Pirataria em Belém?
Para além de muitas outras questões que o “Roteiro para a Inclusão” do Presidente da República levanta, a ideia de combater a exclusão social visitando as povoações e instituições que já têm programas para responder a tais problemas é, no mínimo, discutível.
Como se lê no DN, “Cavaco (…) começa em Alcoutim, para conhecer um projecto de combate ao alcoolismo e os programas municipais de apoio às populações idosas. Visita ainda Mértola, para assistir à apresentação dos programas locais de combate à exclusão social, e Montes Claros, onde pára no centro social.”
Os problemas que o Presidente aponta já estão, nestes casos e nestas paragens, sob foco. Diagnosticados e atendidos. Não digo solucionados mas, pelo menos, são alvo de medidas. Parece que a justificação do Presidente consiste em valorizar as “vias que foram encontradas” que, supostamente, só têm que ser replicadas para que a exclusão dê à sola, qual milagre da multiplicação dos pães. É o modo de baixa tensão. É confortável. Por ora, nada de pôr o dedo na ferida ou levantar o tapete. No roteiro deste Presidente, tudo é muito asséptico. Não há pessimismo nem tons negativos. Não há terra erma e queimada, gente desamparada, pobre, perdida e só. Há excelentes autarcas, voluntários altruístas, programas originais e inovadores, idosos com dignidade, alcoólicos em recuperação. Um grande país, sim senhor.
Portugal precisava de um Presidente que revelasse e destacasse o que realmente vai mal? Pois, é. Mas Cavaco Silva não quer mostrar a miséria, porque não quer atrito com Sócrates. Cavaco troca essa missão pelas boas relações com o governo- do qual faz temporariamente parte. Troca os portugueses mais vulneráveis pela sua sobrevivência política. E ainda consegue dar uma imagem de grande empenho. Pimpão. Depois, quando os tempos forem outros, trocará as boas relações com o governo pelo uso dos problemas do país.
Como se lê no DN, “Cavaco (…) começa em Alcoutim, para conhecer um projecto de combate ao alcoolismo e os programas municipais de apoio às populações idosas. Visita ainda Mértola, para assistir à apresentação dos programas locais de combate à exclusão social, e Montes Claros, onde pára no centro social.”
Os problemas que o Presidente aponta já estão, nestes casos e nestas paragens, sob foco. Diagnosticados e atendidos. Não digo solucionados mas, pelo menos, são alvo de medidas. Parece que a justificação do Presidente consiste em valorizar as “vias que foram encontradas” que, supostamente, só têm que ser replicadas para que a exclusão dê à sola, qual milagre da multiplicação dos pães. É o modo de baixa tensão. É confortável. Por ora, nada de pôr o dedo na ferida ou levantar o tapete. No roteiro deste Presidente, tudo é muito asséptico. Não há pessimismo nem tons negativos. Não há terra erma e queimada, gente desamparada, pobre, perdida e só. Há excelentes autarcas, voluntários altruístas, programas originais e inovadores, idosos com dignidade, alcoólicos em recuperação. Um grande país, sim senhor.
Portugal precisava de um Presidente que revelasse e destacasse o que realmente vai mal? Pois, é. Mas Cavaco Silva não quer mostrar a miséria, porque não quer atrito com Sócrates. Cavaco troca essa missão pelas boas relações com o governo- do qual faz temporariamente parte. Troca os portugueses mais vulneráveis pela sua sobrevivência política. E ainda consegue dar uma imagem de grande empenho. Pimpão. Depois, quando os tempos forem outros, trocará as boas relações com o governo pelo uso dos problemas do país.
Este roteiro é um mapa do tesouro.
<< Home