quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Uma grande guerra?

Afeganistão,Iraque,Irão...

2 anos Sócrates e Jardim (zoológico)

Foram os temas das minhas crónicas na TSF (sexta-feira) e no DN (segunda-feira)

Mistérios da RTP

Paulo Portas apresenta no programa dos grandes portugueses a sua moção estratégica sobre D. João II.Ele próprio confessou na RTP que fora convidado para apresentar um outro personagem.Creio que se tratava do Infante D. Henrique,o que recusou.Mas alguém na estação pública de televisão estava determinado a associar o líder partidário, em sabática, às caravelas...Liberto do encargo o homem estará disponível para regressar às lides.Carregado de herois e santos...

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Parcerias universitárias

As Universidades privadas não deixam de nos surpreender.Depois da Moderna segue-se agora o mistério da Independente.À falta de investigação científica, a imaginação ao poder.O que será branqueamento de capitais a nível universitário privado?As Universidades públicas têm alguma coisa a lucrar com esses financiamentos autónomos?O mundo das parcerias é vasto...

"Fado-Export"



“Prime Minister José Sócrates, who was overwhelmingly elected on a pledge to modernize Portugal, has mixed feelings about fado.
"Fado is about nostalgia, a sadness that is very intimate,” Mr. Sócrates said in an interview. “I’m not a huge fan.” But as fado is a purely Portuguese product, he does not renounce it. “Fado,” he said, “must have the right environment, and the singers must be very special, to give it both beauty and a high standing.”

Um olhar americano sobre o Fado no NY Times.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Os sem memória


Está no Hospital de Portalegre há um mês. A única coisa que o Hospital sabe é que o homem, que mal fala português, se chama Sing e que tinha um patrão chamado Derlei. Pelo menos é o que ele diz. O hospital não sabe mais nada. O homem também não. Amnésico. Terá caído numa obra em Lisboa e seguido para o São José, com um traumatismo craniano. Os serviços do hospital descobriram um papel no seu bolso, com a indicação de Portalegre. Como já não precisava de cuidados médicos em Lisboa, foi transferido para a unidade no Alentejo. A sua identidade continua por determinar. A assistência social já contactou instituições, embaixadas e segurança social. Nada. Nem sequer se sabe como foi parar ao hospital de São José. A direcção de Portalegre, receia que Sing venha a receber alta e não possua no exterior ninguém que o auxilie. A alternativa é uma instituição de apoio a gente sem abrigo.
A história de Sing condensa a triste forma como tratamos os imigrantes. Condenados à ilegalidade, explorados até servirem, abandonados à porta de um hospital quando caducam. Reduzidos a isso mesmo. Mão-de-obra barata e descartável. Os que se podiam preocupar estão longe. Não há quem dê pela sua falta ou se queixe do seu desaparecimento. Lá fora, ninguém os espera. São pessoas sem identidade, sem laços, sem rosto, sem fala ou voz. São sem papéis, são sem abrigo. Sem memória.

(A foto é a que acompanhava a notícia)

Entre inimigos

O meu comentário ao grande vencendor dos Óscares.

Errata

O João Abel de Freitas, do Puxa a Palavra, faz uma referência à minha crónica do DN de hoje. Agradeço o apreço e a correcção. Na crónica consta: “apresenta 18% de desemprego”, quando devia constar “apresenta mais 18% de desemprego”. De facto, a Madeira não tem 18% de desemprego, mas mais 18% do que no ano passado, mais 9000 desempregados. Foi um lamentável lapso. De qualquer forma, não altera o essencial da mensagem. O PIB da Madeira é uma miragem, a que Jardim se agarrou, mas que agora justifica a Lei das Finanças Regionais, o motivo que alega para a sua demissão. Feitiço contra feiticeiro. A realidade da região é outra.
A população da Madeira é das que apresenta dos maiores indicadores de pobreza e de falta de coesão do país. Para além do aumento do desemprego, verifica-se uma taxa de abandono escolar das mais elevadas de Portugal, investimento público megalómano sem retorno, poder de compra muito baixo, abandono dos sectores primários, desinvestimento na ciência e tecnologia. Não nego que a realidade da Madeira mudou muito. Para muito melhor. Mas mudou à custa de um despesismo desbragado. E, mesmo assim, graves problemas persistem. Como será com menos dinheiro?
Quanto a Marcelo, bem que se pode preocupar com a transcrição do seu programa no DN. Por exemplo.

