Mind the Gap
A posição de Bush. O Erro:
We are fighting these terrorists with our military in Afghanistan and Iraq and beyond so we do not have to face them in the streets of our own cities.
É a estratégia conhecida como flypaper theory. Para além de no Iraque não existirem ADM, o Iraque tornou-se num covil de terrorismo e recrutamento de terroristas. O número diário de ataques por insurgentes em Fevereiro deste ano era 70. No mesmo mês de 2004 eram 14.
We are fighting these terrorists with our military in Afghanistan and Iraq and beyond so we do not have to face them in the streets of our own cities.
É a estratégia conhecida como flypaper theory. Para além de no Iraque não existirem ADM, o Iraque tornou-se num covil de terrorismo e recrutamento de terroristas. O número diário de ataques por insurgentes em Fevereiro deste ano era 70. No mesmo mês de 2004 eram 14.
E a guerra não tem tornado o mundo ocidental mais seguro, antes pelo contrário. Este inominável ataque a Londres desmente totalmente a ideia de que a Al-Qaeda já não está apta a montar um ataque coordenado e de grandes dimensões. É evidente que o terrorismo não foi criado pela guerra no Iraque. Aliás, se há países europeus que conhecem outros terrorismos é o Reino Unido e a Espanha. O terrorismo islâmico não foi criado pela guerra no Iraque mas foi, indubitavelmente, alimentado por ela. Este gráfico da BTC news, permite a constatação.
Os ataques terroristas tiveram o seu ponto mais baixo em 2000.
Os ataques terroristas triplicaram em 2004. Em 2005 esse número aumentou ainda mais.
No Público de hoje pode também ler-se: “A 31 de Maio, o juiz francês Jean Louis Bruguière, especializado em terrorismo, declarava à BBC que “a actual Al-Qaeda fragmentada” é uma ameaça maior do que antes. Está a recrutar jovens muçulmanos radicalizados pela guerra
do Iraque (…) O MI5 — responsável pelo contraterrorismo — tem manifestado preocupação pela radicalização de jovens muçulmanos e pela partida de muitos para o Iraque onde se vão integrar na guerrilha, escreve o analista militar do Guardian, Richard Norton-Taylor. (…) Um relatório de Departamento de Estado americano, de fins de Fevereiro, traça um panorama pessimista. O número de atentados terroristas passou de 175 em 2003 para 655 em 2004. “O ano de 2003 foi mau e 2004 é pior”, escreveu Larry Johnson, antigo responsável do combate ao terrorismo. “Ao contrário do que a Administração [Bush] dá entender, estes números têm uma importância considerável. Mostram que a jiahd não está em recuo, mesmo se a Al-Qaeda está
enfraquecida.” É preocupante a “difusão da sua ideologia”. A ocupação do Iraque e a opção americana pela linha militar no combate ao terrorismo terão um papel importante nesta deterioração. “
Na verdade, ontem perdemos mais um bocadinho de liberdade. A Economist chamava-lhe o dilema entra a segurança e a liberdade. Mas não há dilema nenhum, apenas uma escalada lenta e progressiva. As leis anti-terrotistas, o Patriot Act, os Bilhetes de Identidade Compulsivos, as largas margens de actuação concedidas ao FBI, Guantánamo, são sintomas. Não há dilema. Houve uma escolha e a foi errada. Para além do mais, a tensão entre muçulmanos não radicais e europeus/americanos, vai num crescendo. Cada vez mais, e não obstante o facto destes muçulmanos serem um alvo tanto como os londrinos ou os nova-iorquinos*, há uma suspeita. Cada muçulmano torna-se num suspeito e é olhado com desconfiança.
