quinta-feira, dezembro 31, 2009

Um adeus português a 2009

2009 foi um ano terrível para o pacto político e social entre os portugueses. Aos três actos eleitorais que se sucederam num espontâneo e desordenado calendário, somaram-se a crise internacional, os casos de justiça sem princípio meio e fim, o espectral retorno do défice, o aumento do desemprego, o vazio de alternativas geradas na oposição, a ausência de um ponto de apoio seguro para se regenerar a comunidade política.Confio que tudo isto sejam circunstâncias. E que 2010 permita ver um novo horizonte.

Farouk tinha visto II

Obama deu um raspanete nos serviços de informação que não« juntaram as peças »no caso do nigeriano que levava explosivos nas cuecas num voo entre Amesterdão e Detroit.Até o próprio pai do rebelde avisara a CIA em Novembro das intenções do rebento. Aquele sistema dos dados por internet antes de se viajar para os EUA é só para pessoas sérias?

quarta-feira, dezembro 30, 2009

Ontem na SIC-N

Ontem no programa das terças-feiras de Ana Lourenço disse, em síntese, nas previsões políticas para 2010: a direita não tem soluçao governativa, a esquerda não a tem para as presidenciais. Também chamei a atençao para os dois calendários das medidas de contenção orçamental: o calendário da Comissão Europeia que encara 2010 como um ano de suave transição para estas a nível da zona euro, e o calendário nacional que aponta para uma forte pressão sobre o governo, no início de legislatura ,para este tomar «medidas drásticas».Veremos o que sai.

terça-feira, dezembro 29, 2009

Reflexões sobre o Código Contributivo

Cavaco Silva promulgou a lei que adia a entrada em vigor do Código Contributivo para a Segurança Social. A mão invisível que reuniu todos os partidos da oposição na AR também chegou a Belém. Fez mal o PR em deixar-se guiar por ela sem ponderação. Devia ter vetado a lei que prejudica claramente o equilíbrio das receitas para a segurança social. Porque quem deveria reflectir de novo na matéria era a oposição. Sobretudo a de esquerda, aliada na emergência ao patronato não contributivo e que merecia uma nova oportunidade para corrigir o erro.

segunda-feira, dezembro 28, 2009

A pergunta



Eu também me interrogo sobre isto. E o nosso Primeiro também o deveria fazer:

"The world will need smart government more than ever in 2010. The state is becoming bigger, thanks in large part to the emergency measures taken to avert economic collapse. But the resources to support the Leviathan are limited, with tax revenues shrinking and public debt ballooning. This is raising a question with increasing urgency: can governments learn to do more with less? Can they, in other words, become smarter?"

Via: The Economist

O Farouk tinha visto

Então o nigeriano Farouk , filho de banqueiro e ministro, referenciado pelos serviços londrinos, tinha visto para entrar nos States e a culpa da queimadura terrorista é da segurança dos aeroportos europeus ?

domingo, dezembro 27, 2009

Nem sovietes nem electricidade

Todos conhecem a versão concentracionada de Lenine sobre o futuro da sociedade: seria os sovietes mais a electricidade.Porém, um século depois, em Torres Vedras - e em S.Tomé noticia hoje o DN-, não há nem uma coisa nem outra, e logo na quadra natalícia...Será que a falta de luz na Estremadura portuguesa será notícia por esse mundo fora?

sábado, dezembro 26, 2009

Hospital de dia

Depois de Berlusconi em Milão, Bento XVI em Roma-Vaticano, foi atacado por alguém que alegadamente também sofre de perturbações mentais. A peninsula itálica está a tornar-se um autêntico hospital de dia.

sexta-feira, dezembro 25, 2009

Recordações da casa amarela

Aproveitei a manhã para ler os semanários que sairam todos ontem. O Expresso traz que Durão Barroso já era candidato ao cargo de presidente da Comissão Europeia enquanto mantinha publicamente o seu apoio de chefe do governo português a António Vitorino.A revelação é feita pelo então líder do PPE Martens nas suas Memórias.Não precisei de esperar tanto. Na sessão de 8 de Julho de 2004 disse-o na Assembleia da República numa declaração política que proferi, perante os protestos dos deputados do PSD.Por acaso foi uma das minhas últimas intervenções parlamentares. É só consultar o Diário das Sessões.Uma maçada.

