Votar contra sozinho

A Sic-N noticiou que António José Seguro votou sozinho contra as modificações da lei do financiamento dos partidos, tendo o deputado justificado o seu voto com o facto deste diploma permitir agora uma significativa subida das contribuições em dinheiro por particulares sem sequer fazer diminuir os subsídios do Estado previstos para fazer diminuir aquela velha prática.Caro António José Seguro: só quem não passou pelo parlamento poderá subestimar a forte vontade política que um acto destes requer. Para não falar da simples coragem. Um abraço de concordância.

Heróis acidentais

Ora aqui está uma boa solução para a falta de policiamento que tanto apoquenta o nosso Ministério da Administração Interna e os cidadãos em geral.

Feiras do Livro

Hoje começa a de Lisboa com calendário e horário diferentes. A mudança de calendário foi decidida tendo em conta que «não há diferenças de pluviosidade» entre Maio e Junho.Por mim tudo bem.Já o horário, mais diurno do que noturno, merece-me algumas reservas. Gostava daquelas incursões depois do jantar com a família.O fecho às 20e30 durante os dias úteis pode ser mais uma barraca...

Volta Max Weber, volta

Cartazes e história

Ninguém está à espera que se respeite muito a História numa campanha eleitoral, e muito menos por aquilo que os cartazes oferecem. O culto da imagem, o culto da personalidade, estratégias insinuadas para o futuro, tudo isso se pode detectar num cartaz de propaganda política.Ninguém que queira saber a verdade confia num outdoor. Mas não deixa de ser demais, e carregado de ironia , o erro na data da assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à CEE num cartaz da responsabilidade do PS...

Os 100 dias dos jornais

O balanço dos 100 dias dos mandatos políticos é uma invenção jornalística que vale o que vale, mas que influencia o mais empedernido protagonista com agenda própria. Hoje é pois o centésimo dia de Barack Obama.Retenho a nova face dos EUA no mundo revelada numa outra maneira de gerir os assuntos internacionais, mais cooperativa e negocial, mas com Washington no centro da conversa. E uma saudável e bem-vinda fiscalização aos atentados à dignidade humana cometidos em Guantánamo.Quanto à crise quem a desencadeou é que a deve pagar.

Insónias literais

Que delícia e carícia este "sótaqui" do cronista João Pereira Coutinho.

[Via: Destruição Criativa]

O Bloco Central

Não é relevante que Manuela Ferreira Leite tenha dito , ou não, que admitia uma coligação com o PS para depois das eleições.As circunstâncias são mais importantes do que esses desejos estratégicos. O problema está no facto de os portugueses já acreditarem pouco em cada um dos «Partidos estruturantes» isoladamente, e ainda confiarem menos se juntos no governo.

Perplexidades

Rui Rio, o poeta do rigor, anda numa fona a desmarcar-se de Manuela Ferreira Leite, mas ninguém coloca a hipótese de ele fundar outro partido. Porque será?

O que se diria...

Por estas e por outras posso imaginar o que se diria mais tarde da actual situação do País caso o regime político se alterasse...Só haveria críticos e justiceiros.Responsáveis, poucos.

A questão colonial

A questão colonial merece um à-parte. Depois do 25 de Abril descobriu-se que todo o esforço de guerra tendia a criar um ambiente propício à realização de eleições livres nos territórios africanos! A proibição de discutir o assunto na metrópole era um daqueles excessos de zelo derivados dos cuidados na retaguarda. Quando os escassos candidatos da Oposição Democrática , encabeçados por Mário Soares e Salgado Zenha, no seu Programa em 1965-dez anos antes da evidência de a que a guerra não tinha solução militar- propuseram a auto-determinação para «a questão ultramarina», levantou-se um coro que era de recusa táctica mas de aceitação estratégica...

25 de Abril, onde tudo começa?

Reparei que este ano houve mais rendições políticas à data do 25 de Abril, ou mais reconhecimentos da sua importância. Parece que todo o País se dava conta do que era necessário acabar com o regime menos os agentes que estavam de serviço. Uns por ouvirem Zeca Afonso, outros por gostarem do Zip-Zip, quase todos ansiavam pela Operação-Fim de Regime. Todos os empresários combatiam pelo fim do corporativismo e do condicionamento industrial. Nem percebo as dificuldades por que passavam as forças oposicionistas.