E sobre a CML, o que acha?

José António Lima, no Sol deste Sábado, assinou uma coluna em que pretendia mostrar uma suposta contradição do Bloco de Esquerda: relativamente à Câmara Municipal de Lisboa defende eleições antecipadas mas, relativamente à Câmara de Salvaterra (a Presidente é do BE e é arguida), não. Para sustentar a sua posição, JAL citava Sá Fernandes, Louçã e esta minha crónica no DN. Acontece que nem eu nem o BE alguma vez sustentámos a ideia que a constituição de arguido impede uma autarca de se manter em funções. O que me leva a apelar à demissão de Carmona é a inexistência de condições de governabilidade. Assinalei-o na TSF (podem ler o texto aqui) e, realmente, assinalei-o de novo na tal crónica do DN, que JAL retalha a seu bel-prazer. Aliás, já o tinha dito numa crónica mais antiga.
E não entendo que os autarcas arguidos (que existem em todos os partidos!) devam demitir-se apenas por isso já que, como o próprio JAL reconhece, essa “regra” levaria a uma perigosa judicialização dos cargos políticos. É evidente que podemos reflectir e avaliar cada uma das situações e, como também admite JAL, podemos discutir se um detentor de um cargo político deve ou não, uma vez arguido, afastar-se por questões éticas e de salvaguarda do bom nome da instituição.
Quem assumiu o papel de paladino da transparência autárquica foi Marques Mendes. Que agora, perante a situação na CML, recua. Se há contradição, mora em Marques Mendes. Relativamente a Fontão, o caso, como sublinhei na tal crónica, é pior. Mentiu, com conhecimento de Carmona. E foi Carmona que afirmou que se demitiria caso Fontão fosse arguido. O que defendo é que Carmona devia retirar consequências das suas posições. E, uma vez mais, da sua contradição.
JAL, sobre a sua própria posição relativamente à CML, nada avança. Sobre a gestão de Carmona, silêncio. O que pretende é limpar o nome do PSD, de Carmona e de Marques Mendes à custa do do Bloco. Pior emenda que o soneto. Quando diz “o que não pode é utilizarem-se critérios diferentes, ao sabor das conveniências, para situações políticas semelhantes”, devia engolir as suas palavras. E não lamentarei a indigestão.

domingo, fevereiro 25, 2007

Estragar o cinquentenário

Os basbaques do salazarismo preparam-se para comemorar o cinquentenário da RTP e da visita da Rainha Isabel II a Portugal, que se misturam no imaginário saudoso dos evocadores.A revista ACTUAL do Expresso publica um texto arrasador sobre os modos da preparação diplomática da visita.Não há génio que resista...

sábado, fevereiro 24, 2007

Cultura pop



Enquanto se vendem t-shirts celebrativas do novo "corte de cabelo" da Britney Spears no eBay, as pessoas que raparam o cabelo da "starlette" tentam vender o mesmo por 1 milhão de dólares aqui.

Há realmente que admirar o sentido de oportunidade e de "entrepreneurship" dos americanos.

Teoria das demissões no PSD

Está a faltar no PSD uma teoria coerente sobre demissões.Depois de Alberto João Jardim ficamos todos à espera da demissão de Carmona Rodrigues.Ou Marques Mendes será o próximo a demitir-se?

Há quanto tempo?

A crise política italiana tem sido seguida neste blogue com cuidado.E não é para menos.Há muito que se não via um governo europeu cair por causa de um tema de política externa.Mesmo como mero pretexto.E será apenas um pretexto?Ou a Itália anuncia novas divisões na matéria em plena presidência alemã da UE?

