Hipocrisia? Não, obrigado.
Para o vice-presidente da bancada do PSD, os projectos de lei do Bloco de Esquerda e do PS, no sentido de estabelecer quotas para as mulheres nas eleições à AR, são um “atestado de menoridade” e uma “indignidade” para as mulheres. Ai que preocupado com as mulheres que está Montalvão Machado. Acha as quotas uma ofensa e, é claro, corre afogueadamente, qual herói cavalheiresco, a apanhar o lencinho branco das damas indefesas e tísicas.
É bonito, sim senhor. Gostava de o ver com a mesma veemência a combater as gritantes desigualdades laborais que persistem, não obstante o facto do aumento da escolaridade ser muito mais rápido nas mulheres. Em Portugal, as mulheres ganham menos 25,5% e são mais atingidas pelo desemprego. Se a função laboral for a mesma, a diferença salarial é menor, mas existe. Além de que persiste também a dificuldade de acesso a determinadas profissões.
O senhor deputado Montalvão Machado bem que podia empregar a sua defesa dos direitos das mulheres a denunciar que a situação só tem vindo a piorar- nos últimos quatro anos aumentou o emprego precário entre nós- ou a propor medidas como as que têm sido desenvolvidas, quer para a esfera laboral, quer na actividade política, em países como Espanha, Reino Unido e França.
Mas não. Montalvão Machado pensa que a honra das donzelas é atacada com as quotas. Isso, sim, considera preocupante.
Já o facto de as mulheres portuguesas, em média, gastarem semanalmente 26 horas em trabalho doméstico, e os homens apenas sete, não parece inquietar este grande feminista. A diferença nos restantes países da Europa existe, também. Mas é quase três vezes menos.
Montalvão Machado também podia dedicar um pouco da sua magnanimidade a defender a participação das mulheres na ciência, já que 58% dos licenciados são mulheres, mas apenas 14% ocupam lugares de topo na carreira científica.
Enfim, causas, nesta domínio, não lhe faltariam. Mas o deputado acha que o tempo se encarregará de resolver a exploração, a discriminação e a injustiça. Até lá deve pretender ficar de braços cruzados, a pasmar com o tic-tac da vergonha, levantando a mão apenas para votar contra as quotas. Boa. Isso é que é dignificante para os homens. E um atestado de maioridade para o seu partido.
É bonito, sim senhor. Gostava de o ver com a mesma veemência a combater as gritantes desigualdades laborais que persistem, não obstante o facto do aumento da escolaridade ser muito mais rápido nas mulheres. Em Portugal, as mulheres ganham menos 25,5% e são mais atingidas pelo desemprego. Se a função laboral for a mesma, a diferença salarial é menor, mas existe. Além de que persiste também a dificuldade de acesso a determinadas profissões.
O senhor deputado Montalvão Machado bem que podia empregar a sua defesa dos direitos das mulheres a denunciar que a situação só tem vindo a piorar- nos últimos quatro anos aumentou o emprego precário entre nós- ou a propor medidas como as que têm sido desenvolvidas, quer para a esfera laboral, quer na actividade política, em países como Espanha, Reino Unido e França.
Mas não. Montalvão Machado pensa que a honra das donzelas é atacada com as quotas. Isso, sim, considera preocupante.
Já o facto de as mulheres portuguesas, em média, gastarem semanalmente 26 horas em trabalho doméstico, e os homens apenas sete, não parece inquietar este grande feminista. A diferença nos restantes países da Europa existe, também. Mas é quase três vezes menos.
Montalvão Machado também podia dedicar um pouco da sua magnanimidade a defender a participação das mulheres na ciência, já que 58% dos licenciados são mulheres, mas apenas 14% ocupam lugares de topo na carreira científica.
Enfim, causas, nesta domínio, não lhe faltariam. Mas o deputado acha que o tempo se encarregará de resolver a exploração, a discriminação e a injustiça. Até lá deve pretender ficar de braços cruzados, a pasmar com o tic-tac da vergonha, levantando a mão apenas para votar contra as quotas. Boa. Isso é que é dignificante para os homens. E um atestado de maioridade para o seu partido.
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