Discursos de fim de legislatura

Estive a ouvir com a maior atenção os discursos na Assembleia da República. Foram discursos de fim de legislatura.Cansados. No máximo, emocionados.

O 25 de Abril 35 anos depois

O regime da monarquia constitucional fez 35 anos em 1869; o regime do 28 de Maio em 1961 e o do salazarismo em 1965; a Iª República nunca os festejou. Pelas datas percebe-se que chegou a hora do exame de consciência. De qualquer maneira o 25 de Abril já não será um mero parêntesis na história de Portugal.

O clube dos novíssimos ricos

Há uma confusão de conceitos entre« enriquecimento súbito», «enriquecimento inexplicável», e «enriquecimento ilícito».A corrupção não pode ser a única fonte de todas estas categorias, embora possa dar o seu interessado contributo.

Salazar em Santa Comba

Tenho a maior tolerância pelo culto provincial de Salazar em Santa Comba Dão. Não tenho nenhuma pelo culto oculto do salazarismo.Mas um novo autoritarismo não terá o nome do ditador de Santa Comba. Espreitem melhor.

Colóquios e Seminários

Há semanas assim: as datas dos colóquios e do seminários exercem uma curiosa atracção umas sobre as outras pelo que há semanas em que se sucedem dia após dia.Ontem estive no
Instituto da Defesa Nacional num colóquio sobre As Dimensões Internacionais do 25 de Abril. Hoje participei num seminário sobre Macau e as Relações Portugal-China( 1974-1999), organizado pelo Centro Cultural e Científico de Macau. Embora pareça que está tudo dito, de facto não está, como estas realizações confirmam.

Peritagens

Desde a vitória do Sim à IVG que me sinto menos motivado a criticar publicamente a Igreja Católica pelas suas posições civilizacionais, tendo em conta a perda evidente da sua influência no século, mesmo português.Mas perante o exagero das peritagens sobre «preservativos»-se são, ou não fiáveis, p.e.- não deixo de expressar a minha perplexidade. O Papa, os Cardeais, os Bispos, todos sentenciam sobre o objecto. É demais...e de menos.

Literatura em Viagem

Estive em Matosinhos onde participei no início do colóquio Literatura em Viagem, organizado por Francisco Guedes para a Câmara Municipal , e tive o gosto de apresentar essa grande figura de intelectual que é José Fernandes Fafe.Sempre muito público local e internacional nas sessões a que assisti.

Porreiro para quem, pá?

Mário Soares corrigiu José Sócrates que, na semana passada, disse que vai apoiar a recandidatura de Durão Barroso à presidência da Comissão Europeia por “questões patrióticas”. Soares afirmou que isso não é patriotismo, mas antes “nacionalismo no pior sentido da palavra”. “Se houver um português que seja mau, não o vamos defender pelo facto de ele ser português”, disse.
E ainda acrescentou:
"Nacionalista era o Salazar. Nacionalistas eram os fascistas”.

Um Amor de Perdição

Ainda é possível um amor de perdição ? Mário Barroso lançou-se na adaptação, livre, do romance de Camilo Castelo Branco escrito em 1862 já muito no fim do romantismo. Pois o realizador do Milagre segundo Salomé consegue surpreender-nos com um filme que rompe tanto com o romance como com as históricas adaptações cinematográficas de Lopes Ribeiro e de Manuel de Oliveira.Uma visão urbana e juvenil em que o romantismo cede o lugar à violência, bem servida pela imagem e por jovens actores. Gosto destes ambientes de estreias e ante-estreias com amigos, gente conhecida e a conhecer.

Sentido de oportunidade

Não se pode negar sentido de oportunidade à insistente iniciativa do BE sobre o fim do segredo bancário para combater a corrupção e a evasão fiscal.Mas atenção aos detalhes para não se favorecer o Estado-policial.

A pen de Marta Rebelo

No seu blogue Babel, Marta Rebelo revela que logo após a derrota do nosso candidato presidencial, Mário Soares, sentiu vontade de voltar à poesia. No que me diz respeito optei por me retirar ainda mais da actividade política sem perder as amizades feitas.Até hoje.

Os desinventores

Millôr Fernandes tem razão, o futuro pertence aos "desinventores". A Nespresso mais não é que uma desinvenção das antigas máquinas de balão; o iPod mais não é que uma desinvenção do Walkman.