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

A crise italiana

Nos editoriais de hoje do The Guardian e do El Pais

A resposta ao post anterior



Cartoon de F. Espada

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Só não dizia a quê...

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E vergonha na dita?

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A margem esquerda

Por isso, a resposta às repetidas dúvidas sobre a disponibilidade da esquerda para a governabilidade é esta: depende. Depende do governo, das circunstâncias, do peso de cada um. De tudo. Mas a disponibilidade não pode ser tão pouca que o poder seja apenas uma projecto sempre adiado. Nem tanta que o programa político seja apenas um objecto decorativo. Sendo certo que um partido que não se vê a si próprio no poder não é um partido. É um hobby. E se só imagina no poder daqui a cem anos é pior que um hobby. É uma perda de tempo.

Daniel Oliveira, no Arrastão
Vale a pena ler o resto.

A melhor análise dos 2 anos Sócrates

(não vi ontem na SIC, mas li hoje no DN- resumo da Quadratura)

É a de Jorge Coelho:

”A economia ainda não está onde queremos, as finanças públicas ainda não estão suficientemente saudáveis, o nível de emprego ainda não é aquele que precisamos, a taxa de crescimento ainda é inferior à média europeia”

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É muita flexissegurança!

Na passada semana soube-se que Manuel Lopes Marques saiu (porque quis!) da Refer em Junho do ano passado, com uma indemnização de 210 mil euros. Três meses depois, é contratado pela Rave (do mesmo grupo). A ganhar 5 mil euros mensais. Na altura o presidente da Refer era Luís Pardal. Agora, o presidente da Rave é Luís Pardal. Isto é que é velocidade, sim senhor. Esta semana, o felizardo é Joaquim Barbosa. Foi despedido da Refer em 2004. Foi para casa com uma indemnização de 120 mil euros. Dois anos mais tarde volta a ser contratado, desta feita por 6 mil euros mensais.

Contra-poderes

Valença, Chaves,Vila de Conde,Madeira...contra poderes diferentes da oposição política e dos sindicatos.

Dois mais dois

Temos dois anos de maioria absoluta do PS.Mas os dois anos que faltam são os decisivos.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Tolerância de ponto

Ontem, dia de Carnaval, houve tolerância de ponto.Isso foi bem visível na blogosfera...

A força da imprensa!

Ontem fiz anos e o Público anunciou-o.Tanto bastou para receber inúmeras felicitações que agradeço.Na blogosfera deixo um abraço especial à Marta Rebelo, que aliás é uma recém aquário a declinar para os peixes,e ao João Gonçalves, um reformador de primeira água que anda a perder o seu talento a tentar salvar o Salazar das perseguições do regime!
Só posso dizer a todos que até aos 65 anos é bom...

"What's Left of the Left?"



"The generation of activists and thinkers who made up the New Left have recently spread out in very different intellectual directions; some of them joined forces with the New Labour project, while others supported intervention in Iraq. Was the war in Iraq, and before that NATO's interventions in the Balkans, a continuation of the universalist and democratic spirit of 1968, or an abandonment of its principles? Where can those principles find a home in a very different political landscape?"

[Institute of Contemporary Arts, UK]

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Ainda os voos da CIA e a Câmara M. de Lx

Foram os temas das minhas crónicas na TSF (sexta-feira) e no DN (segunda-feira).

Jardim a fazer flores

A lei das finanças regionais é má. A decisão de Jardim é péssima. Não resolverá nada, a não ser o reforço da sua popularidade. Jardim só tem a ganhar com esta decisão: faz notar (e de que forma) o novo contexto menos opíparo da sua governação- o futuro está devidamente justificado; garante mais dois anos à frente da ilha sem ter que dizer, pela enésima ocasião: “só mais esta vez”; assegura o apoio do PSD e ainda pisca o olho à oposição que esteve contra esta lei; desafia Sócrates e eterniza a sua lucrativa posição de vítima.
Jardim jurou guerra com Sócrates. Mas não aproveitou nenhuma das oportunidades anteriores para deixar cair a bomba, nem mesmo quando Cavaco promulgou a lei. Fá-lo agora, em dia de avaliação dos dois anos de governação socialista. Bom timing, sem dúvida. Para Sócrates também.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Alberto João Jardim dá luta

