A esquerda e o ambidextro
O deputado do PS bem que tentou esquivar-se à apreciação do governo (os seus reparos, ultimamente, tal como o voto-não-voto, são sempre velados) atirando generalidades como o presidente enquanto garante de “governabilidade e estabilidade”. Foi engraçado ver Alegre a ser confrontado pelo jornalista com um “Mas isso não é uma resposta formal” e retorquir com “Não, não é. É a resposta que se deve dar”. Pois…
Seja como for, desde o início Louçã colou-o às suas contradições, nomeadamente ao silêncio de Alegre em relação ao aumento do IVA e à votação do orçamento rectificativo. E aqui Alegre mostrou irritação.
O mesmo em relação à UE. Alegre foi o primeiro a responder, falando do seu “pacto económico e social”, enviando algumas supostas farpas à UE e claramente tentando embaraçar Louçã com a definição de “que projecto europeu”. Mas o Bloco não é o PC. O que funcionou no debate Soares-Jerónimo, aqui não colheu. Louçã colocou-se na sua linha de “europeísta de esquerda” e, com um golpe rápido, atirou Alegre ao chão. Há pactos que nem podemos escolher e, quando foi feita a alteração ao artigo oitavo, dando larga margem à UE para definir as políticas económicas, Alegre não votou contra.
Nas questões sobre a ocupação partidária de lugares de nomeação política, Alegre foi vago. E quando a coisa aperta, lá vem o inevitável recurso à moralização. Sobre Oliveira Martins, “A, B ou C”, como disse, não comenta. Mas insistiu que tem que haver decência na política, claro. Alegre ainda não reparou que a retórica moralizadora capta os votos de descontentamento até a um certo ponto. Quando é a doer, vira feitiço contra feiticeiro.
Neste ponto Louçã foi mais claro e concreto. Nomeou a Caixa Geral de Depósitos e, outra vez, lembrou a importância da tomada de posições políticas nos momentos certos.
Quando, já no final da primeira parte, surgiu a questão do Alberto João, Louçã estava em terreno delicado. Mesmo assim aguentou-se bem. Mas as dificuldades de Louçã dissiparam-se quando Alegre cometeu suicídio. E fê-lo dizendo duas coisas espantosas. Primeiro que o problema é que Alberto João (ou outro qualquer) poderia voltar a candidatar-se, ganhando. E isso criaria um problema ao Presidente. Como se fosse esse o problema!
Não satisfeito, atirou-se ao rio, alegando que, dissolvendo-se a assembleia o “demitido” não deveria poder voltar a candidatar-se. Lindo. Louçã logo esclareceu que ninguém deve ser impedido de se candidatar na sequência de uma decisão política. Disse que a opinião de Alegre estava errada. Este reconheceu.
A segunda parte começou com as habituais tibiezas de Alegre. Deve ou não o mandato de 6 anos do Procurador Geral da República ser alterado? Não responde. Substituiria ou não o actual? Não responde. Mesmo quando a jornalista o relembra que essa será uma questão para o próximo presidente, Alegre hesita, debita um “pois…” e repete apenas que considera a sua prestação negativa.
Quanto à Pátria, a ladainha do costume. Numa declamação em posse teatralmente discutível, lá vem a dita cheia de sílabas tónicas. E aí vai disto, Evaristo. Para Alegre é a resposta dos povos à globalização. Para Louçã a sua pátria é a globalização outra. Quanto à evocação que Alegre faz, sistematicamente, de Bernardo Soares já não há pachorra. E, já agora, é bom relembrar o seu enquadramento: “Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente”.
Seja como for, desde o início Louçã colou-o às suas contradições, nomeadamente ao silêncio de Alegre em relação ao aumento do IVA e à votação do orçamento rectificativo. E aqui Alegre mostrou irritação.
O mesmo em relação à UE. Alegre foi o primeiro a responder, falando do seu “pacto económico e social”, enviando algumas supostas farpas à UE e claramente tentando embaraçar Louçã com a definição de “que projecto europeu”. Mas o Bloco não é o PC. O que funcionou no debate Soares-Jerónimo, aqui não colheu. Louçã colocou-se na sua linha de “europeísta de esquerda” e, com um golpe rápido, atirou Alegre ao chão. Há pactos que nem podemos escolher e, quando foi feita a alteração ao artigo oitavo, dando larga margem à UE para definir as políticas económicas, Alegre não votou contra.
Nas questões sobre a ocupação partidária de lugares de nomeação política, Alegre foi vago. E quando a coisa aperta, lá vem o inevitável recurso à moralização. Sobre Oliveira Martins, “A, B ou C”, como disse, não comenta. Mas insistiu que tem que haver decência na política, claro. Alegre ainda não reparou que a retórica moralizadora capta os votos de descontentamento até a um certo ponto. Quando é a doer, vira feitiço contra feiticeiro.
Neste ponto Louçã foi mais claro e concreto. Nomeou a Caixa Geral de Depósitos e, outra vez, lembrou a importância da tomada de posições políticas nos momentos certos.
Quando, já no final da primeira parte, surgiu a questão do Alberto João, Louçã estava em terreno delicado. Mesmo assim aguentou-se bem. Mas as dificuldades de Louçã dissiparam-se quando Alegre cometeu suicídio. E fê-lo dizendo duas coisas espantosas. Primeiro que o problema é que Alberto João (ou outro qualquer) poderia voltar a candidatar-se, ganhando. E isso criaria um problema ao Presidente. Como se fosse esse o problema!
Não satisfeito, atirou-se ao rio, alegando que, dissolvendo-se a assembleia o “demitido” não deveria poder voltar a candidatar-se. Lindo. Louçã logo esclareceu que ninguém deve ser impedido de se candidatar na sequência de uma decisão política. Disse que a opinião de Alegre estava errada. Este reconheceu.
A segunda parte começou com as habituais tibiezas de Alegre. Deve ou não o mandato de 6 anos do Procurador Geral da República ser alterado? Não responde. Substituiria ou não o actual? Não responde. Mesmo quando a jornalista o relembra que essa será uma questão para o próximo presidente, Alegre hesita, debita um “pois…” e repete apenas que considera a sua prestação negativa.
Quanto à Pátria, a ladainha do costume. Numa declamação em posse teatralmente discutível, lá vem a dita cheia de sílabas tónicas. E aí vai disto, Evaristo. Para Alegre é a resposta dos povos à globalização. Para Louçã a sua pátria é a globalização outra. Quanto à evocação que Alegre faz, sistematicamente, de Bernardo Soares já não há pachorra. E, já agora, é bom relembrar o seu enquadramento: “Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente”.
Etc, que isto já vai longo.
Alegre não é um voto de descontentamento como, aliás, reconheceu. Mas também não é um voto de mudança, como pretende. É um voto de protagonismo. Pronto. Agora que já teve uma dose suplementar, importa-se de estudar mais um bocadinho?
Alegre não é um voto de descontentamento como, aliás, reconheceu. Mas também não é um voto de mudança, como pretende. É um voto de protagonismo. Pronto. Agora que já teve uma dose suplementar, importa-se de estudar mais um bocadinho?
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