Libertar para Condenar
Numa crónica no DN já tinha chamado a atenção para o problema do encerramento dos hospitais psiquiátricos. A “desinstitucionalização” dos doentes psiquiátricos parece exclusivamente assente na “racionalização de meios”, o que trará aumento significativo do número dos sem-abrigo, das encarcerações e entupimento das urgências psiquiátricas.
Ainda não tinha tido tempo para deixar alguns destaques da reportagem que o jornal Público (8/01/06) fez sobre esta matéria. Aqui ficam então, outras opiniões:
Rui Durval, director clínico do Hospital Miguel Bombarda, receia que se queriam fechar hospitais psiquiátricos só "para poupar dinheiro". Lurdes Santos, psiquiatra responsável pelo Hospital de dia do M. Bombarda refere que a retirada dos doentes leva tempo e salienta a necessidade de “acautelar cuidados para os doentes” residentes. José Caldas de Almeida, recém-chegado da direcção do Programa de Saúde Mental na OMS, afirma que “se está a discutir as coisas ao lado do que é importante (…) Extinguir por extinguir não resolve nada”. E acrescenta que não percebe a inexistência de “instituições alternativas. A criação de residências para doentes psiquiátricos sem família foi das poucas coisas que se fizeram bem nos últimos anos em Portugal. O problema é que se deixou isso só para as organizações não governamentais. O Estado aqui tem de assumir as suas responsabilidades”.
Caldas de Almeida também não deixa de apontar a responsabilidade que os Hospitais SA, onde os serviços de saúde mental foram “desapoiados ou mesmo impedidos de se desenvolverem”. O resultado é que alguém do Algarve ou do Alentejo tem que se deslocar a Lisboa se necessitar de internamento psiquiátrico.
Efectivamente, a forma como, aparentemente, o Governo está a conduzir este processo, é errada e altamente prejudicial para os doentes. Num país em que, como diz Caldas de Almeida, há “milhares de pessoas abandonadas, com problemas graves de saúde mental” e sem “conseguir contactar os serviços”. Um país em que a saúde mental e a psiquiatria têm serviços de fraca qualidade, fruto de desinvestimentos sucessivos.
Péssimo, especialmente tendo em conta que Portugal apresenta índices de problemas de saúde mental e vulnerabilidade entre os piores da Europa, de acordo com o estudo “Estado da Saúde Mental na União Europeia”.
Em suma, acabar, progressivamente, com os grandes hospitais psiquiátricos é positivo. Mas jamais pode ser feito sem uma série de medidas que o precedam:
Generalização do acesso aos cuidados de saúde mental;
Criação de serviços de psiquiatria especializados, de fácil acesso e com internamentos disponíveis (eventualmente nos hospitais gerais)
Implementação de medidas de apoio especiais para as famílias que recebem estes doentes (nomeadamente apoios financeiros)
Desenvolvimento de trabalho em rede e em parceria (Centros de Saúde, Segurança Social)
Criação de programas de apoio domiciliário;
Criação de pequenas residências;
Mas assim, lá se ia a poupança resultante do encerramento dos Hospitais Psiquiátricos…
Rui Durval, director clínico do Hospital Miguel Bombarda, receia que se queriam fechar hospitais psiquiátricos só "para poupar dinheiro". Lurdes Santos, psiquiatra responsável pelo Hospital de dia do M. Bombarda refere que a retirada dos doentes leva tempo e salienta a necessidade de “acautelar cuidados para os doentes” residentes. José Caldas de Almeida, recém-chegado da direcção do Programa de Saúde Mental na OMS, afirma que “se está a discutir as coisas ao lado do que é importante (…) Extinguir por extinguir não resolve nada”. E acrescenta que não percebe a inexistência de “instituições alternativas. A criação de residências para doentes psiquiátricos sem família foi das poucas coisas que se fizeram bem nos últimos anos em Portugal. O problema é que se deixou isso só para as organizações não governamentais. O Estado aqui tem de assumir as suas responsabilidades”.
Caldas de Almeida também não deixa de apontar a responsabilidade que os Hospitais SA, onde os serviços de saúde mental foram “desapoiados ou mesmo impedidos de se desenvolverem”. O resultado é que alguém do Algarve ou do Alentejo tem que se deslocar a Lisboa se necessitar de internamento psiquiátrico.
Efectivamente, a forma como, aparentemente, o Governo está a conduzir este processo, é errada e altamente prejudicial para os doentes. Num país em que, como diz Caldas de Almeida, há “milhares de pessoas abandonadas, com problemas graves de saúde mental” e sem “conseguir contactar os serviços”. Um país em que a saúde mental e a psiquiatria têm serviços de fraca qualidade, fruto de desinvestimentos sucessivos.
Péssimo, especialmente tendo em conta que Portugal apresenta índices de problemas de saúde mental e vulnerabilidade entre os piores da Europa, de acordo com o estudo “Estado da Saúde Mental na União Europeia”.
Em suma, acabar, progressivamente, com os grandes hospitais psiquiátricos é positivo. Mas jamais pode ser feito sem uma série de medidas que o precedam:
Generalização do acesso aos cuidados de saúde mental;
Criação de serviços de psiquiatria especializados, de fácil acesso e com internamentos disponíveis (eventualmente nos hospitais gerais)
Implementação de medidas de apoio especiais para as famílias que recebem estes doentes (nomeadamente apoios financeiros)
Desenvolvimento de trabalho em rede e em parceria (Centros de Saúde, Segurança Social)
Criação de programas de apoio domiciliário;
Criação de pequenas residências;
Mas assim, lá se ia a poupança resultante do encerramento dos Hospitais Psiquiátricos…
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