Alberto João Jardim acabou por reagir com força à promulgação da Lei de Finanças das Regiões Autónomas que muitos insistem em crismar apenas de lei de finanças regionais.Vai ficar no centro da vida política portuguesa ocupando o lugar de Marquer Mendes na oposição ao governo.De tudo que disse retenho que se prepara para dar mais espaço ao investimento privado na Madeira e para internacionalizar a economia da Região.Com a sua atitude abre-se um novo período nas relações entre a Madeira e a República.Não tenho a certeza que venha a haver vencedores.

O legislador grávido

Multiplicam-se as pressões sobre o legislador da IVG.Perdida a batalha do Não,há quem se não conforme com a derrota e queira aconselhar obrigatoriamente os deputados.Ora estes sabem quem ganhou o referendo e porquê.Quer o aconselhamento, ou consulta, quer o período de reflexão não podem levar de novo a mulher para o aborto clandestino.

Presidenciais francesas

As presidenciais em França ainda nos vão surpreender?

domingo, fevereiro 18, 2007

Rir é sempre um bom remédio...

Desde logo, é uma atitude de conforto: um sorriso exige menor movimento muscular do que um rosto sisudo. Depois, gosto de não levar a sério o que não merece. E deixo-me seduzir pelo humor, encantar pela inteligência que arranca uma boa gargalhada.
Sou admirador incondicional daqueles que têm esse talento de despir os reis.
Vi hoje, com atenção,os gatos e o Herman. Gatos, «ponham-se a pau». Podem ter sete ou mais vidas, mas o grande mestre está a subir. Hoje, ganhou o Herman.

A estratégia de Lisboa de Ania Thiemann

Ania Thiemann, especialista para Portugal das publicações do The Economist Intelligence Unit,terá afirmado que «enquanto os gestores forem tão maus não há nada que se possa fazer» em Portugal, tanto mais que«não é possível despedir todos os gestores e trazê-los da Alemanha».Palavras duras e injustas como as que tudo generalizam.Até aqui essa generalizações
eram feitas entre nós para os funcionários públicos e para os professores.Será que vistos de fora somos todos iguais?

sábado, fevereiro 17, 2007

O PSD dobrado

Vasco Pulido Valente assina no Público a melhor análise política deste Sábado.Segundo ele o PSD vive entre duas componentes, uma rural e católica e a outra urbana e relativista moral.Ora acontece que a componente rural e católica foi derrotada Domingo no referendo, e a urbana e sulista está a fazer tudo que lhe é possível para perder a Câmara de Lisboa...

Um jornal de qualidade

Ficaria mal com a minha consciência se não dissesse agora que considero o Diário de Notícias dirigido por António José Teixeira um jornal sério e de muita qualidade.

Empregar os testículos

Alberto João Jardim resolveu não empregar os seus testículos na reacção à promulgação pelo PR da Lei de Finanças das Regiões Autónomas que havia anatemizado.Meteu a viola no saco.Para disfarçar fala dos testículos dos outros a propósito do referendo sobre a despenalização da IVG que ele descobriu sozinho não ser vinculativo mas que terá decisivas consequências legislativas na AR.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

"Eggnancy"

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in The Perry Bible Fellowship

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Pelo contrário

O apelo de Cavaco Silva para que a nova lei da IVG seja moderada (mais ainda?!) de modo a “unir os portugueses” e a não criar mais cisões podem servir para dificultar a vida ao legislador e protelar o mais possível a promulgação da lei. E, ao contrário do que aparentemente pretende, com estas afirmações, o Presidente da República divide e não une.
Já sabemos que Cavaco Silva reflectiu muito sobre esta coisa das fracturas na sociedade e que na campanha presidencial até afirmou que “duas pessoas sérias com a mesma informação chegam necessariamente à mesma conclusão”. Na altura não percebia a essência da democracia e da política. Agora tão pouco. Há clivagens e (também) por isso houve referendo. Ademais, e se está tão preocupado em fomentar a união dos portugueses, porque não sublinha antes as alianças que foram feitas em torno do Sim? Não gostou de ver do mesmo lado esquerda e direita, ateus e católicos?