No Público de hoje pode também ler-se: “A 31 de Maio, o juiz francês Jean Louis Bruguière, especializado em terrorismo, declarava à BBC que “a actual Al-Qaeda fragmentada” é uma ameaça maior do que antes. Está a recrutar jovens muçulmanos radicalizados pela guerra
do Iraque (…) O MI5 — responsável pelo contraterrorismo — tem manifestado preocupação pela radicalização de jovens muçulmanos e pela partida de muitos para o Iraque onde se vão integrar na guerrilha, escreve o analista militar do Guardian, Richard Norton-Taylor. (…) Um relatório de Departamento de Estado americano, de fins de Fevereiro, traça um panorama pessimista. O número de atentados terroristas passou de 175 em 2003 para 655 em 2004. “O ano de 2003 foi mau e 2004 é pior”, escreveu Larry Johnson, antigo responsável do combate ao terrorismo. “Ao contrário do que a Administração [Bush] dá entender, estes números têm uma importância considerável. Mostram que a jiahd não está em recuo, mesmo se a Al-Qaeda está
enfraquecida.” É preocupante a “difusão da sua ideologia”. A ocupação do Iraque e a opção americana pela linha militar no combate ao terrorismo terão um papel importante nesta deterioração. “
Na verdade, ontem perdemos mais um bocadinho de liberdade. A Economist chamava-lhe o dilema entra a segurança e a liberdade. Mas não há dilema nenhum, apenas uma escalada lenta e progressiva. As leis anti-terrotistas, o Patriot Act, os Bilhetes de Identidade Compulsivos, as largas margens de actuação concedidas ao FBI, Guantánamo, são sintomas. Não há dilema. Houve uma escolha e a foi errada. Para além do mais, a tensão entre muçulmanos não radicais e europeus/americanos, vai num crescendo. Cada vez mais, e não obstante o facto destes muçulmanos serem um alvo tanto como os londrinos ou os nova-iorquinos*, há uma suspeita. Cada muçulmano torna-se num suspeito e é olhado com desconfiança.
Das muitas conversas que tenho tido com muçulmanos nos EUA, uma coisa ressalta: ou já cá nasceram ou vivem aqui há 10, 20, 30 anos, mas nunca se sentiram tão mal. Os seus filhos nasceram aqui. Sempre se sentiram razoavelmente bem recebidos e integrados. Trabalham e pagam impostos. Depois do 11 de Setembro, passaram a ser “especialmente” revistados nos aeroportos, sujeitos a interrogatórios policiais sem motivo que tivesse sido apresentado. Os seus filhos começaram a ter tratamento diferente nas escolas. Por outras crianças. Muitos não sonham em regressar aos seus países. A sua pátria é aqui. Mas custa. Numa conversa que tive com um árabe, com cidadania americana, residente em Chicago há 32 anos, ele dizia qualquer coisa deste género: “Você é mulher e branca. É europeia. Eu sou homem e muçulmano. Deixei o país onde nasci há mais de 30 anos. Depois do 11 de Setembro tornei-me lixo. Você nunca compreenderá como é ser todos os dias olhado de soslaio no metro, a caminho do trabalho. Ou ser revistado numa sala especial do aeroporto, com toda a gente a olhar. Ou o seu filho chegar a casa lavado em lágrimas porque os o chamaram de assassino. Depois do 11 de Setembro deixei de ser cidadão. Os meus direitos são teóricos. Não tenho país.”
Aliás, hoje os mulçumanos londrinos já começaram a ser alvo de ataques.
É, como diz T. Friedman no NYT desta sexta-feira, o sonho de Bin Laden concretizado: a criação de uma fenda entre o mundo mulçumano e ocidental.
E é esta a Al-Qaeda que temos agora: fragmentada e espalhada, como as metástases de um cancro. A quem podemos "responder" agora? Como responder a estes ataques se não há um centro? Enfim….onde está Bin Laden? Onde estão os campos de treino dos terroristas?
Enquanto o Ocidente não perceber que só com o mundo muçulmano do seu lado poderá combater os radicais muçulmanos, estes ataques repetir-se-ão. E provavelmente com progressiva maior frequência.
É, como diz T. Friedman no NYT desta sexta-feira, o sonho de Bin Laden concretizado: a criação de uma fenda entre o mundo mulçumano e ocidental.
E é esta a Al-Qaeda que temos agora: fragmentada e espalhada, como as metástases de um cancro. A quem podemos "responder" agora? Como responder a estes ataques se não há um centro? Enfim….onde está Bin Laden? Onde estão os campos de treino dos terroristas?
Enquanto o Ocidente não perceber que só com o mundo muçulmano do seu lado poderá combater os radicais muçulmanos, estes ataques repetir-se-ão. E provavelmente com progressiva maior frequência.
* Entre os ataques de ontem houve o ataque a Edgware Road station, no coração da londres árabe, até conhecida como Little Lebanon.
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