quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Papismo

Este meu post sobre o Magalhães no Carnaval de Torres suscitou vários comentários noutros blogs. Parece que o tom foi dado por Osvaldo Castro e Vital Moreira. Seguiram-se outros, na senda do Mestre da Universidade de Coimbra, cuja lista dispenso de elencar até porque o argumentário é, sensivelmente, o mesmo. Dizem que responsabilizei o governo pelo sucedido. Não é verdade, basta ler o post. Em nenhuma linha assaco culpas directas ao executivo. O que digo, e repito, até porque, entretanto, verificou-se aquele outro episódio em Braga, é que à conta de atitudes como mandar a PSP aos sindicatos ou castigar professores por comentários menos elogiosos ao grande líder, gerou-se um clima de repressão inadmissível. É evidente que o MP é autónomo. Mas é igualmente claro que, na atmosfera gerada por actos como tentar cadastrar grevistas, muitos procuram agradar ao chefe ou podem entender que têm agora as costas quentes para dar largas a certos ímpetos.
Reafirmo o que escrevi. O governo deveria dar um sinal claro contra este tipo de atitudes. Deveria ser o primeiro a demarcar-se publicamente. Aliás, se o tivesse feito atempadamente, logo depois da censura à sátira ao Magalhães, talvez o episódio de Braga não se tivesse verificado. Bem dizia Medeiros Ferreira que estavam abertos perigosos precedentes...
Por fim, os blogers citados não se coíbem ironizar, dizendo que esse tal post que escrevi servia para me “mostrar mais bloquista” do que aqueles que me “dispensaram”. Mas caríssimos, relativamente a ser mais papista do que o Papa, julgo que são desnecessários diálogos socráticos. Não fossem vossos posts a mais viva prova desse papismo. Caso contrário, que tal uma palavrinha sobre a PSP em Braga (já nem sugiro sobre outros casos anteriores, que deveriam suscitar bem maior indignação...)?
Afinal, se o MP é autónomo, quem tutela a PSP?