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Só para que conste

No longo processo de readmissão de Aristides de Sousa Mendes na função pública, da qual fora afastado por Salazar, coube-me a oportunidade de dar um primeiro passo como Ministro dos Negócios Estrangeiros ao elaborar um despacho nesse sentido em Abril de 1977.Por motivos que só os diferentes cronistas que se têm ocupado desse assunto podem explicar prefere-se saltar uma década e falar apenas das pressões internacionais que envolveram aquela reintegração.Ora Diana Andringa,num documentário realizado por Teresa Olga para a RTP sobre o salvador de tantos judeus perseguidos pelos nazis e afins, refere o meu despacho, apresentando-o aliás em imagem que lhe não foi cedida por mim.O documentário da Diana Andringa há-de encontrar-se nos célebres arquivos da televisão pública, e de vez em quando é transmitido , embora a horas impróprias.Mas por favor não igualem o numero de anos que o regime democrático levou a reparar o acto persecutório de Salazar a este...

Cartão único

O cartão único que o governo inaugurou nos Açores não faz muito o meu género.Mas sempre foi melhor estreá-lo depois da despenalização da IVG estar adquirida do que antes...

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Às apalpadelas

Sou um leitor muito táctil de jornais.Só os leio na net, ou em revista de imprensa, por absoluta necessidade.De resto é logo de manhã com as versões papel muito juntas a mim ,comigo a desfolhar as páginas uma a uma.Isto vem a propósito da nova versão do Público.Ainda não sei quais são as suas melhores zonas erógenas.O caderno remete os temas culturais para o P2, e estes podem perder leitores ocasionais.O que é pena.Pena ainda a falta de Mário Mesquita entre os colunistas.

Terça-Feira de Salazar

Esta foi uma noite de terça-feira com muito Salazar na televisão.E embora Jaime Nogueira Pinto não tenha desmerecido da sua condição de intelectual houve momentos em que me pareceu que Salazar tinha sido perseguido politicamente quando era Presidente do Conselho...

terça-feira, fevereiro 13, 2007

O referendo visto de fora

Visto do estrangeiro o resultado do referendo de Domingo apresenta-se como uma libertação da sociedade portuguesa .Interessante e a ter em conta para se perceber o que pensam de nós como povo.

Falar entre nós sobre a UE

Estive hoje durante 3 horas a falar de Portugal e da União Europeia com a Fernanda Rollo, o José Maria Brandão de Brito e o João Ferreira do Amaral para um livro que estes estão a fazer.Foi um diálogo muito estimulante longe do blá-blá-blá que nos ilude ou nos engana.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Recordações sísmicas

Estava esta manhã ao computador quando a sala estremeceu.Disse logo que tinha sido de grau 4, com a minha experiência de açoriano na matéria.A Maria Emília não tinha dado por nada.Quando a ciência nos informou que tinha sido um sismo de grau 6 da escala aberta de....revi as sensações.A melhor descrição de um abalo de terra que conheço é a de Cristovão de Aguiar na sua
Relação de Bordo sobre o de 1969 com os animais do jardim zoológico a espantarem-se antes dos humanos sentirem qualquer coisa.O que recordo com mais intensidade é o ocorrido nos finais de 1962 quando estava preso no Aljube na mesma cela com o padre Pinto de Andrade e com Nikias Skapinakis.O que mais impressão me fez foi aquele que sacudiu a minha escola primária em Vila Franca do Campo, na ilha de S.Miguel , com as carteiras a saltarem para a frente na sala de aula. Esse foi de escala 10 no meu coração.

Tremor de terra

Mais um pouco e teríamos uma polémica no mundo sobre as causas do terramoto de Lisboa no dia seguinte ao referendo sobre a despenalização do aborto.De que nacionalidade seria Voltaire desta vez?E Malagrida?

