José Leal Loureiro (1946-2006)
José Leal Loureiro desapareceu a 25 de Dezembro, só o soube por uma amiga comum, de uma geração mais nova, dias mais tarde.Ainda me lembro desse grupo do Porto que chegou à universidade de Lisboa em plena crise estudantil com as suas exigências culturais e vivenciais:Milice Ribeiro dos Santos, Artur Castro Neves, Lena Carneiro, Zé Leal Loureiro.Todos no café Vává , todos de vanguarda, todos dados a fortes amizades.Depois encontramo-nos nos exílios diversos desde Paris de Maio68 até Genève da revolução sublimada.Com o 25 de Abril, entre agitações e racionalizações, o Zé Leal Loureiro enveredou pelo empreendorismo cultural, ajudou a fundar duas editoras de qualidade como A Regra do Jogo e a Afrontamento.Estive até para publicar um livro na primeira mas nessa altura já ele estava em dificuldades, ficou tudo adiado para melhores dias.Foi uma época em que ele aparecia e desaparecia da vista dos amigos.De repente sabia que namorava alguém por esse alguém, ou ele irrompia pela Cister cheio de ideias como aquela de transformar a casa solarenga de Aristides de Sousa Mendes num Museu.Há tempos anunciou-me que entrara para a Livraria Buchlolz,e que pretendia animar aquele espaço cultural.Cheguei a trocar ideias sobre isso com ele e com outras pessoas.E quando ia à livraria lá o encontrava a dar voltas à casa.Agora tenho a sensação que o Zé Leal Loureiro andou a vida toda às voltas com algo que não encontrou.
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