Soares Interactivo I
Mário Soares acabou de dar uma excelente entrevista à TVi. Sem medo do confronto, de perguntas e de exposição. Sem silêncio. Porque como ele próprio disse, há que esclarecer os eleitores. Saber ao que cada um vem. A democracia assim o exige.
Soares respondeu às questões mais notórias desta campanha. Assume a sua idade. Sem preconceito. A idade que todos atacam, porque outros argumentos não têm. Soares podia ter continuado no seu posto intocável, como “pai da pátria”. Podia ter continuado com a popularidade, o sossego e o consenso de que gozava. Preferiu avançar. Não é um vivo embalsamado. É um homem de ideias e de coragem. Que corre riscos, que vai à luta e que defende aquilo em que acredita.
Quanto aos apoios partidários, espero que o tema fique esclarecido de vez. Soares tem o apoio do PS. Mas tem também um apoio muito alargado da sociedade portuguesa e dos quadrantes mais diversos, como se vê na sua Comissão de Honra. Do desporto à cultura. Da economia à ciência. E nenhum destes é do PS.
Cavaco, por mais que tente enganar, tem o apoio do PSD. Bem que pode fazer gestos pseudo simbólicos da entrega do cartão. Dirigiu o PSD, tem o PSD do seu lado. E nem o PSD teria outro candidato. Se Cavaco não avançasse, quem tinha a direita para apresentar? Mas mais: ao contrário de Soares, Cavaco está preso nessa redoma partidária. E dentro dela, o círculo dos economistas é quem mais ordena. É assim a sua comissão de honra, é assim a sua visão do país, foi assim o seu governo de Portugal e assim continuará.
Cavaco não tem perfil para ser Presidente da República. Ao contrário de Soares, é curto o seu raio de acção e de entendimento.
Soares mostrou bem ao longo da entrevista conduzida por Constança Cunha e Sá que não nega que inicialmente afirmou que não se candidataria. E explicou porque depois mudou de opinião. A conjuntura internacional, europeia e nacional mudaram. E Soares, como sempre, não se ficou.
Postura bem diversa da de Cavaco Silva, que há anos que prepara a sua candidatura em silêncio, com régua e esquadro mas mantendo mistérios. Soares é assim: primeiro pensou que não deveria avançar e disse-o com clareza. Disse o que pensava. Entretanto escutou os apelos que lhe foram dirigidos. Pesou as mudanças em curso. Teve a sensibilidade para estar atento às circunstâncias e suas consequências. Quando mudou de opinião também teve a frontalidade de o anunciar, explicando-se sem meias-tintas.
Portugal não pode eleger um Presidente que está sempre calado. E que, calado, toma as decisões, prepara a sua execução e planeia os seus resultados, dando a conhecer aos portugueses as suas intenções quando tudo está concluído. Sem escutar, sem confronto, sem esclarecimentos. Ainda para mais quando pode haver tentações como a de reforçar os poderes presidenciais ou de passar a círculos uninominais, por exemplo. Portugal dispensa um presidente-sombra. Portugal precisa de um Presidente Interactivo.
Soares respondeu às questões mais notórias desta campanha. Assume a sua idade. Sem preconceito. A idade que todos atacam, porque outros argumentos não têm. Soares podia ter continuado no seu posto intocável, como “pai da pátria”. Podia ter continuado com a popularidade, o sossego e o consenso de que gozava. Preferiu avançar. Não é um vivo embalsamado. É um homem de ideias e de coragem. Que corre riscos, que vai à luta e que defende aquilo em que acredita.
Quanto aos apoios partidários, espero que o tema fique esclarecido de vez. Soares tem o apoio do PS. Mas tem também um apoio muito alargado da sociedade portuguesa e dos quadrantes mais diversos, como se vê na sua Comissão de Honra. Do desporto à cultura. Da economia à ciência. E nenhum destes é do PS.
Cavaco, por mais que tente enganar, tem o apoio do PSD. Bem que pode fazer gestos pseudo simbólicos da entrega do cartão. Dirigiu o PSD, tem o PSD do seu lado. E nem o PSD teria outro candidato. Se Cavaco não avançasse, quem tinha a direita para apresentar? Mas mais: ao contrário de Soares, Cavaco está preso nessa redoma partidária. E dentro dela, o círculo dos economistas é quem mais ordena. É assim a sua comissão de honra, é assim a sua visão do país, foi assim o seu governo de Portugal e assim continuará.
Cavaco não tem perfil para ser Presidente da República. Ao contrário de Soares, é curto o seu raio de acção e de entendimento.
Soares mostrou bem ao longo da entrevista conduzida por Constança Cunha e Sá que não nega que inicialmente afirmou que não se candidataria. E explicou porque depois mudou de opinião. A conjuntura internacional, europeia e nacional mudaram. E Soares, como sempre, não se ficou.
Postura bem diversa da de Cavaco Silva, que há anos que prepara a sua candidatura em silêncio, com régua e esquadro mas mantendo mistérios. Soares é assim: primeiro pensou que não deveria avançar e disse-o com clareza. Disse o que pensava. Entretanto escutou os apelos que lhe foram dirigidos. Pesou as mudanças em curso. Teve a sensibilidade para estar atento às circunstâncias e suas consequências. Quando mudou de opinião também teve a frontalidade de o anunciar, explicando-se sem meias-tintas.
Portugal não pode eleger um Presidente que está sempre calado. E que, calado, toma as decisões, prepara a sua execução e planeia os seus resultados, dando a conhecer aos portugueses as suas intenções quando tudo está concluído. Sem escutar, sem confronto, sem esclarecimentos. Ainda para mais quando pode haver tentações como a de reforçar os poderes presidenciais ou de passar a círculos uninominais, por exemplo. Portugal dispensa um presidente-sombra. Portugal precisa de um Presidente Interactivo.
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