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Homens de Boa Vontade

Os homens de Boa Vontade são uma espécie em vias de extinção.E ninguém os quer salvar.Cá na Terra...

quarta-feira, dezembro 23, 2009

A lógica das coisas

As críticas a Cavaco Silva por José Sócrates e companhia não deixam muito espaço a Manuel Alegre para o efeito.

terça-feira, dezembro 22, 2009

As directas fazem um Homem, ou uma Mulher?

Numa época em que todos se queixam da falta de personalidades com qualidade ( eu nem falo no assunto) ,não deixa de ser paradoxal a corrida às lideranças unipessoais, nos países e nos partidos.A ideia das «directas» para eleger os chefes dos partidos foi um péssimo serviço de gente com a obrigação de ter cultura democrática e colegial. À sua maneira Santana Lopes percebe o caminho para o desastre que esses concursos de imagem facilitam perante a alienação de todos.O seu partido anda sem rei nem roque. Mas o que se anuncia é de estarrecer.

"Conscious Capitalism"



O quer que isto signifique - eufemismo, jogo de linguagem, novo movimento, eterna procura duma "3ª via" - o interessante é ver como John Mackey, um pupilo de Friedman e de Ayn Rand tem tentado fazer a diferença com um negócio de 8 biliões de dólares.

Conscious Capitalism, Mackey insists, moves corporations to refocus on purpose instead of profit. In theory, it underscores the importance of all of a company's interdependent "stakeholders": employees, customers, shareholders, suppliers, community, and the environment.

One of the things that I'm trying to philosophically just destroy," Mackey told Time magazine last year, "is this bifurcation that human beings are either greedy, selfish, only in it for themselves -- or they're saints.

[Fonte: Fast Company]

segunda-feira, dezembro 21, 2009

"What Makes a Nation Rich?"



Max Weber, Montesquieu, Adam Smith, David Ricardo, Wallerstein ... todos ofereceram as suas razões. Daron Acemoglu do MIT sugere começarmos por "eleições livres" e outro tipo de incentivos e esquecer o binómio geografia-clima, religião-cultura ou centro-periferia.

Não concordo com a visão reducionista "one size fits all" do autor, mas aqui vai o link do artigo para ruminar-nos um pouco sobre o assunto.

O Clima como mercadoria

A cimeira de Copenhaga sobre o aquecimento global terminou com um frio de rachar. Em termos de clima creio mais na natureza do que nos homens.

"Trading-down"

Do consumismo conspícuo e da cultura do sucesso à simplicidade de outros valores e modos de vida:


"These are the humble makings of a revolution in progress: Macaroni and cheese. Timex watches. Volunteer work. Insulated underwear. Savings accounts. Roseanne. Domestic beer. Local activism. Sleds. Pajamas. Sentimental movies. Primary colors. Mixed-breed dogs. Bicycles. Cloth diapers. Shopping at Wal- Mart. Small-town ways. Iceberg lettuce. Family reunions. Board games.
(...)
After a 10-year bender of gaudy dreams and godless consumerism, Americans are starting to trade down. They want to reduce their attachments to status symbols, fast-track careers and great expectations of Having It All.
(...)
In place of materialism, many Americans are embracing simpler pleasures and homier values. They've been thinking hard about what really matters in their lives, and they've decided to make some changes."


[Fonte: Time Magazine]

domingo, dezembro 20, 2009

Argumentos e realidades

Se a Comissão e o Banco Central Europeu recomendaram, há um ano, que os Estados deviam apoiar os grandes bancos com dificuldades de liquidez para evitar perturbações nas economias nacionais, qual deve ser a sua posição agora perante as dificuldades de tesouraria de certos países da zona euro mais endividados? Não pode ser a mesma do FMI, pois não?

sábado, dezembro 19, 2009

Um viveiro de presidenciáveis

São cada vez mais os candidatos presidenciáveis a apoiar pelo PS. Isto ainda vai acabar de novo com a vitória de Cavaco Silva...

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Sentido de oportunidade

Ontem deu-se o maior abalo de terra em Portugal continental dos últimos 40 anos, ou seja desde o de Fevereiro de 1969. Em nenhum dos dois houve «danos materiais» assinaláveis.Pois já se fala num seguro anti-sísmico por habitação. Obrigatório, entenda-se.Uma mina, claro está.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Tremores de terra sem Pombal nem Malagrida

Foi forte o abalo, foi.Seis, vírgula ,da escala de Ritcher.Mas não dá nem para Malagridas nem para condes de Oeiras.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

O PS renasce nas jornadas parlamentares?

