Balofo
Nos EUA ontem o dia ficou marcado pela “Comunicação à Nação” feita por Bush, e hoje não se falará de outra coisa. O presidente norte-americano tem os níveis mais baixos de popularidade no segundo mandato do que qualquer um dos últimos presidentes, e enfrenta uma oposição à guerra cada vez maior e já maioritária. Assim, pretendia com esta comunicação aproximar-se dos americanos e sossegar alguns ânimos. A expectativa era grande e esperava-se a apresentação de nova estratégia, de uma estratégia para o Iraque. Não conseguiu e o resultado foi o de reavivar a discussão sobre a guerra e receber um pálido aplauso no final.
Podem ler o discurso completo aqui e um exame “ponto a ponto” no Think Progress. O Think Progress e o Ezra Klein também incluem uma análise à Carlos Magno : )
Análise do Discurso de Bush por números
Referências ao 11 de Setembro: 5
Referências a Terror: 5
Referências a Terrorismo: 22
Referências a Armas de Destruição Massiva: 0
Referências a livre: 10
Referências a Liberdade: 21
Referências a Estratégias de Saída do Iraque: 0
Referências a Saddam Hussein: 2
Referências a Osama Bin Laden: 2
Referências a Erro: 1 (determinar um prazo de saída do Iraque)
Referências a Missão: 11
Referências a Missão Cumprida: 0
O maior fracasso deste discurso de Bush são as suas flagrantes inconsistências que, se resultaram quando a natural reacção emocional ao 11 de Setembro estava ainda muito viva, despertam imediata desconfiança e desqualificação, mesmo entre americanos conservadores e como mostram recentes sondagens. Basicamente, Bush fez uma reedição dos discursos dos últimos três anos, com nada de novo e muito do mesmo. E passando a ideia de que “agora que já lá estamos…”. Algumas contradições (chamem-lhe o que quiserem) estão aqui:
1) A invocação do 11 de Setembro e a insistência na ligação da guerra no Iraque com esta data- a comissão do 11 de Setembro concluiu que não existia nenhuma ligação entre Saddam e a al-Qaeda.
2) Implicar que a guerra no Iraque acabará com o terrorismo, quando é a própria CIA que reporta que o Iraque tem tornado numa escola de terroristas
3) Dizer que se têm feito progressos significativos no Iraque, quando na verdade os números dos ataques bombistas continua a subir e é o próprio Rumsfeld que admite que a insurgência pode continuar durante 10 ou 12 anos e, consequentemente, a guerra também.
4) Não apresentar qualquer estratégia nova para encontrar uma saída ou solução, para um problema que se agrava de dia para dia.
5) Dizer que se não manda mais tropas para o Iraque porque não foram pedidas, quando, para além dos repetidos pedidos, têm havido dificuldades graves no recrutamento que leva, inclusivamente, à construção de bases de dados de alunos do liceu, sem qualquer ética, com o propósito de garantir soldados suficientes.
6) Dizer que não se mandam mais tropas para o Iraque porque os Iraquianos têm que aprender a imporem-se por si próprios e que, além disso, podia mandar a mensagem de que a ocupação era permanente - só pode ser gozo.
7) Insistir que os insurgentes no Iraque são “terroristas de exportação”, quando se sabe que grande parte destes homens e mulheres são iraquianos. Caso contrário para que estaria a própria administração Bush a negociar com os sunitas?
8) Implicar que a resistência é terrorismo de exportação nega também a própria natureza destes ataques, resultado da própria ocupação americana e muitas vezes perpetuados por homens e mulheres com altos níveis de educação formal, socialmente integrados e não motivados por questões religiosas.
Referências ao 11 de Setembro: 5
Referências a Terror: 5
Referências a Terrorismo: 22
Referências a Armas de Destruição Massiva: 0
Referências a livre: 10
Referências a Liberdade: 21
Referências a Estratégias de Saída do Iraque: 0
Referências a Saddam Hussein: 2
Referências a Osama Bin Laden: 2
Referências a Erro: 1 (determinar um prazo de saída do Iraque)
Referências a Missão: 11
Referências a Missão Cumprida: 0
O maior fracasso deste discurso de Bush são as suas flagrantes inconsistências que, se resultaram quando a natural reacção emocional ao 11 de Setembro estava ainda muito viva, despertam imediata desconfiança e desqualificação, mesmo entre americanos conservadores e como mostram recentes sondagens. Basicamente, Bush fez uma reedição dos discursos dos últimos três anos, com nada de novo e muito do mesmo. E passando a ideia de que “agora que já lá estamos…”. Algumas contradições (chamem-lhe o que quiserem) estão aqui:
1) A invocação do 11 de Setembro e a insistência na ligação da guerra no Iraque com esta data- a comissão do 11 de Setembro concluiu que não existia nenhuma ligação entre Saddam e a al-Qaeda.
2) Implicar que a guerra no Iraque acabará com o terrorismo, quando é a própria CIA que reporta que o Iraque tem tornado numa escola de terroristas
3) Dizer que se têm feito progressos significativos no Iraque, quando na verdade os números dos ataques bombistas continua a subir e é o próprio Rumsfeld que admite que a insurgência pode continuar durante 10 ou 12 anos e, consequentemente, a guerra também.
4) Não apresentar qualquer estratégia nova para encontrar uma saída ou solução, para um problema que se agrava de dia para dia.
5) Dizer que se não manda mais tropas para o Iraque porque não foram pedidas, quando, para além dos repetidos pedidos, têm havido dificuldades graves no recrutamento que leva, inclusivamente, à construção de bases de dados de alunos do liceu, sem qualquer ética, com o propósito de garantir soldados suficientes.
6) Dizer que não se mandam mais tropas para o Iraque porque os Iraquianos têm que aprender a imporem-se por si próprios e que, além disso, podia mandar a mensagem de que a ocupação era permanente - só pode ser gozo.
7) Insistir que os insurgentes no Iraque são “terroristas de exportação”, quando se sabe que grande parte destes homens e mulheres são iraquianos. Caso contrário para que estaria a própria administração Bush a negociar com os sunitas?
8) Implicar que a resistência é terrorismo de exportação nega também a própria natureza destes ataques, resultado da própria ocupação americana e muitas vezes perpetuados por homens e mulheres com altos níveis de educação formal, socialmente integrados e não motivados por questões religiosas.
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