Criador de si próprio
São 400 anos sobre o seu nascimento.
Quando visitei a casa de Rembrandt, em Amesterdão, e embora a instalação não tenha ido completamente de encontro às minhas expectativas, gostei de descobrir o Rembrandt coleccionador, o Rembrandt água-forte e o Rembrandt introspectivo.
De todas as facetas da sua obra, a que mais aprecio é a longa colecção de auto-retratos, o sistemático e despretensioso escrutínio que faz de si próprio. Longe da fama, da glória e do retrato da beleza. Uma curiosidade, metamorfose, busca e expressão única na história da pintura, ainda que precedida por Dürer e, de certa forma, expandida por Van Gogh. O auto-retrato mudou muito, desde então e a representação de si é central na arte do séc. XX. No livro que acompanhou a exposição Narcisse Blessé (Paris, Passage de Retz, 2000] Jacqueline Frydman diz que « l´autoportrait, à l´aube du XXI siècle, demeure un leitmotiv pour l´artiste et une recherche de soi-même pour le regardeur « Olhar para os auto-retratos de Rembrandt é descobrir a conturbada história da sua vida, a sua perplexidade constante e a sua humildade. Mas é também perceber que não se tratou de acaso algum, nem sequer de um acto pragmático, resultante da disponibilidade imediata do modelo. O auto-retrato era um projecto artístico para Rembrandt, a representação da própria humanidade. Neste auto-retrato, poucos anos antes da sua morte, a imbricação da arte e da carne aparece num exacto recreio de luz, sem dúvida estudado de modo a que nenhum traço do tempo fosse subestimado. Não se incomoda com ser visto, oferece esse olhar com tranquilidade e sem qualquer pose. A viagem dessa luminosidade irrepreensível na diagonal e na vertical dirigem a atenção. Sem dúvida que Rembrandt sabia que “moi à cette heure et moi tantôt sommes bien deux »-(Montaigne]. Tudo bons pretextos para continuar o ART&rial.
Quando visitei a casa de Rembrandt, em Amesterdão, e embora a instalação não tenha ido completamente de encontro às minhas expectativas, gostei de descobrir o Rembrandt coleccionador, o Rembrandt água-forte e o Rembrandt introspectivo.
De todas as facetas da sua obra, a que mais aprecio é a longa colecção de auto-retratos, o sistemático e despretensioso escrutínio que faz de si próprio. Longe da fama, da glória e do retrato da beleza. Uma curiosidade, metamorfose, busca e expressão única na história da pintura, ainda que precedida por Dürer e, de certa forma, expandida por Van Gogh. O auto-retrato mudou muito, desde então e a representação de si é central na arte do séc. XX. No livro que acompanhou a exposição Narcisse Blessé (Paris, Passage de Retz, 2000] Jacqueline Frydman diz que « l´autoportrait, à l´aube du XXI siècle, demeure un leitmotiv pour l´artiste et une recherche de soi-même pour le regardeur « Olhar para os auto-retratos de Rembrandt é descobrir a conturbada história da sua vida, a sua perplexidade constante e a sua humildade. Mas é também perceber que não se tratou de acaso algum, nem sequer de um acto pragmático, resultante da disponibilidade imediata do modelo. O auto-retrato era um projecto artístico para Rembrandt, a representação da própria humanidade. Neste auto-retrato, poucos anos antes da sua morte, a imbricação da arte e da carne aparece num exacto recreio de luz, sem dúvida estudado de modo a que nenhum traço do tempo fosse subestimado. Não se incomoda com ser visto, oferece esse olhar com tranquilidade e sem qualquer pose. A viagem dessa luminosidade irrepreensível na diagonal e na vertical dirigem a atenção. Sem dúvida que Rembrandt sabia que “moi à cette heure et moi tantôt sommes bien deux »-(Montaigne]. Tudo bons pretextos para continuar o ART&rial.
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