Leio que houve discussão, promovida por Francisco Assis nas jornadas parlamentares, sobre o melhor modo de encarar esta legislatura, e que o líder da bancada se pronunciou contra posições birrentas . O PS renasce para o pensamento crítico?

terça-feira, dezembro 15, 2009

Puro Prazer

A blogosfera dá-nos por vezes momentos de puro prazer: Alerta Amarelo é um desses momentos de graça.Obrigado FJV!

Condenar a agressão a Berlusconi

Só há uma atitude possível em relação à agressão violenta a Berlusconi: a condenação. Sobretudo pelos seus opositores.Sobretudo à esquerda.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Referendos civis...

Quase ninguém referiu nas celebrações da queda do muro de Berlim o fenómeno das alterações do mapa político europeu que se sucedeu com a unificação alemã, o fim da URSS, a separação da República Checa da Eslováquia. o desmembramento da Jugoslávia, a independência do Kosovo...Fi-lo aqui e ali mas sem eco, como tivesse pronunciado um interdito.Agora são os referendos civis na Catalunha. A história não pára só na estação que nos dá jeito.

Berlusconi e a segurança

Berlusconi não é uma flor que se cheire.Trata o poder como tal ,mas não foi fabricado a não ser por ele próprio.Não é um epifenómeno.Fosse eu italiano e estaria na oposição por imperativo ético. Mas reconheco-lhe autenticidade, e, a partir de ontem, bravura. Foi agredido a soco ou coisa parecida em termos de proximidade física. Saiu do carro e mostrou-se a sangrar à multidão.Ninguém percebeu onde estava a segurança pessoal que em princípio é feita para estas coisas...

domingo, dezembro 13, 2009

"Il circo"

"Pescadinha de rabo na boca"

"(...) the separation of the world economy from politics is illusionary. There is no security without the state and public service. Without taxation there is no government. Without taxation there is no education, no affordable health care, no social security. Without taxation there is no democracy. Without the public, democracy and civil society have no legitimacy. And without legitimacy there is also no security."
- Ulrich Beck, "The Silence of Words and Political Dynamics in the World Risk Society"

Provavelmente com uma gestão mais eficiente e transparente dos impostos e dos recursos públicos teríamos uma menor desconfiança do público.

Provavelmente com uma menor desconfiança do público teríamos um maior interesse e participação por parte das pessoas pela "coisa pública".

Provavelmente com uma sociedade civil mais forte e participativa teríamos governos mais atentos e focados nos reais interesses do país.

Provavelmente ...

Trichet não está com meias palavras

O presidente do Banco Central Europeu não está com meias palavras. Depois de ter alertado os governos que uma segunda vaga de apoio público a entidades financeiras privadas não seria bem aceite, também abunda no sentido de se apertar o sistema de supervisão bancária:Precisamos de ter as autoridades judiciais e de supervisão a trabalharem juntas tão estreitamente quanto possível, disse.

sábado, dezembro 12, 2009

Fernando Ulrich apertado na América

No mesmo dia em que a Câmara dos Representantes em Washington aprovava medidas de supervisão bancária, dirigidas expressamente a Wall Street, e em Portugal se noticiavam medidas públicas tendentes a resolver a situação dos clientes mais crentes do BPP, o simpático banqueiro que é Fernando Ulrich protestava contra as tímidas tentativas do ministro das Finanças( timidas tendo em conta o plano concertado entre Sarkosy e Angela Merckel na matéria) para regular o sector bancário e proteger os consumidores.Não querem aprender nada com a crise financeira.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Guerra justa ou guerra necessária?

Obama não interesa ao resto do mundo pelo facto de defender «os interesses dos USA», mas por defender esses interesses de uma certa maneira mais conforme com os valores da civilização internacional. O discurso de Oslo tem a marca do circunstancial, e foi uma oportunidade perdida para falar como pessoa. Quanto às guerras, elas , no máximo, são necessárias. O conceito de guerra justa provem das religiões, e hoje sabemos o que isso significa e quem recorre a ele com outras palavras. No Direito Internacional a guerra está justificada pela legítima defesa, pela resposta a invasão ou a agressão, e outros estados de necessidade. Como as operações militares a decorrer no Afeganistão desde 2001. Sim, há oito anos.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Quem deve intervir na AR?

