As crianças racistas
Jorge Vala escrevia, no ano passado (in Barreto, A., Globalizações e Migrações), que, segundo o estudo que conduziu, “Em Portugal regista-se um padrão de racismo flagrante, estruturado pela ideia de raça, e um padrão de racismo subtil, encoberto, mais emocional do que cognitivo e estruturado pela ideia de cultura”. O Público de hoje, na secção sociedade – não encontrei o texto na edição online – dá conta de um estudo – na minha opinião com pouco destaque - que revela o racismo das crianças portuguesas.
Segundo a investigação de Ana Paula Allam e George Dutschke, quase quatro em cada dez crianças portuguesas rejeitam conhecer meninos de outras nacionalidades, principalmente os de etnia cigana. A maior parte não quer fazer amigos com os de etnia cigana – 62%; africana- 26%; árabes-24%; asiáticos- 21%.
Justificam as suas opções alegando que as crianças de outras etnias roubam; são violentos; tem medo.
A educação para a diversidade está a falhar em toda a linha. A escola perdeu a sua centralidade e precisa, com urgência de ser outra. Se a escola continuar indiferente à sua comunidade e à sua multiplicidade, mal sobreviverá. E sem os primados simultâneos da diversidade e da igualdade, haverá demasiados danos quer para as comunidades de imigrantes, quer para a sociedade de acolhimento. As escolas multilingues e com acções inter-culturais são uma necessidade premente. É claro que a escola não basta para evitar os guetos. Mas é imprescindível.
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