O cartoon da discórdia
A propósito de Maomés, cartoons e afins ...
A liberdade de expressão como é sabido, é um dos pilares de sustentação do «modus vivendi» Ocidental. Esta concepção pluralista do mundo e do lugar que o homem ocupa nele, como é igualmente sabido, parece ser dissonante com a concepção monólitica que o Islão tem do homem e do seu uso da palavra.
Este pequeno preâmbulo serve-me para saltar de imediato para duas pequenas observações pessoais:
1) O mundo Ocidental é diferente do mundo Islâmico. Obviamente o primeiro não se deve assumir como moralmente superior ao último, no entanto este (mundo Islâmico) não pode utilizar e intimidar ao mesmo tempo, o espaço público que lhe permite ter uma voz discordante (como aconteceu na Dinamarca). Há aqui uma contradição de termos, bastante interessante: "somos" contra a liberdade de expressão, no entanto usamo-la para mostrar que estamos descontentes com a mesma.
2) O Ocidente sabe o quão díficil é dissociar a questão da "liberdade de expressão" da questão da "liberdade de acção". Como observou John Stuart Mill no seu On Liberty (1859) será que um indivíduo tem o direito de poder gritar fogo no meio de um teatro cheio de pessoas? Ter esse direito até tem, agora também tem o dever de se responsabilizar pelo consequente efeito da sua acção. E é isso que parece estar a acontecer na Dinamarca neste momento ... estamos a tentar "apagar o fogo."
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