Uma presidência ingrata
A presidência portuguesa do Conselho da UE, que hoje começa formalmente, é uma presidência ingrata.
É uma presidência ingrata porque este modelo de presidência rotativa para-confederal está condenada à morte com o assentimento de todos os Estados-membros.Se o Tratado Reformado for aprovado e ratificado com a rapidez da Fórmula Um que todos esperam, esta será uma das últimas presidências neste formato já tido por arcaico;
É uma presidência ingrata pelas suas próprias condições de êxito ligadas à execução do mandato «claro e preciso» que foi pedido pelos nossos maiores e endossado pela Alemanha.Como só o êxito da CIG é agora concebível, a Portugal compete conduzir a única deste género que deve abrir e fechar num semestre, sendo um milagre da multiplicação do tempo a assinatura formal do Tratado Reformado ainda durante a vigência da sede do Parque das Nações;
É uma presidência ingrata porque os outros pontos interessantes da agenda, como as cimeiras e as parcerias estratégicas, acabarão obscurecidas por aquele desiderato tratadístico;
Finalmente é uma presidência ingrata porque lhe falta uma verdadeira novidade própria.
Para os nossos próprios interesses, e para os interesses da UE, Portugal devia ter proposto algo como uma parceria estratégica com a O.I.T para levar as condições de trabalho digno a todo o mundo e diminuir assim o «dumping social».
Mas quando certos melros falam da UE como «um actor global», não é bem das condições de trabalho no mundo que querem falar, pois não?Mesmo que tal corresponda aos interesses comerciais da UE...
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