sábado, julho 16, 2005

BOMBA NO PÉ

A ABC e outros media estão a divulgar que os ataques a Londres fazem parte de uma operação planeada pela Al-Qaeda desde há dois anos, no Paquistão.
No âmbito do desmantelamento dessa mesma operação, a 13 de Julho de 2004, as autoridades paquistanesas capturaram um líder da Al-Qaeda, Mohammed Naeem Noor Khan, tendo encontrado no seu computador planos para atacar o metro de Londres. Depois de ter sido detido, Khan passou a ser um importante espião no contra-terrorismo, levando à prisão de vários membros da Al-Qaeda baseados em Luton, uma cidade inglesa particularmente complicada neste aspecto e donde eram provenientes os terroristas responsáveis pelas bombas da passada semana.
Outros membros da Al-Qaeda desconheceriam a sua detenção e Khan comunicava com eles por e-mail, recebendo importantíssimas informações que, naturalmente, eram usadas pelos serviços secretos paquistaneses, ingleses e norte-americanos.
Contudo, na Convenção Democrata do ano passado, a administração Bush decidiu elevar o nível de alerta, porque haveriam planos de ataques a alvos americanos. Se pretendia ter uma justificação para tal, ou apenas queria alertar as pessoas, a verdade é que essa subida do nível de alerta levou à fuga de informação do nome de Khan. Os media divulgaram a história, os pormenores do computador e da sua detenção. Evidentemente que, nesta altura, os extremistas traídos por Khan souberam que ele era um espião. Khan, extremamente útil até então, deixou de o ser.
A polícia inglesa tentou então capturar rapidamente os suspeitos receando que, contudo, alguns (sabendo da duplicidade de Khan) já tivessem fugido, mudando subitamente de esconderijo e de planos. Sabia-se que esta célula planeava o ataque ao metro de Londres, e a esperança era de que, não obstante a desmazelada fuga de informação, que este tivesse sido evitado.
Na altura, a negligência enfureceu os serviços secretos paquistaneses e britânicos, ambos apontando para a responsabilidade americana, como aliás, inicialmente C. Rice admitiu sem reservas.
“Now British and Pakistani intelligence officials are furious with the Americans for unmasking their super spy - apparently to justify the orange alert - and for naming the other captured terrorist suspects.”
As críticas a esta fuga de informação também tiveram voz nos EUA.

Quer isto dizer que é possível que, se não tivesse havido esta imprudência de Bush, os ataques a Londres poderiam ter sido evitados;
Que outros importantes líderes da Al-Qaeda poderiam ter sido capturados;
Resta saber se esta importante fonte, foi destruída por Bush, por puro desleixo ou intencionalmente, por ganhos políticos.

Antes de deixarem comentários, sugiro que leiam os links. Para não ser uma discussão de factos, mas sim de opiniões.