Agarrados às abas

Verifico que muita gente do Não, assim como do Sim, se está a agarrar às abas de José Sócrates.Poucos olham para Cavaco Silva que nem à participação no voto apelou.

Excelentes

As duas últimas primeiras páginas do DN.

Impressionado

Estou muito impressionado pelos números que vêm dos Açores em termos de abstenção e vitória do não no referendo.Ainda mais do que em 1998. Uma vitória de quem?

O referendo visto pela Aljazeera

A reportagem da Aljazeera sobre o resultado do referendo ofereceu-nos imagens de libertação civilizacional em Lisboa: mulheres que choravam e se abraçavam como se um regime opressivo tivesse terminado.Como se um véu se tivesse rompido.Só por imagens.As palavras limitaram-se ao relato dos resultados.

domingo, fevereiro 11, 2007

O que significa a vitória do Sim

O que significa a vitória do Sim vai ser a discussão política de curto prazo.Mas ela não é particularmente uma vitória de esquerda.É antes, e para além disso, a consagração da laicidade em Portugal.À direita e à esquerda.A política segue dentro de momentos.Muita atenção pois.

Luz verde para a AR legislar

Os resultados como se anunciam dão luz verde para a maioria na AR legislar dentro dos parâmetros definidos pelo SIM no referendo.Ou seja vamos ter uma nova lei sobre a despenalização da IVG.Abre-se assim uma era de maior tranquilidade civil para mulheres e casais que tenham de recorrer a esse extremo.

Volto já

Fui votar.Volto já.

sábado, fevereiro 10, 2007

Para reflexão...

Do livro Confissões da Marquesa de Jácome Correia:
«Numa das vezes acabei por ficar grávida.Foi um pânico.Só a Amália sabia.Ela conhecia uma parteira que fazia desmanchos e levou-me lá.
Morava numa casa horrível, muito pobre e duvidosa.Fui levada para o quarto dela.Um cubículo com uma cama e um bidé;era tudo.Com um nojo horrível deitei-me naquela cama de roupa enxovalhada.Vi, para meu descanso, que a mulher fervia uns ferros numa panela.Pelo menos havia desinfecção.Introduziu-me um ferro na vagina, deu uns toques e disse-me que estava terminado»
Tudo se passou há mais de 50 anos em Lisboa.Mas pode repetir-se.Ou não?

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

O melhor é irem votar no SIM

Os que pensam que as questões políticas «é lá com eles», mas gostariam de ver o país dotado com uma lei mais verdadeira sobre a despenalização do aborto ,devem dirigir-se às urnas no próximo domingo.É o que dizem as sondagens...

Subsídio de desemprego

Sou professor universitário de nomeação definitiva.Mas concordo que a carreira docente no ensino superior não dá garantias mínimas a quem não tenha ainda aquele vínculo, nomeadamente ao subsídio de desemprego em caso de expiração de prazos para provas de doutoramento, ou de falta de verbas nas faculdades para renovar com assistentes e professores auxiliares .A flexibilização dos contractos na função pública vai obrigar o Estado a estender esse subsídio a outros casos mas entretanto não deve aproveitar o ensejo para se desinteressar pela sorte dos docentes naquelas condições
que se vejam liberalizados.Por isso a futura lei terá de ter efeitos rectroactivos que abrangem pelo menos este ano orçamental.Para evitar tentações...

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

SIM, também ao referendo

João Gonçalves, que vota não, recorda hoje no DN que foi um dos que comigo e com António Barreto no MANIFESTO REFORMADOR em 1979 defendeu o instituto do referendo no ordenamento constitucional português.Louvo-me nessa recordação de um «reformador» dos tempos difíceis.
Não estou nada arrependido de ter proposto a figura do referendo, ainda com mais antecedência num artigo no Diário de Notícias, então dirigido por Mário Mesquita.Só lamento que a sua aplicação tenha sido tardia, e em 1998 com propósitos manifestamente oportunistas para retirar à AR o processo legislativo que já decorria sobre a IVG.Antes, o Tratado de Maastricht, que criou a UE e a UEM em 1992, já devia ter sido avaliado em referendo , por exemplo.O uso táctico do referendo contra a AR na matéria do aborto foi uma manobra sem escrúpulos que minou o prestígio desse instrumento de consulta popular até pela fraca participação que suscitou . Mesmo assim continuo a defender o referendo e no Domingo lá estarei a votar SIM.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