Gatos Fedorentos Live 'n' Kickin'

- Então, Sr. Presidente Cavaco Silva, está surpreendido com as previsões do Banco de Portugal?
- Pior era difícil. Mas mais difícil ainda era serem diferentes do que são.
- Então não está surpreendido?
- Estou, estou. A previsão da queda das exportações de 14 por cento feita pelo Banco de Portugal é surpreendente.
- Afinal está surpreendido?
- Não, porque a economia portuguesa depende muito do exterior.
- Bom, afinal nada que o surpreenda.
- Enfim, o recuo para além de todas as expectativas do investimento em 15 por cento é surpreendente.
- E acha que se podia ter feito alguma coisa?
- Não. A economia portuguesa é muito aberta, dependemos muito do turismo, das remessas dos emigrantes, das exportações, dos empréstimos contraídos no estrangeiro e dos fundos estruturais que chegam da União Europeia.
- Então já deveríamos ter mudado?
- Sim, é preciso é ter muito cuidado em relação à nossa credibilidade, àquilo que fazemos internamente, porque estamos a ser observados por todos aqueles que estão no estrangeiro e se interessam pelas coisas de Portugal.
- Logo, pode ficar tudo na mesma desde que se mantenham as aparências?
- Não. Temos que apostar na inovação e competitividade.
- Ah, afinal, sempre havia alguma coisa a fazer...
- Não, não. Não adianta chorar sobre leite derramado.

Pensar Alto e Bom da Fita

O Pensar Alto deste Sábado foi sobre o patriotismo de Durão Barroso e de Sócrates. O Bom da Fita destaca o último filme de Lucrecia Martel.

Dissonância cognitiva?

"Teixeira dos Santos admite acelerar grandes obras públicas."
"Constâncio recomenda controlo das finanças públicas."

Lutar contra a inflação e ser derrotado pela deflação

Desde os tempos do Sistema Monetário Europeu que se luta denodadamente contra a inflação no continente. O BCE nem sabe fazer outra coisa há uma década. E eis-nos mergulhados na deflação...Mas ninguém irá discutir esse tema nas eleições europeias. Só sexo dos anjos.

A excelente entrevista de Tabucchi na Ler

Excelente, conceptual e existencialmente, a entrevista de António Tabucchi dada a Carlos Vaz Marques à revista Ler. Uma revista que projecta a cultura sem gravidade. Parabéns e obrigado FJV .

Quando se começa a perder eleições

Vi esta tarde o triste cartaz de Manuela Ferreira Leite .Lembrei-me da sensação que tive noutros momentos quando vi cá fora cartazes de Salgado Zenha em 1986 e de Mário Soares em 2006 e percebi que afastavam votantes. Os mais necessários. A crise no PSD não é só política.

Tempos de pirataria

Fui informado da existência perene de actos de pirataria no século XXI por um bravo açoriano, Carlos Ferreira, que se preparava há uma década, para dar a volta ao mundo num veleiro e estudava essas zonas pouco patrulhadas. Depois o assunto tornou-se digno da agenda mundial com as abordagens de navios na Somália. Mas não é só no combate à corrupção que faltam leis. No combate à pirataria também . Estamos num vazio de direito internacional que parece ninguém querer preencher.Também já nenhum Estado passa «Cartas de Corso».É tudo mais assim-assim...

Opinião e julgamento

Karl Kraus abominava o conceito de «Opinião Pública», e considerava que o público se devia a si próprio a capacidade de fazer juízos.É o que está a faltar. Empurramos os juízos para os outros.Especialistas, ou não.Dá muito jeito.Por exemplo: nem sempre se deve confiar no juízo de um grande um grande advogado que acha que se deve processar um articulista.

Ao Sábado no Correio da Manhã

Hoje vários temas na Página 30.Do estranho caso Freeport ao paradoxo de Carlos Queiroz.

Secretos de porco

A administração fiscal espanhola enviou, em 2006, cartas à congénere portuguesa a solicitar informações detalhadas sobre a relação existente entre o Banco Português de Negócios e o libanês Abdul Al Asir, amigo de Manuel Dias Loureiro, ex-administrador do grupo financeiro, e cujo nome aparece associado à família real espanhola.
A Direcção-Geral dos Impostos informou que, ao abrigo do sigilo bancário, não podia facultar os dados solicitados. Mas, pelo menos, terão informado o Banco de Portugal?!
O Público garante que não. Ainda assim, interrogou o ministério das finanças. Fonte oficial esclareceu que "essa informação não pode ser fornecida porque está sujeita ao sigilo fiscal" e que "só poderá ser divulgada, mediante autorização das empresas envolvidas". Ok.
Já o Banco de Portugal não comenta.