Dou graças por não ser deputado neste momento.A situação parece um bocadinho degradada e fora de controle, sucedem-se as situações conflituosas e os insultos, assim como as discutíveis propostas de solução. António Vitorino já sugeriu a intervenção do PR, ninguém sabe em que termos institucionais, pois o PR tem os poderes limitados em relação ao parlamento nos próximos quatro meses. Uma intervenção política seria muito arriscada quer no seio do partido governamental, quer no exercício de qualquer magistério em qualquer dos quadrantes da oposição.Também o PSD, encostado à parede por Paulo Portas que tomou a iniciativa do adiamento do Código Contributivo e se adiantou de novo na questão do voto permissivo no orçamento rectificativo, se sente obrigado a romper o cerco com as propostas de duas comissões de inquérito. Mas numa situação de governo minoritário o êxito dessas comissões mede-se no futuro pelo resultado de alguma moção de censura. Tudo muito arriscado. Entretanto todos os dias se desvanecem os ténues sinais positivos de saida da crise económica e social emitidos na rentrée.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Maria João Seixas na Cinemateca

A última vez que vi Maria João Seixas foi na Cinemateca. A minha colega da Faculdade de Letras de Lisboa, nos meados dos anos sessenta, fazia anos e convidou o plenário dos seus amigos para uma celebração natalícia na Cinemateca, tendo sido exibido o filme indiano de Mehboub Khan Prestígio Real, uma relíquia da sua adolescência passada na Beira em Moçambique. Foi talvez das festas de anos aquela que achei mais graça. Pela originalidade, pela evocação verdadeira de um gosto na vida, pelas palavras despretensiosas de enquadramento pessoal proferidas pela Maria João, pela reunião de tanta gente conhecida e dispersa pela idade.Está tudo dito sobre o seu amor ao cinema e o seu culto da Cinemateca.Como gestora cultural ela não precisa que eu diga alguma coisa.Só lhe quero daqui desejar-lhe as maiores felicidades e que continue a fazer da Cinemateca um lugar de cultura viva e de encontros pessoais. Quem sabe se não nos veremos agora mais vezes.

terça-feira, dezembro 08, 2009

O melhor ainda é o nosso

No meio desta balbúrdia ainda vos não dei conta das minhas impressões sobre os discursos da cerimónia junto à Torre de Belém que marcou a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Dos discursos proferidos pelos representantes dos orgãos comunitários, o de Durão Barroso ainda foi o melhor.Para que conste.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Quem ganhou as eleições?

Joga-se uma partida perigosa para o país por estes dias: a de apurar quem ganhou as eleições legislativas, se o governo minoritário se as oposições.

sábado, dezembro 05, 2009

Emulação brasileira

Não percebo a cara de caso dos responsáveis da selecção por nos ter saído o Brasil na rifa do Mundial. Veja-se antes uma boa ocasião para o Pepe, o Deco e o Liedson demonstrarem que são os melhores...

sexta-feira, dezembro 04, 2009

No taxation without representation

Andou mal a Assembleia da República em adiar, pelo voto conjugado das oposições de direita e de esquerda, a aplicação do Código Contributivo. O BE e o PCP foram colonizados pelo CDS nesse território.E não sei se terão boas condições para corrigir o tiro nos próximos tempos. Andou mal o primeiro-ministro ao alertar intempestivamente para um «governo de assembleia» em matéria de contribuições, uma das competências históricas dos parlamentos. Um mau momento para PS, BE e PCP.Excelente para o CDS. Para o PSD nada é claro nestes dias.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

"Godinholândia"

Portugal não é um país de empreendedores, mas de "self-made men's". Está tudo dito. Ponto.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Por aí

Tenho andado por aí sem muitas condições, e vontade, de usar o blogue. Estive uns dias em Barcelona e defendi numa conferência que faria todo o sentido que os calendários da construção dos troços do TGV, e outras linhas, fossem harmonizados entre os responsáveis de três países-Portugal, Espanha e França e não apenas nas cimeiras luso-espanholas.As linhas ibéricas de alta velocidade devem estar articuladas com o transporte para o centro da Europa. Em Barcelona apreciaram...