O SIM entre a esquerda e a direita

O SIM não é uma questão política só de esquerda.Há muita gente à direita, ou sem quadrante ideológico fixo,que pretende despenalizar o aborto durante as primeiras semanas de gravidez.Em França foi até um governo de direita que há mais de 30 anos resolveu o caso. Mas em Portugal a direita política é incapaz de resolver qualquer assunto que requeira um pouco de nervo.Não democratizaram, não descolonizaram,nem sequer conseguiram equilibrar as finanças em regime democrático.Fora o business as usual agarram-se às abas da esquerda quando é preciso mais do que intendência.Era bom que muitos dos seus eleitores fossem votar SIM no domingo.E dar uma lição aos seus representantes políticos.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Uma braçadeira caprichosa

Scolari é dado a caprichos na sua forma de encarar a liderança da selecção.Desta vez resolveu ser profeta e atribuiu a braçadeira de capitão a Cristiano Ronaldo com pelo menos 4 anos de antecipação.Terá feito bem ao craque ou atrasou-lhe a necessária maturação?A licenciatura de Scolari em psicologia fica sob avaliação...

Os voos da Cia passaram por cima da AR

A decisão da Procuradoria-Geral da República de iniciar um inquérito sobre a eventualidade de se ter praticado, no seguimento de voos da CIA, maus tratos, torturas, ou tratamento desumano em território nacional, surpreendeu-me. Como se sentirão os deputados da AR? Ultrapassados, pávidos,serenos, aliviados?
E para a República Portuguesa foi avisado anular a fase do inquérito parlamentar e lançar-se logo na investigação de tipo criminal?
Não há cooperação estratégica entre órgãos de soberania quando esta efectivamente faz sentido? Ou já há apostas sobre a provável falta de provas?

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Para quando?

Para quando mais um programa sobre Salazar na RPT1?

domingo, fevereiro 04, 2007

A coluna de Mário Mesquita

Má notícia para a imprensa portuguesa:Mário Mesquita vai deixar de escrever ao Domingo no Público. Mário Mesquita que manteve uma presença e influência decisivas no panorama da comunicação social como jornalista do República antes e depois do 25 de Abril, no Jornal Novo, e sobretudo no Diário de Notícias em que moldou o paradigma da imprensa pluralista no regime democrático como director-adjunto e como director daquele jornal,não se confunde com mais nenhum colunista da nossa praça.Os seus artigos são normalmente muito informados, alguns até eruditos,raramente sensacionalistas, todos sérios e filhos de muito trabalho de casa oferecido ao leitor exigente.Nunca o vi montar a onda dos temas cabulões saturados de opinião declamatória que se podem escrever num ápice e se lêem ainda mais rapidamente.
Pelo que escreveu hoje à guisa de despedida, alguém no Público achou incompatível a sua próxima condição de Administrador da FLAD com a de colunista independente! Deve ter sido com uma grande gargalhada que Mário Mesquita escreveu os últimos parágrafos da sua insubstituível coluna.

Beatificação de Cavaco e satanização de Alberto Costa

Os serviços que preparam os processos de indulto pelo Natal falharam grosseiramente num caso concreto relatado no Expresso.Como ninguém de bom senso quer atacar o PR pelo caso ergue-se o Ministro da Justiça como responsável pelo engano.Como, se este recebeu o mesmo processo informado pelo Tribunal de Execução de Penas que o Presidente?Só porque o Ministro não é tão castiço e para que mais nenhum serviço envolvido sofra as consequências?
Se o escalão político tem responsabilidades o PR também tem.Daqui não se poderá sair facilmente.Não vale a pena beatificar Cavaco e satanizar Alberto Costa.

