Luanda não espera Lisboa
Conversando com vários amigos angolanos e portugueses residentes em Angola, verifico que a visita de Sócrates ao país está a passar completamente despercebida. Ontem, depois de um dia de chumbo, fazendo com que o meio-dia parecesse lusco-fusco, chovia estilo dilúvio em Luanda, levando a um cenário mais ou menos caótico com cheias, entupimentos e engarrafamentos vários. Hoje é feriado – comemoração da paz. Mas não chega para explicar o desinteresse pela visita do PM e, realmente, o entusiasmo não é bilateral, como assinalei aqui. Já tinham, aliás, existido outros sinais como as dificuldades na preparação da visita e a ausência de José Eduardo dos Santos na tomada de posse de Cavaco.
Como dizia José Eduardo Agualusa, há uns tempos na Pública, Sócrates leva trinta empresários mas podia levar três mil. Chega tarde, em “plena euforia da reconstrução”, essencialmente ao abrigo dos acordos com a China. Para além de que, e como sublinhava o escritor: “receio que o ênfase dado à vertente económica desta visita não beneficie a imagem de Portugal junto da opinião pública angolana”. Esta imagem às vezes é reforçada pelos media- vê-se RTP em Angola- e reflecte-se em episódios como a recente recusa de ajuda a propósito da cólera. No dia dos exultantes festejos do Carnaval em Luanda, a RTP repetia incessantemente as notícias da cólera vistas, é claro, com os nossos olhos. Com asco e no rescaldo de um dia intenso de festa, muitos mandavam desligar a televisão.
Provavelmente, a falta de interesse da população e mesmo dos media angolanos deve-se a este facto. Concorrendo muito dificilmente com os múltiplos interesses internacionais que zumbem à volta de Angola, Portugal faria melhor em apostar na consolidação de outros laços, tendo em conta que muitos angolanos estão (ainda?) ressentidos com os portugueses. Como dizia também JEA, Portugal podia diferenciar-se apostando “no campo da educação e da cultura” onde, para além da língua, os laços são (ainda?) fortes.
Por enquanto, o volume de notícias nos media portugueses sobre este périplo de Sócrates não tem qualquer correspondência na imprensa angolana. Aguardo as imagens que a televisão vai mostrar. Sempre quero ver até que ponto consegue operar a máquina de propaganda do governo.
Como dizia José Eduardo Agualusa, há uns tempos na Pública, Sócrates leva trinta empresários mas podia levar três mil. Chega tarde, em “plena euforia da reconstrução”, essencialmente ao abrigo dos acordos com a China. Para além de que, e como sublinhava o escritor: “receio que o ênfase dado à vertente económica desta visita não beneficie a imagem de Portugal junto da opinião pública angolana”. Esta imagem às vezes é reforçada pelos media- vê-se RTP em Angola- e reflecte-se em episódios como a recente recusa de ajuda a propósito da cólera. No dia dos exultantes festejos do Carnaval em Luanda, a RTP repetia incessantemente as notícias da cólera vistas, é claro, com os nossos olhos. Com asco e no rescaldo de um dia intenso de festa, muitos mandavam desligar a televisão.
Provavelmente, a falta de interesse da população e mesmo dos media angolanos deve-se a este facto. Concorrendo muito dificilmente com os múltiplos interesses internacionais que zumbem à volta de Angola, Portugal faria melhor em apostar na consolidação de outros laços, tendo em conta que muitos angolanos estão (ainda?) ressentidos com os portugueses. Como dizia também JEA, Portugal podia diferenciar-se apostando “no campo da educação e da cultura” onde, para além da língua, os laços são (ainda?) fortes.
Por enquanto, o volume de notícias nos media portugueses sobre este périplo de Sócrates não tem qualquer correspondência na imprensa angolana. Aguardo as imagens que a televisão vai mostrar. Sempre quero ver até que ponto consegue operar a máquina de propaganda do governo.
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