesquita que manteve uma presença e influência decisivas no panorama da comunicação social como jornalista do República antes e depois do 25 de Abril, no Jornal Novo, e sobretudo no Diário de Notícias em que moldou o paradigma da imprensa pluralista no regime democrático como director-adjunto e como director daquele jornal,não se confunde com mais nenhum colunista da nossa praça.Os seus artigos são normalmente muito informados, alguns até eruditos,raramente sensacionalistas, todos sérios e filhos de muito trabalho de casa oferecido ao leitor exigente.Nunca o vi montar a onda dos temas cabulões saturados de opinião declamatória que se podem escrever num ápice e se lêem ainda mais rapidamente.
Os serviços que preparam os processos de indulto pelo Natal falharam grosseiramente num caso concreto relatado no Expresso.Como ninguém de bom senso quer atacar o PR pelo caso ergue-se o Ministro da Justiça como responsável pelo engano.Como, se este recebeu o mesmo processo informado pelo Tribunal de Execução de Penas que o Presidente?Só porque o Ministro não é tão castiço e para que mais nenhum serviço envolvido sofra as consequências?
Conheci-o em 1959 em Ponta Delgada, era ele tudo menos um aspirante a oficial miliciano, e eu um finalista do Liceu Antero de Quental virado para as letras.O meu irmão Arnaldo, oficial do Exército, chamou-me a atençao para aquele estudante de Direito desterrado nos Arrifes.Conversa puxa conversa, tornámo-nos amigos.Mais uns tempos e o Cerqueira da Rocha começou a emprestar-me livros que tinha trazido de Lisboa na previsão da sua falta local.Um deles foi a história do Teatro Moderno do Luis Francisco Rebelo, acabado de sair.Mergulhei então na leitura dos movimentos culturais do século XX pela primeira vez, no Liceu ainda mal se dava o romantismo.
Quem diz a verdade não janta cá hoje, é um ditado popular que se está a aplicar ao ministro Manuel Pinho desde ontem após a sua apreciação sobre o papel tradicional dos salários baixos em Portugal.Era uma afirmação para consumo instantâneo na China Popular, tornou-se «desajeitada» em termos de exploração interna.Muito destemido em atacar os sindicatos o ministro embatucou com a apreciação do líder patronal Van Zeller.«Piedade», pediu o primeiro-ministro.
Houve uma geração que não quis nem Salazar nem Cunhal e ganhou no PREC, na Constituição e nas urnas.Teve vários protagonistas:Soares e Eanes em representação de todos.Nenhum deles figura na galeria dos escolhidos pela votação electrónica da RTP, embora Mário Soares seja o político vivo mais bem classificado num destacado 12 lugar.Mas ver repentinamente reposta a falsa escolha contemporânea para a qual a ditadura quis empurrar o país não deixa de ser um desafio que urge encarar de frente.