segunda-feira, março 12, 2007

Sorrindo

Anda por estes dias nos jornais (voltei a ler no Público desta sexta) uma história sobre dois irmãos que lutam na justiça alemã por manter “amor proibido”. Moram há sete anos com um dos seus quatro filhos e o cão. E só souberam da existência um do outro quando tinham 23 e 16 anos. Em 2001 fizeram correr tinta com o nascimento do seu primeiro filho. Tiveram mais três, dois dos quais deficientes. Entretanto, três destas crianças foram entregues ao cuidado de outras famílias. O pai já foi detido duas vezes e enfrenta agora nova acusação. O seu advogado insiste, contudo, que não há nada na lei que diga que dois irmãos não possam ser um casal e que não existe “qualquer base moral ou legal que sustente que uma relação amorosa entre dois irmãos seja um crime”. Outros, porém, sustentam que a Alemanha e toda a Europa necessita de uma lei contra o incesto. É a opinião de Juergen Kunze, geneticista, que afirma que precisamos dessa lei porque há maior probabilidade de anomalias genéticas em crianças que nascem de uma relação entre familiares próximos. Enfim…lembrei-me de um diálogo entre Fricka e Wotan nas Valquírias:
Wontan: Que foi que tão medonho fizeram esses dois que a Primavera amorosamente uniu? A magia do amor enfeitiçou-os. Quem pode castigar a força da paixão?
(…)
Fricka: Se agora louvas abertamente o adultério, então continua e proclama sagrada a união incestuosa de dois gémeos1 Gela-se-me o coração, desfaleço ao pensar que o irmão tomou a sua irmã por noiva! Quando é que se viu dois irmãos amarem-se carnalmente?
Wotan: Viu-se hoje! Aprende a aceitar o que se faz por si só, mesmo que nunca antes tenha acontecido. Que aqueles dois que se amam, é claro como água. Ouve, pois, um conselho sincero: se queres colher de prazer da tua bênção, então abençoa, sorrindo, o amor, a união de Siegmund e Sieglinde!