O meu off-shore é melhor do que o teu

(via esquerda net)

A "lista negra" de off-shores divulgada pela OCDE deixa de fora os países mais poderosos. Ou seja, as sanções do G20 não terão efeito sobre os maiores paraísos fiscais. É o caso do Reino Unido, da Suíça, dos Estados Unidos e ..da Madeira. Teixeira dos Santos está muito satisfeito: temos de começar por aqueles que são menos cooperantes e transparentes", declarou. Que é como quem diz: "deixem lá continuar o regabofe do sem impostos e sem registos".

O Basófias

Enquanto atacou e ataca os mais frágeis, Sócrates defendeu e protege os mesmos do costume. Mas com a mesma cara de pau de sempre, continuará a fazer discursos balofos contra os paraísos fiscais.

Contra a Névoa

Domingos Névoa foi nomeado, na sexta-feira, para presidente da empresa intermunicipal Braval, que trata os resíduos sólidos de seis concelhos. É o mesmo senhor que foi condenado em Fevereiro pela tentativa de corrupção activa do vereador Sá Fernandes. Agora, o Bloco lançou uma petição para que Névoa seja destituído, já que quem corrompe " deve merecer a censura e não o prémio daqueles que são eleitos pelo povo para gerirem a coisa pública". Pode ler e assinar aqui.

As voltas do mundo

No encontro entre Obama e Medvedev ficou assente uma política de cooperação activa entre os EUA e a Rússia sobre o Afeganistão. Voltou a racionalidade à política internacional.

O credo dos banqueiros

"Last week my mother-in-law passed away. She spent most of her 85 years working with her husband on their family farm. Starting with a leased tractor and a rented parcel of land, the pair ultimately grew their ranch into a 1,000 acre spread of debt-free farmland in California’s fertile San Joaquin valley. How did they accomplish this feat? By working 14-hour days six days out of seven. By taking few vacations and forgoing most luxuries. By building up cash reserves in good years so they could survive bad ones. By diversifying crops in order to reduce their exposure to fluctuating prices. And by paying themselves modestly while investing everything they could in land and equipment."

(...)

Um interessante artigo do "guru" Gary Hamel no Wall Street Journal.

De mal a pior

Depois dos deficientes, dos trabalhadores a recibo verde e dos pensionistas, quem será o senhor que se segue? Os sem-abrigo?

O homem que tem o nariz mais comprido vê mais longe (provérbio russo)

Assinalam-se os 200 anos do nascimento de Gógol. Mas também é tempo de recordar a sua morte. No livro que Nabokov lhe dedicou (Assírio & Alvim), o autor descreve a tortura a que foi sujeito o escritor de Almas Mortas: “Aliando uma notável interpretação errónea dos sintomas a uma igualmente notável antecipação dos métodos de Charcot, o doutor Auvers mandou mergulhar o doente num banho quente, ao mesmo tempo que lhe vertiam água fria sobre a cabeça, sendo depois deitado na cama, com meia dúzia de gordas sanguessugas aplicadas ao nariz.” Ao nariz, ao órgão que Gógol tanto prezava – era através dele que via - e que acabou por resultar num conto. Como também sublinha Nabokov: “É por isso que há algo de terrivelmente simbólico na cena patética das tentativas fúteis do moribundo para se desembaraçar dos amontoados negros e imundos de quetópodes que lhe sugam o sangue das narinas. Podemos imaginar o que sentia se também nos lembrarmos de que vivera toda a vida obcecado por uma aversão particular a criaturas viscosas, rastejantes, furtivas”.
Quase tão sebentas como a triste história da Psiquiatria, acrescente-se.

Pensar Alto e Bom da Fita

Aqui fica o link para o Pensar Alto deste Sábado e para o Bom da Fita deste Domingo. A propósito: há pouco reparei que Rui Passos Rocha recorda aqui uma crónica minha. É antiga mas hoje confirmou-se o que já se sabia: a discriminação com base na orientação sexual é comum a todos os países da UE.

Precaução

Reparo que Barack Obama chegou de véspera a Londres antes da reunião do G-20 que se efectua amanhã e que reservou esta noite para si. É um bom sintoma. Desconfio muito dos decisores que saltam do avião para as negociações, por muito preparadas que estas estejam.