O falecimento de Eduardo Prado Coelho não é propriamente uma surpresa mas é certamente uma tristeza para os que o conheceram pessoalmente ou através da escrita.
Sou dos que o conheceram na Faculdade de Letras no início dos anos sessenta.Irradiava alegria e cativava pela vivacidade da inteligência culta. Aproximava-nos o desdém pelo salazarismo e afastava-nos uma Fernanda bela e bondosa.Nem sempre foi pacífica a nossa coexistência depois do 25 de Abril e raramente estivemos do mesmo lado.Não gostava do lado caprichoso do seu julgamento, mas admirava a sua capacidade de eruditizar todos os temas da vida e da civilização graças a uma cultura de eleição.
Devo-lhe mais recentemente a tomada de consciência do que pode significar o outono da vida ao ler uma crónica sua no Público sobre o dia-a-dia de um internado no hospital.Nas vezes que nos encontrámos depois disso a amizade veio ao de cima.Confesso que lhe espreitava a debilidade e a virtú da permanência da alegria, esse verdadeiro milagre da personalidade e da vida sobre a morte.Até ao fim.