sábado, janeiro 07, 2006

Detalhes?

Independentemente das opiniões sobre as críticas que Soares dirigiu à comunicação social e particularmente à SIC, o dia de campanha de ontem ilustrou bem alguns "enviesamentos".
Quando cheguei a Lisboa, vinda do comício na Alfândega do Porto, vi na SIC Notícias o repórter a enfatizar o facto de Francisco Assis não ter estado presente e implicando, naturalmente, a falta do apoio do PS local.
De facto, há desfavorecimentos e benefícios na comunicação social que são mais ou menos subjectivos. Escolher as piores fotos e poses ou fazer planos apertados de salas cheias, dando a ideia de meia dúzia de pessoas, são exemplos de formas de prejudicar candidatos (Ainda há pouco, em conversa com um conhecido jornalista, ele me dizia que no seu tempo eram obrigados a fazer planos amplos e que dessem uma perspectiva do conjunto ao telespectador, fosse esse enquadramento vantajoso ou não para candidato). Outro exemplo: numas reportagens aparecem as notas menos simpáticas que os cidadãos fazem na rua, e noutras não.
De qualquer forma, há coisas mais ou menos subjectivas, como dizia. Contudo, acentuar o facto que determinada pessoa estava ausente, quando na verdade estava presente, não é subjectivo. É um dado concreto. Francisco Assis esteve no comício na Alfândega. Só não viu quem não quis ver.
Assis certamente que, quando tiver oportunidade, o esclarecerá.
Outro aspecto a sublinhar nas noticias que hoje deram conta das actividades de campanha de sexta-feira, diz respeito às observações que Soares fez com elementos do seu staff, pensando que o microfone estava desligado. O candidato comentou, como a SIC Notícias não deixou de mostrar até à exaustão, que o evento não estava como ele queria. Uma mera questão de organização. Uns queriam o jantar antes dos discursos, outros depois. Ora, reduzir o comício de ontem, com uma grande sala a abarrotar e uma intervenção de Soares cheia de força, a um fait divers, é curto. Além disso, levantam-se questões deontológicas neste tipo de jornalismo, quando se exibem, com pompa, as palavras de um candidato à presidência da república, dirigidas a um dos seus “operacionais”, sobre a organização de uma actividade, quando esse mesmo candidato estava convencido que o microfone estava em off, como, aliás, se nota nessas mesmas imagens.