João Bénard da Costa
Há dias encontrei na rua o Manuel de Lucena. Falámos do estado de saúde do João Bénard.«Se ele resistiu até agora, é porque não é desta», disse-me aquele amigo comum, naquele jeito semi-misterioso de quem quer entender os golpes do destino. Hoje a notícia só me surpreendeu porque no fundo até eu acreditara na profecia optimista do Lucena.
Devo a João Bénard da Costa algumas provas de solidariedade no período do exílio e uma atenção autêntica às minhas palavras em certas ocasiões, mesmo quando não estava de acordo com elas. Era um Homem de união entre vários mundos historicamente separados, ou até desavindos. Solidário na luta contra a opressão e a injustiça, foi um católico do Vaticano II antes do VaticanoII.Depois do 25 de Abril como que se exilou na escrita, no culto do cinema, na Arrábida. Criou um mundo de memórias com que deliciou os seus leitores e é como se fosse um seu Testamento.
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