O povo é sereno...
Vem aí mais uma eleição presidencial. A minha opção de cidadania não é tabu: votarei em Mário Soares, mas não prescindo, na minha qualidade de jornalista e comentador político, de dizer o que muito bem entender.Não tenho deveres de militância e prezo muito a minha independência de espírito.
Gostaria, sobretudo, que esta eleição fosse um sintoma de maturidade da democracia portuguesa, um desiderato que já foi alcançado na escolha de deputados e de autarcas. Estou, por sinal, convencido de que as candidaturas que procurarem remeter a escolha do próximo Presidente da República para um problema de regime correm o risco de esbarrar num muro de credibilidade que a opinião pública, na sua esmagadora maioria, não aceitará.
Aguardemos os debates, as mensagens dos candidatos e desdramatize-se o que deve ser encarado como uma escolha - importante, sem dúvida - de uma sociedade que não está à beira do colapso. O sistema político está construído com um conjunto de poderes e contra-poderes que tem evidenciado um equilíbrio decisivo em conjunturas de maior crise. Não há, em minha opinião, motivos suficientes para pôr em causa o semi-presidencialismo resultante da sábia revisão de 1982. Nem me parece que isso passe pelas intenções dos candidatos mais credíveis que já estão no terrreno.
Percebo os arroubos de entusiasmo de quem agora se vê na primeira linha de uma militância porventura inesperada, mas convém não perder de vista o arquétipo onde se movem e irão mover os sujeitos que farão as circunstâncias.
<< Home