sábado, fevereiro 03, 2007

Joaquim Cerqueira da Rocha (1937-2007)

Conheci-o em 1959 em Ponta Delgada, era ele tudo menos um aspirante a oficial miliciano, e eu um finalista do Liceu Antero de Quental virado para as letras.O meu irmão Arnaldo, oficial do Exército, chamou-me a atençao para aquele estudante de Direito desterrado nos Arrifes.Conversa puxa conversa, tornámo-nos amigos.Mais uns tempos e o Cerqueira da Rocha começou a emprestar-me livros que tinha trazido de Lisboa na previsão da sua falta local.Um deles foi a história do Teatro Moderno do Luis Francisco Rebelo, acabado de sair.Mergulhei então na leitura dos movimentos culturais do século XX pela primeira vez, no Liceu ainda mal se dava o romantismo.
Quando cheguei a Lisboa,no ano seguinte, levou-me ao restaurante Tatu no Campo Grande onde se aboletavam muitos estudantes de esquerda.Daí a uns meses eu estava envolvido nas associações de estudantes.
Sempre discreto o Cerqueira da Rocha assistiu ao meu percurso como dirigente estudantil com visível satisfação.Num ou outro momento mais difícil dava-me um abraço mais apertado. Também me emprestava o seu «quarto independente» para coisas próprias da idade.Depois a vida separou-nos.
Voltei a encontra-lo depois do 25 de Abril, em campos políticos diferentes mas com a mesma amizade renascida.Admito que o meu percurso de moderador da revolução o tenha desiludido um pouco.Porém com a situação normalizada lá nos reconciliamos.
Cerqueira da Rocha havia montado banca de advogado na sua terra, a Figueira da Foz,onde chegou a ter responsabilidades autárquicas.Há uns anos convidou-me com o seu sorriso quase alegre para palestrar num almoço de gastrónomos.Fui com enorme prazer, por ele.Com uma distinção de maneiras muito subtil ao saber da importância que eu atribuira à leitura do livro sobre Teatro Moderno, ofereceu-mo com a seguinte dedicatória Com um grande abraço que começou em 1959.Um grande abraço meu querido amigo Cerqueira da Rocha.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Cidadania online



"Putting citizens online. Not in line."

Na freguesia de Lewisham (London southeast council) os moradores são convidados a envolver-se na manutenção e limpeza das ruas e edifícios através do telemóvel.

Quem quiser reportar uma parede graffitada, uma rua esburacada, um caixote do lixo danificado ou um frigorífico "esquecido" no meio da rua - pode através de um SMS filmar ou fotografar o local e colocar no site "Love Lewsham" disponibilizado pela própria freguesia.

O site funciona também como um fórum participativo onde os moradores podem igualmente deixar comentários e ver o "status report" das obras executadas pela Junta.

[Nota pessoal: A Junta de Freguesia de S. Mamede (onde vivo), bem que poderia pensar numa "coisa" destas.]


Cabaret Maxime



... já abriu, para gáudio e regozijo de alguns Lisboetas.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Quem diz a verdade...

Quem diz a verdade não janta cá hoje, é um ditado popular que se está a aplicar ao ministro Manuel Pinho desde ontem após a sua apreciação sobre o papel tradicional dos salários baixos em Portugal.Era uma afirmação para consumo instantâneo na China Popular, tornou-se «desajeitada» em termos de exploração interna.Muito destemido em atacar os sindicatos o ministro embatucou com a apreciação do líder patronal Van Zeller.«Piedade», pediu o primeiro-ministro.

Houve uma geração

Houve uma geração que não quis nem Salazar nem Cunhal e ganhou no PREC, na Constituição e nas urnas.Teve vários protagonistas:Soares e Eanes em representação de todos.Nenhum deles figura na galeria dos escolhidos pela votação electrónica da RTP, embora Mário Soares seja o político vivo mais bem classificado num destacado 12 lugar.Mas ver repentinamente reposta a falsa escolha contemporânea para a qual a ditadura quis empurrar o país não deixa de ser um desafio que urge encarar de frente.